:: ‘Colunistas’
PH
Por Marco Jardim
Pra quem vive bem, o tempo estaciona por frames de segundo.
E o mundo transita, equilibrando sulcos e frisos, lágrimas e risos.
Flutua, intrépida, a essência gotejada da vida.
A acidez e a doçura na inesperada partida.
Despertada, iluminada em chama de vela derretida.
Oscilante e eterna, acesa e alcalina, a vida.
Nos lírios de seu vestido, tocando o braço da mesa, veja.
É o som cacheado do poeta bandoleiro.
Faceiro, anti-herói, vaidoso até.
Bendito seja o som da bossa, axé, travando a língua raiz.
Cordão umbilical rompido em dia cor de giz.
Na barra da saia da vida, poema cantado, aprendiz.
Interestelar, tomando o tempo e o espaço na infinita distância.
É esta a ânsia do “nossa, que dia feliz”.
É como levar os abraços pra casa em ciranda.
A inteira vida tocada em brisa branda.
A música, hoje, eu mesmo escolho.
Mas quem tem a chave que cabe precisa no ferrolho da idade do mar?
Somente a existência sabe medir o meu PH com exatidão.
Entre a certeza do amor e a delicadeza, a vida que resta no meu coração.
A solidão da dor!
Autor Edvaldo Paulo de Araújo
Durante a minha vida, passei por muitas e muitas dores alucinantes. Quantas vezes, pelas ruas de minha cidade, noites de neblinas, a chuva no meu rosto fundiu com minhas lágrimas? . Sentia-me absolutamente sozinho, sem amparo, sem palavras de consolo e lutava com o remédio da oração, para acalmar meu coração. Tantas vezes….
Casei, fiz uma família e esses estados minoraram, as dores foram mais aliviadas pelo aconchego dos meus, mas sempre a mesma constatação: a solidão da sua dor.
Ano passado, num pedal fatídico, estava com o meu melhor amigo, Onildo Oliveira Filho, que, no retorno, depois de 17km pedalando, veio a sentir-se mal. Mesmo com os meus cuidados, veio a falecer nos meus braços. Estabeleceu -se, por algum tempo, a esperança de que ele se restabelecesse, mas aconteceu e tinha acontecido no fatídico momento a sua morte. Foi uma dor dilacerante.
É uma grande dor. Durante um bom tempo, o sofrimento da sua perda, a lembrança do momento, a insistência dele naquele dia para pedalar, ficaram impregnados em mim, num sofrimento sem fim.
Refugiei-me em orações, buscando ajuda dos espíritos de luz, guiados pelo amor de Jesus, mas me veio aconstatação de como a dor é solitária, como ela está tão dentro de nós, de como ela fica impregnada no nosso ser, numa solidão sem fim. Por mais que tenhamos amparo, mas há os momentos sozinhos e aí ela aflora e vem a mais ampla e torturante solidão dessa dor.
O que fazer? Diz André Luiz: “Não permita que a dificuldade lhe abra a porta ao desânimo, porque a dificuldade é o meio de que a vida se vale para melhorar-nos em habilidade e resistência”. Não há como fugir, se acalmar, orar e ter a certeza ligada totalmente, a esperança de que vai passar, de que faz parte do viver nesse planeta, que essas alternativas são para aprimorar nossa resistência como diz nosso amado André Luiz.
A fé é o remédio seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente. Não nos pergunteis, portanto, qual o remédio para curar tal úlcera ou tal chaga ou a solidão da sua dor. Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pelo remédio da fé. Não sufoque a sua dor, compartilhe, busque ajuda, mas saiba ela é sua e só você vai sair dela.
Pierre Teilhard de Chardin, Jesuíta, paleontólogo, antropólogo francês, que viveu entre 1881 e 1955, autor do conhecimento do livro O FENÔMENO HUMANO, dividiu os homens em três categorias: :: LEIA MAIS »
Meus anos vindouros
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Há alguns dias, ao me deslocar para o meu trabalho, liguei o rádio, e uma linda canção me emocionou enormemente. Ao analisar minha vida, minha idade, veio-me o pensamento que estava vivendo meus últimos anos aqui na Terra, claro ao fazer uma análise do meu quadro geral de vida, sem incluir as surpresas que elas pertencem ao meu livre arbítrio e a Deus.
