:: ‘Artigos’
A solidão da dor!
Autor Edvaldo Paulo de Araújo
Durante a minha vida, passei por muitas e muitas dores alucinantes. Quantas vezes, pelas ruas de minha cidade, noites de neblinas, a chuva no meu rosto fundiu com minhas lágrimas? . Sentia-me absolutamente sozinho, sem amparo, sem palavras de consolo e lutava com o remédio da oração, para acalmar meu coração. Tantas vezes….
Casei, fiz uma família e esses estados minoraram, as dores foram mais aliviadas pelo aconchego dos meus, mas sempre a mesma constatação: a solidão da sua dor.
Ano passado, num pedal fatídico, estava com o meu melhor amigo, Onildo Oliveira Filho, que, no retorno, depois de 17km pedalando, veio a sentir-se mal. Mesmo com os meus cuidados, veio a falecer nos meus braços. Estabeleceu -se, por algum tempo, a esperança de que ele se restabelecesse, mas aconteceu e tinha acontecido no fatídico momento a sua morte. Foi uma dor dilacerante.
É uma grande dor. Durante um bom tempo, o sofrimento da sua perda, a lembrança do momento, a insistência dele naquele dia para pedalar, ficaram impregnados em mim, num sofrimento sem fim.
Refugiei-me em orações, buscando ajuda dos espíritos de luz, guiados pelo amor de Jesus, mas me veio aconstatação de como a dor é solitária, como ela está tão dentro de nós, de como ela fica impregnada no nosso ser, numa solidão sem fim. Por mais que tenhamos amparo, mas há os momentos sozinhos e aí ela aflora e vem a mais ampla e torturante solidão dessa dor.
O que fazer? Diz André Luiz: “Não permita que a dificuldade lhe abra a porta ao desânimo, porque a dificuldade é o meio de que a vida se vale para melhorar-nos em habilidade e resistência”. Não há como fugir, se acalmar, orar e ter a certeza ligada totalmente, a esperança de que vai passar, de que faz parte do viver nesse planeta, que essas alternativas são para aprimorar nossa resistência como diz nosso amado André Luiz.
A fé é o remédio seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente. Não nos pergunteis, portanto, qual o remédio para curar tal úlcera ou tal chaga ou a solidão da sua dor. Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pelo remédio da fé. Não sufoque a sua dor, compartilhe, busque ajuda, mas saiba ela é sua e só você vai sair dela.
Pierre Teilhard de Chardin, Jesuíta, paleontólogo, antropólogo francês, que viveu entre 1881 e 1955, autor do conhecimento do livro O FENÔMENO HUMANO, dividiu os homens em três categorias: :: LEIA MAIS »
Vitória da Conquista aumenta a pressão contra a Via Bahia! Agora quem soma forças é o engenheiro civil Gilberto Luna.
“Bom dia, Eduardo Sales !
Aqui é Gilberto F. Luna. Tenho acompanhado a sua intensa movimentação buscando uma solução para a questão da Via Bahia na Concessão da BR 116 , no nosso estado .
Pelo que vi e ouvi na última reunião na Câmara, em Brasília, o encaminhamento do acordo passando pelo TCU, não terá êxito, pois a fala de um dos responsáveis pela Análise da Viabilidade, quando diz que : “quem esperou nove anos pode bem esperar mais seis meses para conclusão dos estudos em andamento”. Além de ser um desrespeito a todos que vivem este drama da não duplicação em aproximadamente 90% do trecho da Concessão, que diariamente provoca acidentes muitos dos quais com vítimas fatais, evidencia pela fala do representante do TCU,que primeiramente deve-se encontrar um entendimento que contempla as ambições financeiras da Via Bahia em detrimento dos anseios de toda uma população que paga para ter um serviço proposto em Contrato entre as Partes e isto ao longo de todos estes anos estão sendo minimamente realizados. É bastante estranho esta fala mais em defesa da Concessionária do que em apoio dos usuários da BR 116. Estranho também foi a fala de um dos presente à reunião, condenar uma ruptura brusca do Contrato, argumentando que a imagem do Brasil seria abalada no mercado , podendo até ter um forte impacto na Bolsa de Valores . Uma defesa do Capital sem considerar as consequências desastrosas vividas pelos usuários da rodovia.
