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Anseios e Ansiedade

ansiedade

Por Valéria Figueira

Ansiar quer dizer desejar. Para a psicanálise, o ser desejante é o que faz, que atua. Trata-se do contrário de ser apático, que vem de pathos, que quer dizer sem patologia, sem paixão. Ansiar (desejar) é, portanto, uma força impulsionadora para as realizações.
Por sua vez, a palavra ansiedade, segundo Lúcia Helena Galvão (2018), vem do latim angere, tem a mesma raiz de angústia e significa apertar, sufocar. A pessoa sob o espectro da ansiedade não vê as coisas em si, mas a projeção do pior do que poderia acontecer. A situação é sempre dual, mas o ansioso tende a olhar pro lado negativo. Isso torna a ansiedade o pano de fundo de fobias, estresse pós traumático e a base de transtornos mentais como, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de pânico.
Delgalarrondo (2019) aponta que nesses quadros, são frequentes sintomas como insônia, dificuldade para relaxar, angústia constante, irritabilidade aumentada e dificuldade em se concentrar. No período que antecedeu a pandemia do COVID-19, experenciávamos a epidemia da ansiedade. Imaginem o efeito dessa mistura!
Han (2015) nos alerta para o fato que atualmente o sujeito está voltado narcisicamente ao desempenho e à busca do sucesso. Na cultura da ansiedade, o estressado é tido como eficiente, e viver cansado tornou-se lugar comum. Vínhamos em um ritmo tão frenético, que muitas pessoas estão em busca de recursos para conseguirem simplesmente parar.
Por mais que se tenha no plano material, falta algo na dimensão da alma, provocando a ânsia de sempre buscar mais. A ansiedade faz com que as pessoas comam demais, ou percam a fome, sejam obcecadas por trabalho, por compras ou exercícios, e é um disparador para compulsões como o álcool e outras drogas.
A instabilidade tem gerado medo, e não nos sentimos preparados para lidar com ele. Galvão (2018) nos faz refletir que é atribuído uma conotação ruim ao medo, como se nós devêssemos nos livrar dele ou como se isso fosse possível. O medo é fundamental para a nossa sobrevivência, ele nos protege do perigo. É um alerta para a atenção, mas não é um sinal de pare. Precisamos de suporte psicológico para lidar com ele, e fazemos isso colocando-o no seu lugar. É preciso admitir a sensação de medo, falar sobre isso com alguém, e procurar ajuda.
Um atendimento psicológico pode ser bastante útil não só para apagar o incêndio da ansiedade, mas para tentar encontrar a sua causa. A ansiedade pode representar além do desejo de ter o que falta, o de se livrar do que te incomoda. Por isso vale a reflexão: Quero me livrar de algo que estou vivendo?
De acordo com Magaldi (2019), a pergunta que deve ser feita é: Quem está ansiando o que em mim? O que eu estou ansiando? Por que eu estou ansiando? O que é isso que eu quero adquirir? É algo material ou espiritual?
A ansiedade tem uma relação forte com a expectativa, de buscar algo que está adiante, com o foco do futuro, dessa forma esvazia o momento atual que é só o que temos. Nós temos o agora, não sabemos sobre aonde vamos chegar, mas estamos em uma viagem que vale a pena ser vivida.
Para aliviar a mente dos pensamentos ansiosos, existem alguns exercícios, segundo Hanns (2020). Procure estar ocupado com algum entretenimento ou procedimento, quanto mais complexa for a tarefa, melhor para se desligar dos pensamentos perturbadores. Procurar se distrair ou se engajar em alguma coisa, fazer uma lista, tentar buscar soluções é muito útil para aliviar momentaneamente a ansiedade. Para lentificar o cérebro, técnicas de relaxamento e meditação, que estão disponíveis em muitos canais gratuitos na internet.
A sensação da ansiedade é o inverso da sensação de paz. Quando algo se aquieta e pensamentos catastróficos desistem de nós, novos espaços começam a surgir. Para caminhar em direção da quietude vital para a nossa saúde, é importante se conectar com o senso de propósito. Aquele objetivo maior, do sentido da existência. A boa notícia é que não precisamos sair de casa para isso, esse é um mergulho interno, solitário e silencioso, de desapego ao que está lá fora, que tanto nos vicia e nos adoece.
“Um dia de cada vez” é a máxima dos grupos de apoio como o AA, que tem uma lógica bastante competente, a de colocar o foco no presente e a de não pensarmos em abandonar de vez aquilo que vem funcionando como um grande amigo: o álcool, no caso deles, ou a comida, o trabalho, as compras, etc.
Uma hora de cada vez, primeiro. À medida que nos enchemos de presença, é possível desenvolver no nosso ser uma segurança interna, que vai nos ajudar a lidar com toda essa insegurança lá fora. O caminho para a cura da ansiedade passa pelo autoconhecimento, na possibilidade de integrar corpo e alma, e de aprender a amar. Não é deixar de ter desejos, e sim entender a serviço de que estão esses desejos. Sejamos desejantes! Porém, com a consciência de que o melhor que podemos produzir nesta vida é a nós mesmos.

Referências:

Delgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2019.

Galvão, Lúcia Helena. Reflexões sobre ansiedade, 2018. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=gD8tqAHFIHc

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015.

Hanns, Luiz. Recursos para lidar com o estresse na quarentena, 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FGA4PwdA_-Q

Magaldi, Waldemar. Ansiedade (2019). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QOX7PAOuDqM

1 resposta para “Anseios e Ansiedade”

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alessandro tibo


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