A canção de Daniel se chama “Pra ser feliz” que muito chamou a minha atenção, me fazendo chorar quando pensei em Minha família.
Pra ser feliz
Do que é que o ser humano necessita?
O que é que faz a vida ser bonita?
A resposta, onde é que está escrita?
Pra ser feliz
O quanto de dinheiro eu preciso?
Como é que se conquista o paraíso?
Quanto custa
Pro verdadeiro sorriso
Brotar do coração?
Os meus últimos anos de vida terrena estão a minha frente; quero vivê-los com leveza, com serviços ao próximo, como sempre vivi, estar perto dos meus amigos em dificuldades principalmente de saúde. Quero estar mais perto do oceano, das florestas, visitar cidades que tanto admiro, viver mais a minha Itália tão amada por mim.
Meus olhos encheram de lágrimas, quando pensei na minha partida, e lá nosso Deus me enviasse para uma de suas casas e eu não pudesse vir abraçar, beijar, afagar e estar perto de meus netos. O que seria de mim, Pai? Nem consigo pensar, quando me lembro de cada um deles, cada jeito individual, cada beijo, cada palavra de amor, cada dizer que te amo, vovô. Nem consigo imaginar os momentos que tive com cada um individualmente que para sempre ficarão no meu velho coração. Sei que a justiça de Deus é perfeita; sei que ele dará um jeito para matar a minha dolorosa saudade! Mais dolorosas serão a saudade e falta da minha esposa querida, dos meus filhos, dos meus amigos… Por isso meus anos vindouros tenho que vivê-los perto deles; tenho que estar mais livre, servir e vivenciar ainda mais a oração de São Francisco de Assis.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa , que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
Onde houver dúvida, que eu leve a fé,
Onde houver erro, que eu leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido, amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se nasce para a vida eterna… :: LEIA MAIS »
Ainda desumanos
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Há dias passados estava a tomar meu café da manhã(como chamamos) e no meu pequena prato tinha uma minúscula formiga a participar comigo da refeição. Em outros tempos agiria de forma diferente, mas hoje jamais faria mal aquele pequeno ser de Deus, como não o fiz.
Na minha casa tenho um lindo campo de futebol soçaite, gramado dos belos estádios do Brasil, o amigo Orlando que cuida de lá a mais de dez anos, chamou atenção pelo imenso formigueiro que tinha no canto, mim orientando para a compra de veneno para dizima-las. Mostrei a ele a beleza da união delas e o trabalho em equipe e que jamais as mataria nesse extermínio sem igual. Sinceramente, Deus mim deu essa consciência e não posso feri-la, de maneira nenhuma. Não tenho fazenda, não como carne vermelha, ninguém precisa morrer para eu viver.
Albert Schweitzer, no seu latente e grandioso humanismo disse em um dos seus discursos “O homem não será realmente ético, senão quando cumprir com a obrigação de ajudar toda a vida á qual possa acudir, e quando evitar de causar prejuízo a nenhuma outra criatura”
Para estimular a leitura daqueles que nunca ouviram falar de Albert Schweitzer, antecipo dizendo que este grande homem foi Doutor em Filosofia, Doutor em Teologia, Doutor em Medicina (exercendo plenamente esses títulos como Filósofo, Teólogo e Médico), Músico internacionalmente reconhecido, Pastor Protestante, Professor Universitário, Erudito, Missionário, precursor da bioética, do trabalho humanitário e das atuais ONGs, Prêmio Nobel da Paz em 1952. ” “O fato essencial que devemos reconhecer em nossas consciências que já deveríamos ter reconhecido a muito tempo é que estamos nos tornando desumanos, a medida que nos tornamos super-homens, a medida que aprendemos tolerar os fatos da guerra, onde homens são mortos em massa, algo como vinte milhões na segunda guerra mundial. Que cidades inteiras e seus habitantes são aniquilados pela bomba atômica, que homens são transformados em tochas humanas por bombas incendiarias, somos informados dessas coisas pelo radio ou pelos jornais e ai julgamos como sucesso para o grupo a que pertencemos ou para nossos inimigos. Quando admitirmos que esses atos sãoos resultados da conduta desumana, essa admissão seráacompanhada pelo pensamento que a guerra em si, não deixa opção senão aceita-los. Ao nos resignarmos a esse destino, sem esboçarmos resistência ,estaremos sendo culpados de desumanidade. O que realmente importa é que devemos todos nos dar contas que somos culpados de desumanidade….”