A Via Bahia se encontra atualmente em situação bastante confortável ,protegida por uma decisão judicial, que a desobriga de iniciar as obras de duplicação e pela morosidade do TCU em concluir o estudo para equilíbrio do Contrato.
Entendo que o TCU é apenas um órgão auxiliar. Suas decisões não têm força de lei e em muitos casos suas determinações precisam ser aprovadas pelo Legislativo. :: LEIA MAIS »
Carta a um amigo Petista
Por Oscar Barreto*
O interessante amigo Petista que preservo aqui o seu nome, é que no início de nosso debate, já concordávamos com várias coisas, pois você tem toda a razão quando critica fervorosamente e eu faço coro, aos políticos brasileiros do PMDB do DEM do PSDB, o do antigo PRN, do PL, da União Brasil, sempre maldiz dos industriários, dos latifundiários do agronegócio, dos grandes comerciantes, dos empreiteiros, dos incorporadores, dos banqueiros e de outros tantos poderosos, como sendo os responsáveis pela destruição ambiental e ainda critica as grandes economias, a quem eu também o acompanho, como os maiores destruidoras do mundo que aí está, pois são os devoradores de planeta, tanto os EUA, China, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Itália, Rússia, Holanda, Canadá, Australia, Índia, assim como todos os demais países, que tem as metas de crescimentos de PIBs independente de Ideologias.
Existem apelos para esquecermos a condenação nessa hora de dor no Rio Grande do Sul, aos verdadeiros criminosos por essa tragédia e só nos concentrarmos em salvar os seres, naquela região mais ao sul do país. Todavia, com a falta de escrúpulos dos políticos e empresários, em insistir desrespeitar e agredir a natureza, ocupando onde se devia ser intocável, seja na cidade como no campo, não podemos ficar em silêncio!
Mas essa ganância que leva a mortes e traumas, como acontece com a irresponsabilidade de empresários e políticos gaúchos, como o governador Eduardo Leite, que cortou e alterou 500 pontos do Código Ambiental do RS em 2019, como também do prefeito atual atual, Sebastião Melo, assim como todos prefeitos e governadores anteriores, que negligenciaram a questão ambiental e seus riscos de enchentes, mas que sirva ao menos de alerta á população para entender porque chegamos a sentir muito mais calor, a assistir queimadas para além do que já se viu e ainda viver dramas de mais inundações, sintomas que decorrem das péssimas administrações, que consideram a questão do meio ambiente, a parte da vida humana.
Toda questão climática se torna ainda pior, quando se junta a quimera vergonhosa dos Bolsonaristas, que há pouco estavam envolvidos no combate contra a vacina, que ajudou a estancar mais setecentas mil mortes, durante a propagação do vírus da Covid e agora, criam notícias falsas, em meio ao desespero em busca de sobrevivência de centenas de milhares de gaúchos, se já não bastasse o ridículo e criminosos negacionismo ambiental, que ronda como uma premissa dessa insanidade coletiva da extrema-direita, vulnerabilizando ainda mais a causa ambiental, refletindo negativamente nas votações, quando o tema se refere ao meio ambiente no congresso nacional ruralista.
O pedido para a população votar em políticos que estão preocupados com o futuro da vida dos seus filhos, em um planeta cada vez mais doente, é irônico, se a população não sabe nem o que consome para a deterioração da sua saúde, se intoxicando com o consumo de Glifosato Aldicarbe, paraquate, Diurom, Picloram e Carbofurano em seus alimentos e o que a população sabe sobre as diversas PEC, PL, MP, Decretos que foram ou estão para ser aprovados pelos congressos, sob uma venda das instâncias das justiças e d governos, nesse eterno retrocesso ambiental?
