O grupo de WhatsApp “Pensando Bem”, do qual tenho honra de fazer parte, é uma verdadeira academia, um seleto grupo de intelectuais, professores, pensadores, jornalistas e historiadores. O PB é uma bancada na qual o contraditório se faz presente, sempre de forma civilizada e tolerante, é um verdadeiro caldeirão de pensamentos que prendem os participantes quando postos em debate.

Temos gente de Conquista, Salvador, Brasília e Aracajú, e o nosso convidado hoje a colaborar com o nosso blog é o sergipano Milton Filho, uma ilustre figura, uma cabeça pensante, de uma natureza generosa, sempre disposto a nos proporcionar um momento de esperança, mesmo nesses tempos difíceis que vivemos.

Sobre os acontecimentos de ontem em Brasília, Milton nos oferece um texto que vale a nossa leitura e reflexão:

“Um levante social caótico ou não, vem de diversas origens: repressão demasiada( leve ou razoável nós aceitamos e, o que é leve, razoável ou pesada, depende da sensibilidade  do indivíduo ou do coletivo), indignação diante dos fatos existentes ou não, organizados e propagados pela mídia, indignação impulsionada pela fome, a manipulação ostensiva e criminosa..etc.

No afã de arregimentar aprovação das nossas opiniões, tomamos veneno até do nosso opositor, sem nenhum pensamento crítico, sem nenhuma análise do contexto que nos cerca. Somos tomados de assalto pelo contexto, mas muito mais por nossa incompetência do que pelo próprio “inimigo”.

Interpretamos de acordo com nossas conscientes ou inconscientes conveniências, de acordo com a hipnose proposta, mas, sempre em relação às nossas conveniências, nossas mazelas traumáticas bem infantis.

Todos aqui, percebi, tem muito em comum, por exemplo, uma legítima ogeriza em relação a essa criminosa rede de televisão, a Globo.

Esquerda ou direita, alienado ou não, gente boa ou não, inteligente ou não, por motivos profundos ou não.

No entanto, mesmo tendo essa certeza unânime, qual seja, a de que essa TV é extremamente manipuladora, criminosa e ainda mais mafiosa, com tudo isso, ainda a usamos para nos informar ou usamos como base argumentativa as mais tolas e ingênuas.

Essa TV ataca a democracia de um modo insistente desde sua criação. Já foi demonstrado, através de documentos vários os seus muitos crimes, suas incongruências, seus variados vexames. É de vomitar quando nos damos conta dos seus produtos, porque vendem o pútrido em quase todos os momentos.

Observando essas duas invasões, a do MST a anos atrás e esta, adianto que as duas são equivocadas, mas, observando essas duas invasões, pergunto:

Qual a origem do levante, o nível do levante, qual o motivo, quem patrocinou, o que levou ao desespero dessa gente?…

A análise, se for profunda e sincera, vai levar a equações diferentes, a conclusões diferentes e, repito, equivocadas.

À parte tudo isso, posso dizer, estamos sendo manipulados como crianças e isso é tão óbvio que chega a doer os fios do cabelo.

O momento é crítico, é grave e não estou falando desse momento isolado(invasão da esplanada), estou falando do momento planetário, seja Vc espiritualista ou materialista, há uma percepção óbvia e severa de que esse momento é extremamente delicado.

Estamos à beira ou, melhor, estamos mudando, atravessando uma tempestade onde muitos irão sucumbir de diversas formas, física, espiritual, psicológica, emocional. Uma perda de juízo generalizada onde poucos irão suportar a pressão e, já nesse momento, poucos estão suportando. Eu mesmo, às vezes, suponho, não irei suportar. Competência é produto caro e eu não investi muito, lamentavelmente.

Justificar essa violência ou outras violências, passar pano, como diz a gíria, é de um constrangimento ímpar.

Estamos vivendo um desmonte, uma desconstrução, misturado a uma série de crimes de manipulação e corrupções, e, roubos e mortes..enfim… o menu é vasto.

Um teste para quem visualiza as cenas de violência é conseguir manter a frequência no nível do equilíbrio mental e emocional, sem cair nos pântanos dos desejos mal sãs.

Desejar a morte de fulano ou beltrano, por exemplo e..etc…

É urgente a união de pessoas que pensam na faixa da compaixão, da solidariedade, do amor ao próximo porque, nitidamente nossa sociedade está doente e, para o doente necessário é a boa terapêutica para curá-lo.

Penso assim, embora não haja nenhuma importância para ninguém o que penso(ninguém dá relevância a mais ninguém, nem a si mesmo, principalmente a si mesmo), e isto, hoje, já não me incomoda mais como antes, vou morrer e tudo vai ficar aí dando o seu jeito, engendrando as ilusões necessárias ao momento.

Depois, irei reencarnar para colher o que plantei hoje, concomitantemente com novos plantios, até o fim dessa roda constrangedora, a sansárica. Bem… penso assim.

Milton Filho”