Filho de uma proeminente família, Albert Schweitzer nasceu em Kaysersberg, na região da Alsácia-Lorena, em 14 de janeiro de 1875 e foi criado em Gunsbach, distante apenas 20Km, para onde mudou-se a família quando Albert ainda era um bebê. O pai, Louis, pastor luterano e professor, deveria atender àquela comunidade em suas funções. O avô e um tio foram prefeitos em comunas na região. A prima em primeiro grau, Anne Marie Schweitzer, casou-se com o oficial da marinha francesa Jean-Baptiste Sartre, sendo mãe de Jean-Paul Sartre.
Conta o próprio Albert Schweitzer que, aos vinte e um anos, deparou-se com a questão da escolha de sua carreira: músico, professor, teólogo? Meditou seriamente sobre essas palavras de Cristo: “Aquele a quem a vida cumulou de benefícios está obrigado a reparti-los em igual quantidade. Aquele que se vê livre de sofrimentos deverá contribuir para o alívio dos outros. Todos temos que carregar parte da carga de dor que pesa sobre a humanidade”. E assim firmou um pacto para consigo mesmo, de que iria dedicar-se à música, filosofia e teologia até os trintas anos. Após, renunciaria suas ambições pessoais para pôr-se à serviço da humanidade.
Todos os dias de nossas vidas vemos guerras, conflitos, assassinatos, políticos desonestos que roubam os recursos do povo, desconhecendo o nosso dever para com nossos irmãos. Não dá pra entender como o homem joga uma bomba em cima de seus irmos velhos, crianças, mulheres gravidas, como dizer que são humanos? Como dizer que acredita em um Deus, com essa desumanidade latente e perversa? :: LEIA MAIS »
Incertezas
Autor Edvaldo Paulo de Araújo
Qual a certeza maior de nossas vidas? Muitos dirão: – a morte. Não gosto dessa palavra pois não acredito nela, e, sim, uma viagem de volta para nossas casas. Somos daqui? Não.Viemos para um estagio com aprendizado sublime aqui nesse planeta Terra.
A esmagadora maioria na Terra tem essa incerteza; o pior: vive sua vida como se a chamada “morte” sóacontecesse aos outros. Vidas desregradas, num afã do ter, jamais do ser, sem curtir as belezas inimagináveis com que Deus nos presenteou, principalmente as belezas intimas do conhecimento e do exercício dessas belezas.
Está claro, na imensa obra do Criador, que estamos aqui para crescer em conhecimentos, em compaixão, solidariedade e amor. Como crescer e o que nos move nessa busca eterna de conhecimentos? São nossas incertezas? Possivelmente.
O que guia o nosso progresso? O que nos faz caminhar nesse intento? Comenta Allan Kardec, na questão 781 de O livro dos Espíritos: “Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se–lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más”.
O ser humano tem, em si, o gérmen do aprimoramento, lutando constantemente para encontrar-se em um estado melhor do que oimediatamente anterior. A insatisfação é da nossa natureza e representa importante propulsor da evolução.
Temos, em nós (alguns mais que outros), a extrema busca pelo que nos reserva o amanhã, e a latente incerteza é que nos move ao conhecimento e àbusca incessante de maior conforto, seja na esfera material ou espiritual. A escassez de alguns recursos e a existência de algumas necessidades nos colocam numa posição de tentar supri-las até conseguirmos, para, em seguida, identificarmos outra cujo alcance é razão suficiente paraenvidarmos todos os esforços de crescimento. Nesse contexto, a incerteza, que não se deve confundir com a falta de fé, é um fator catalidor e psicológico da marcha humana.
Por sermos pensantes, buscadores, insatisfeitos, se já tivéssemos nossas necessidades plenamente satisfeitas, muito provavelmente nos entregaríamos à inercia e ao comodismo. Nada teríamos a conquistar; não daríamos valor ao que temos, e a vida careceria de propósito.