A MP 901/2019, doa terras da União aos estados do Amapá e Roraima reduzindo as áreas de unidades de conservação, retirando da Floresta Nacional de Roraima um trecho de aproximadamente 5 mil hectares, além de alterar o Código Florestal, diminuindo de 80% para 50% a Reserva Legal nos Estados da Amazônia.
A PL 2.159/2021, flexibiliza as regras de Licenciamento Ambiental tirando o papel regulador do Estado em relação a obras impactantes para o meio ambiente e facilita a atuação de grandes empreendimentos, aumentando o seu potencial de destruição dos biomas brasileiros a partir de atividades predatórias, como obras de infraestrutura e produção de energia.
A Medida Provisória 1150, ameaça o futuro da Mata Atlântica, fragilizando legislações que a protegem. Possibilitando dessa forma o desmatamento em áreas de risco e desprotegendo Unidades de Conservação (UCs) desse bioma que foi o mais destruído no país e que só restam 12% da sua área original.
A PEC 03/2022 que propõe a extinção e retribuição das áreas de marinha para áreas de domínio pleno dos estados e municípios, também para os ocupantes inscritos na SP, os foreiros ou domiciliados que já estejam ocupando áreas a pelo menos cinco anos desta emenda ou que foram cessionários pela união.
A PEC 05/2021 que altera a composição do conselho nacional do ministério público (CNMP) podendo o congresso revise ou anule atos do ministério público que resultará na fragilização na proteção ao meio ambiente.
A MP 910/2019, que é chamada de MP da grilagem é a Medida Provisória que permite que terras públicas sem destinação com até 2.500 hectares se tornem propriedade de quem as ocupou, mesmo que irregularmente.
A PL 5544/2020 autoriza a caça esportiva de animais no território nacional.
O Decreto nº 10.147, que inclui Programa Nacional de Desestatização (PND) do Governo Federal os Parques Nacionais, unidades de conservação que poderão ser concedidas à iniciativa privada, como os parques dos Lençóis Maranhenses, de Jericoacoara e de Foz do Iguaçu.
Por observar todos os partidos que foram oposição ao PT ao longo de anos, como os principais agentes a serviços do empresariado para a destruição da natureza do país, apesar do lamentável apoio Petista á muitos desses projetos, que eu não sabia se era o momento de fazer essa publicação, além de estarmos em meio a essa hecatombe que ocorre no Rio Grande do Sul, que vale a crítica a quem desejar, mas a minha inquietude e ponderação era que muitos como você até essa carta, não respondem sobre que é também o PT e sua relação com o meio ambiente e podia ser hora de aproveitar e mostrar um lado sombrio da visão cruel em relação ao meio ambiente.
Responsabilizar o inominável governo anterior é de fato uma verdade inquestionável, mas é como responsabilizar a faminta raposa pela óbvia morte das galinhas no galinheiro sem portas. Mas por que tantas aves ainda morrem?
Será que é pela falta de leitura? Por simples ignorância? Será que é por uma evidente e conveniente alienação? Será que é pela falta de análise crítica e as únicas fontes de informações que se tem vem da imprensa que nos levam como marolas de acordo com quem são seus maiores anunciantes?
O desesperador para quem vive observando a sexta extinção em massa no ritmo frenético, varrendo terras e mares pelo mundo afora, é não saber como mudar o remo do barco, pois se ao menos algumas perguntas buscando entendimentos, nem que sejam ao nosso pensamento, o silêncio não fosse mais a maior resposta, poderíamos entender o indecifrável vácuo, que afinal poderia ser preenchido, dessa maneira, não chamarmos todos nós de cúmplices em primeira estância desse cataclisma.
Assim, a não publicação do texto nesse momento, é como algo que faltará em futuras análises e com a presunção que representará um dia a resposta para o esquecimento, os quais nos confortaremos na dúvida de sermos simplesmente desinformados, tragados na lembrança da abrangência de eventos simultâneos passados e não sermos o que tanto se assiste: hipócritas ou cínicos. Mas seria melhor assim?
Veja os exemplos em relação aos governos anteriores do PT, que entre idas e vindas concordamos ser o menos pior dos piores entre todos os demais governos no Brasil. Contudo, quais são as respostas para vários e vários outros desastres contra o meio ambiente?
No governo Dilma, o que significou a alteração do código florestal? Projeto tão enaltecido e que foi engajado de corpo e alma pela presidenta e seu ministro do meio-ambiente, a favor de sua aprovação e qual a consequência para as atuais inundações pelo Brasil, já que segundo esse projeto de lei aprovado no Congresso permite que as prefeituras decidissem arbitrariamente sobre o uso de florestas, matas ciliares, nascentes, dunas, praias, manguezais, entre outras áreas de preservação permanente. Em relação as mesmas APP, nesse código alterado, a largura deixou de ser pelo ponto máximo da área úmida do rio, lagos, lagoas, para o ponto mediano, que representou uma grande perda para de áreas de absorção necessária para controle de um corpo hídrico. :: LEIA MAIS »
Meus anos vindouros
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Há alguns dias, ao me deslocar para o meu trabalho, liguei o rádio, e uma linda canção me emocionou enormemente. Ao analisar minha vida, minha idade, veio-me o pensamento que estava vivendo meus últimos anos aqui na Terra, claro ao fazer uma análise do meu quadro geral de vida, sem incluir as surpresas que elas pertencem ao meu livre arbítrio e a Deus.
A canção de Daniel se chama “Pra ser feliz” que muito chamou a minha atenção, me fazendo chorar quando pensei em Minha família.
Pra ser feliz
Do que é que o ser humano necessita?
O que é que faz a vida ser bonita?
A resposta, onde é que está escrita?
Pra ser feliz
O quanto de dinheiro eu preciso?
Como é que se conquista o paraíso?
Quanto custa
Pro verdadeiro sorriso
Brotar do coração?
Os meus últimos anos de vida terrena estão a minha frente; quero vivê-los com leveza, com serviços ao próximo, como sempre vivi, estar perto dos meus amigos em dificuldades principalmente de saúde. Quero estar mais perto do oceano, das florestas, visitar cidades que tanto admiro, viver mais a minha Itália tão amada por mim.
Meus olhos encheram de lágrimas, quando pensei na minha partida, e lá nosso Deus me enviasse para uma de suas casas e eu não pudesse vir abraçar, beijar, afagar e estar perto de meus netos. O que seria de mim, Pai? Nem consigo pensar, quando me lembro de cada um deles, cada jeito individual, cada beijo, cada palavra de amor, cada dizer que te amo, vovô. Nem consigo imaginar os momentos que tive com cada um individualmente que para sempre ficarão no meu velho coração. Sei que a justiça de Deus é perfeita; sei que ele dará um jeito para matar a minha dolorosa saudade! Mais dolorosas serão a saudade e falta da minha esposa querida, dos meus filhos, dos meus amigos… Por isso meus anos vindouros tenho que vivê-los perto deles; tenho que estar mais livre, servir e vivenciar ainda mais a oração de São Francisco de Assis.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa , que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
Onde houver dúvida, que eu leve a fé,
Onde houver erro, que eu leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido, amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se nasce para a vida eterna… :: LEIA MAIS »
Ainda desumanos
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Há dias passados estava a tomar meu café da manhã(como chamamos) e no meu pequena prato tinha uma minúscula formiga a participar comigo da refeição. Em outros tempos agiria de forma diferente, mas hoje jamais faria mal aquele pequeno ser de Deus, como não o fiz.
Na minha casa tenho um lindo campo de futebol soçaite, gramado dos belos estádios do Brasil, o amigo Orlando que cuida de lá a mais de dez anos, chamou atenção pelo imenso formigueiro que tinha no canto, mim orientando para a compra de veneno para dizima-las. Mostrei a ele a beleza da união delas e o trabalho em equipe e que jamais as mataria nesse extermínio sem igual. Sinceramente, Deus mim deu essa consciência e não posso feri-la, de maneira nenhuma. Não tenho fazenda, não como carne vermelha, ninguém precisa morrer para eu viver.
Albert Schweitzer, no seu latente e grandioso humanismo disse em um dos seus discursos “O homem não será realmente ético, senão quando cumprir com a obrigação de ajudar toda a vida á qual possa acudir, e quando evitar de causar prejuízo a nenhuma outra criatura”
Para estimular a leitura daqueles que nunca ouviram falar de Albert Schweitzer, antecipo dizendo que este grande homem foi Doutor em Filosofia, Doutor em Teologia, Doutor em Medicina (exercendo plenamente esses títulos como Filósofo, Teólogo e Médico), Músico internacionalmente reconhecido, Pastor Protestante, Professor Universitário, Erudito, Missionário, precursor da bioética, do trabalho humanitário e das atuais ONGs, Prêmio Nobel da Paz em 1952. ” “O fato essencial que devemos reconhecer em nossas consciências que já deveríamos ter reconhecido a muito tempo é que estamos nos tornando desumanos, a medida que nos tornamos super-homens, a medida que aprendemos tolerar os fatos da guerra, onde homens são mortos em massa, algo como vinte milhões na segunda guerra mundial. Que cidades inteiras e seus habitantes são aniquilados pela bomba atômica, que homens são transformados em tochas humanas por bombas incendiarias, somos informados dessas coisas pelo radio ou pelos jornais e ai julgamos como sucesso para o grupo a que pertencemos ou para nossos inimigos. Quando admitirmos que esses atos sãoos resultados da conduta desumana, essa admissão seráacompanhada pelo pensamento que a guerra em si, não deixa opção senão aceita-los. Ao nos resignarmos a esse destino, sem esboçarmos resistência ,estaremos sendo culpados de desumanidade. O que realmente importa é que devemos todos nos dar contas que somos culpados de desumanidade….”
Filho de uma proeminente família, Albert Schweitzer nasceu em Kaysersberg, na região da Alsácia-Lorena, em 14 de janeiro de 1875 e foi criado em Gunsbach, distante apenas 20Km, para onde mudou-se a família quando Albert ainda era um bebê. O pai, Louis, pastor luterano e professor, deveria atender àquela comunidade em suas funções. O avô e um tio foram prefeitos em comunas na região. A prima em primeiro grau, Anne Marie Schweitzer, casou-se com o oficial da marinha francesa Jean-Baptiste Sartre, sendo mãe de Jean-Paul Sartre.
Conta o próprio Albert Schweitzer que, aos vinte e um anos, deparou-se com a questão da escolha de sua carreira: músico, professor, teólogo? Meditou seriamente sobre essas palavras de Cristo: “Aquele a quem a vida cumulou de benefícios está obrigado a reparti-los em igual quantidade. Aquele que se vê livre de sofrimentos deverá contribuir para o alívio dos outros. Todos temos que carregar parte da carga de dor que pesa sobre a humanidade”. E assim firmou um pacto para consigo mesmo, de que iria dedicar-se à música, filosofia e teologia até os trintas anos. Após, renunciaria suas ambições pessoais para pôr-se à serviço da humanidade.
Todos os dias de nossas vidas vemos guerras, conflitos, assassinatos, políticos desonestos que roubam os recursos do povo, desconhecendo o nosso dever para com nossos irmãos. Não dá pra entender como o homem joga uma bomba em cima de seus irmos velhos, crianças, mulheres gravidas, como dizer que são humanos? Como dizer que acredita em um Deus, com essa desumanidade latente e perversa? :: LEIA MAIS »
Aquelas santas sextas, por Valéria Figueira
As experiências de criança se imprimem na alma da gente feito tatuagem no coração.
Todas as semanas santas da infância e adolescência eu passei na roça com meu pai. Ficava entre Tremedal e Belo Campo, se chamava Lagoa de Pedras, com muitas pedras e pouca lagoa.
Meu pai fazia moqueca de peixe, porque carne de boi, cremdeuspai, podia não.
O sol quente revezava com uma imensa lua cheia, naquele clarão da caatinga, que iluminava encantos e lendas.
Na sexta feira da paixão, todos sabiam quem virava lobisomem na região. Era sempre o mais quieto e mais isolado, o suspeito.
Havia um silêncio longo, que só era quebrado com as recomendações de resguardo de Anália; sob pena de castigo divino; não podia trabalhar, não podia montar em animal, nem brigar os menino unsunsoutro, nem sequer barrer a casa.
Não podia matar as moscas que teimavam em descansar em minha pele, nunca na roupa, restava a mim, me balançar.
O dia custava a passar, porque na minha roça de criança nunca teve TV, daí eu aprendia a brincar de vó com Sirlene, passando pedrinhas, uma a uma, entre os dedos no chão. Folheava uma revista velha, descascava uma laranja e ia chupar na rede. :: LEIA MAIS »
Incertezas
Autor Edvaldo Paulo de Araújo
Qual a certeza maior de nossas vidas? Muitos dirão: – a morte. Não gosto dessa palavra pois não acredito nela, e, sim, uma viagem de volta para nossas casas. Somos daqui? Não.Viemos para um estagio com aprendizado sublime aqui nesse planeta Terra.
A esmagadora maioria na Terra tem essa incerteza; o pior: vive sua vida como se a chamada “morte” sóacontecesse aos outros. Vidas desregradas, num afã do ter, jamais do ser, sem curtir as belezas inimagináveis com que Deus nos presenteou, principalmente as belezas intimas do conhecimento e do exercício dessas belezas.
Está claro, na imensa obra do Criador, que estamos aqui para crescer em conhecimentos, em compaixão, solidariedade e amor. Como crescer e o que nos move nessa busca eterna de conhecimentos? São nossas incertezas? Possivelmente.
O que guia o nosso progresso? O que nos faz caminhar nesse intento? Comenta Allan Kardec, na questão 781 de O livro dos Espíritos: “Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se–lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más”.
O ser humano tem, em si, o gérmen do aprimoramento, lutando constantemente para encontrar-se em um estado melhor do que oimediatamente anterior. A insatisfação é da nossa natureza e representa importante propulsor da evolução.
Temos, em nós (alguns mais que outros), a extrema busca pelo que nos reserva o amanhã, e a latente incerteza é que nos move ao conhecimento e àbusca incessante de maior conforto, seja na esfera material ou espiritual. A escassez de alguns recursos e a existência de algumas necessidades nos colocam numa posição de tentar supri-las até conseguirmos, para, em seguida, identificarmos outra cujo alcance é razão suficiente paraenvidarmos todos os esforços de crescimento. Nesse contexto, a incerteza, que não se deve confundir com a falta de fé, é um fator catalidor e psicológico da marcha humana.
Por sermos pensantes, buscadores, insatisfeitos, se já tivéssemos nossas necessidades plenamente satisfeitas, muito provavelmente nos entregaríamos à inercia e ao comodismo. Nada teríamos a conquistar; não daríamos valor ao que temos, e a vida careceria de propósito.
Muitas vezes, escuto de pessoas, na sua batalha na vida, que, ao se aposentar, não pretendem fazer mais nada. Brinco que será assim por pouco tempo, pois virão intimamente as cobranças a sugerir a saída dessa inércia. Não nascemos para ficarmos estagnados; quem o faz, sofre os efeitos perversos, como, por exemplo, a entrega ao alcoolismo, adroga e a infelicidade. Entendo eu que o crescimento é como uma necessidade fisiológica; tem que acontecer, faz parte do nosso DNA. :: LEIA MAIS »
DUPLICAÇÃO? QUANDO SERÁ? OU NÃO TEM QUANDO?
É livre a manifestação do pensamento. Difícil de aceitar, no entanto, é que diante da crise da maior gravidade que atinge a gestão do trecho baiano da BR 116 pela VIABAHIA, alguns agentes públicos que se comprometeram a ajudar a viabilizar uma solução, tentem permanecer no anonimato. Após a linha do tempo que descreverei a seguir, darei a minha opinião:
1-Em novembro de 2019, na sede da OAB, nos reunimos com a ANTT e a VIABAHIA, com o intuito de encontrar uma solução para o impasse. O encontro, todavia, acabou não trazendo nem um avanço positivo.
2-Em março de 2020 estivemos em Brasília, onde fomos recebidos pelo então ministro Tarcísio de Freitas, na esperança de evoluir na tratativa de um acordo. O nosso desejo, naquele momento, era formalizar a caducidade do contrato e retirar a VIABAHIA da gestão da BR-116, respaldados pelos inúmeros abusos e descumprimentos contratuais. Também não obtivemos sucesso nessa iniciativa.;
3-Tivemos, logo na sequência, quase dois anos de pandemia, mas nem por isso a VIABAHIA deixou de ter os seus ganhos garantidos, Já a nossa tentativa de conseguir o rompimento do contrato, não evoluiu em nada nesse período;
4-Em 17 de março de 2023, tivemos uma reunião com o Diretor Presidente da VIABAHIA, com o objetivo de alinhar parâmetros para revisão quinquenal. Mesmo não tendo vislumbrado alternativas efetivas durante essa conversa, dali pra frente teve inicio uma sequência de reuniões e de audiências públicas;
5-No dia 18 de abril 2023,, durante uma audiência pública provocada pelo Deputado Jorge Solla, ficou acordada a criação de um Grupo de Trabalho para estudar a solução para o impasse. O grupo foi criado através da Portaria 371/23 de 28 de abril de 2023 do Ministério dos Transportes;
6- No dia 12 de junho de 2023, através do Deputado Waldenor Pereira, uma comissão do DUPLICA SUDOESTE teve audiência com o Ministro Chefe da Casa Civil Rui Costa. Naquela oportunidade, ficou evidente o reconhecimento do governo de que o acordo e a revisão do contrato deveriam ser prioridades ainda para aquele ano. :: LEIA MAIS »
Quando estou com você
Subi as escadas do Amparo, vi seu rosto e uma expressão que não reconheci.
E eu vi uma moça bonita e uma senhora com altivo semblante.
Dei um meio sorriso a você, não sei se notou.
Enquanto eu amarrava os cadarços, você olhou.
Gosto quando olham e leem o que veem.
São pedaços de realidade.
A moça? Minha irmã.
A senhora? Minha mãe.
E eu percebendo seus sorrisos e olhares de maneira natural, espontânea, retribuindo.
Senti-me visto por dentro, desarmado, despido. E gostei.
Moro num lugar onde há muito de mim, onde há calmaria, horizonte em todas as direções, revoadas de periquitos, beija-flor na janela, brisa sempre fresca e verão permanente.
Sempre há música ou comidas, ou os dois.
E do que mais você gosta?
De todo dia ser diferente.
Penso que amo, às vezes penso que não.
Entretanto, hoje amo no exato instante do pensamento.
Você aprendeu a amar?
Já mudei de cidade, de casa, de amigos, por vezes por obrigação, outras por vontade.
Sempre tive que aprender a amar.
Qual a sentença que carrega consigo?
Uma camiseta de domingo, trechos de livros, capas de revistas, coisas que vou absorvendo devagar.
Minha citação é que, neste momento, vou me levar a passear, almoçar meu prato de comida chinesa preferido, comprar um vinho, um disco, um filme de amor.
Quer ir comigo?
Tenho tido tempo pra pensar.
Tempo no transporte, a caminho dos destinos, tempo pra ler o mundo, tempo pra meditar.
Qual o seu próprio tempo?
O de alguma canção com viola.
O de dançar de cueca sobre a cama.
O tempo dos livros de cabeceira.
Você gosta de sorrir?
Sim. De chorar também.
Sorrio pelo motivo mais banal e pelo mais profundo.
Gente me faz sorrir, piadas nem tanto.
Boas histórias, cenas inesquecíveis, cheiro de tempero, rostos bonitos (sorri muitas vezes olhando o seu).
E choro com cenas de novelas e filmes antigos.
Você se acha bonito?
Por dentro, sim. Por fora, nada de extraordinário.
Cortei o cabelo rente ao queixo, divido ao meio ou de lado, como no curso da vida.
E você? Quais seus grandes prazeres de viver?
Comer, dormir, rezar, sorrir, amar, ler, escrever, sonhar e silenciar, entre outros inconfessáveis.
Você toca instrumentos?
Os mais encantadores.
Toco piano e violão e me divirto com acordeon, pandeiro, triângulo, castanholas, flautas e percussão.
Por que não casou?
Porque não tenho um canteiro de rosas pra firmar minhas raízes.
Então…você é um feiticeiro?
Feiticeiros vivem em linha tênue, eternos aprendizes.
Sempre pasmos com o mundo.
Boquiabertos com as coisas que passam à frente.
Quase perdidos.
A solidão da dor!
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Durante a minha vida, passei por muitas e muitas dores alucinantes. Quantas vezes, pelas ruas de minha cidade, noites de neblinas, a chuva no meu rosto fundiu com minhas lágrimas? . Sentia-me absolutamente sozinho, sem amparo, sem palavras de consolo e lutava com o remédio da oração, para acalmar meu coração. Tantas vezes….
Casei, fiz uma família e esses estados minoraram, as dores foram mais aliviadas pelo aconchego dos meus, mas sempre a mesma constatação: a solidão da sua dor.
Ano passado, num pedal fatídico, estava com o meu melhor amigo, Onildo Oliveira Filho, que, no retorno, depois de 17km pedalando, veio a sentir-se mal. Mesmo com os meus cuidados, veio a falecer nos meus braços. Estabeleceu -se, por algum tempo, a esperança de que ele se restabelecesse, mas aconteceu e tinha acontecido no fatídico momento a sua morte. Foi uma dor dilacerante.
É uma grande dor. Durante um bom tempo, o sofrimento da sua perda, a lembrança do momento, a insistência dele naquele dia para pedalar, ficaram impregnados em mim, num sofrimento sem fim.
Refugiei-me em orações, buscando ajuda dos espíritos de luz, guiados pelo amor de Jesus, mas me veio aconstatação de como a dor é solitária, como ela está tão dentro de nós, de como ela fica impregnada no nosso ser, numa solidão sem fim. Por mais que tenhamos amparo, mas há os momentos sozinhos e aí ela aflora e vem a mais ampla e torturante solidão dessa dor.
O que fazer? Diz André Luiz: “Não permita que a dificuldade lhe abra a porta ao desânimo, porque a dificuldade é o meio de que a vida se vale para melhorar-nos em habilidade e resistência”. Não há como fugir, se acalmar, orar e ter a certeza ligada totalmente, a esperança de que vai passar, de que faz parte do viver nesse planeta, que essas alternativas são para aprimorar nossa resistência como diz nosso amado André Luiz.
A fé é o remédio seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente. Não nos pergunteis, portanto, qual o remédio para curar tal úlcera ou tal chaga ou a solidão da sua dor. Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pelo remédio da fé. Não sufoque a sua dor, compartilhe, busque ajuda, mas saiba ela é sua e só você vai sair dela.
Pierre Teilhard de Chardin, Jesuíta, paleontólogo, antropólogo francês, que viveu entre 1881 e 1955, autor do conhecimento do livro O FENÔMENO HUMANO, dividiu os homens em três categorias: :: LEIA MAIS »