Muitas vezes, escuto de pessoas, na sua batalha na vida, que, ao se aposentar, não pretendem fazer mais nada. Brinco que será assim por pouco tempo, pois virão intimamente as cobranças a sugerir a saída dessa inércia. Não nascemos para ficarmos estagnados; quem o faz, sofre os efeitos perversos, como, por exemplo, a entrega ao alcoolismo, adroga e a infelicidade. Entendo eu que o crescimento é como uma necessidade fisiológica; tem que acontecer, faz parte do nosso DNA. :: LEIA MAIS »
A solidão da dor!
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Durante a minha vida, passei por muitas e muitas dores alucinantes. Quantas vezes, pelas ruas de minha cidade, noites de neblinas, a chuva no meu rosto fundiu com minhas lágrimas? . Sentia-me absolutamente sozinho, sem amparo, sem palavras de consolo e lutava com o remédio da oração, para acalmar meu coração. Tantas vezes….
Casei, fiz uma família e esses estados minoraram, as dores foram mais aliviadas pelo aconchego dos meus, mas sempre a mesma constatação: a solidão da sua dor.
Ano passado, num pedal fatídico, estava com o meu melhor amigo, Onildo Oliveira Filho, que, no retorno, depois de 17km pedalando, veio a sentir-se mal. Mesmo com os meus cuidados, veio a falecer nos meus braços. Estabeleceu -se, por algum tempo, a esperança de que ele se restabelecesse, mas aconteceu e tinha acontecido no fatídico momento a sua morte. Foi uma dor dilacerante.
É uma grande dor. Durante um bom tempo, o sofrimento da sua perda, a lembrança do momento, a insistência dele naquele dia para pedalar, ficaram impregnados em mim, num sofrimento sem fim.
Refugiei-me em orações, buscando ajuda dos espíritos de luz, guiados pelo amor de Jesus, mas me veio aconstatação de como a dor é solitária, como ela está tão dentro de nós, de como ela fica impregnada no nosso ser, numa solidão sem fim. Por mais que tenhamos amparo, mas há os momentos sozinhos e aí ela aflora e vem a mais ampla e torturante solidão dessa dor.
O que fazer? Diz André Luiz: “Não permita que a dificuldade lhe abra a porta ao desânimo, porque a dificuldade é o meio de que a vida se vale para melhorar-nos em habilidade e resistência”. Não há como fugir, se acalmar, orar e ter a certeza ligada totalmente, a esperança de que vai passar, de que faz parte do viver nesse planeta, que essas alternativas são para aprimorar nossa resistência como diz nosso amado André Luiz.
A fé é o remédio seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente. Não nos pergunteis, portanto, qual o remédio para curar tal úlcera ou tal chaga ou a solidão da sua dor. Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pelo remédio da fé. Não sufoque a sua dor, compartilhe, busque ajuda, mas saiba ela é sua e só você vai sair dela.
Pierre Teilhard de Chardin, Jesuíta, paleontólogo, antropólogo francês, que viveu entre 1881 e 1955, autor do conhecimento do livro O FENÔMENO HUMANO, dividiu os homens em três categorias: :: LEIA MAIS »
Incertezas
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Qual a certeza maior de nossas vidas? Muitos dirão: – a morte. Não gosto dessa palavra pois não acredito nela, e, sim, uma viagem de volta para nossas casas. Somos daqui? Não.Viemos para um estagio com aprendizado sublime aqui nesse planeta Terra.
A esmagadora maioria na Terra tem essa incerteza; o pior: vive sua vida como se a chamada “morte” sóacontecesse aos outros. Vidas desregradas, num afã do ter, jamais do ser, sem curtir as belezas inimagináveis com que Deus nos presenteou, principalmente as belezas intimas do conhecimento e do exercício dessas belezas.
Está claro, na imensa obra do Criador, que estamos aqui para crescer em conhecimentos, em compaixão, solidariedade e amor. Como crescer e o que nos move nessa busca eterna de conhecimentos? São nossas incertezas? Possivelmente.
O que guia o nosso progresso? O que nos faz caminhar nesse intento? Comenta Allan Kardec, na questão 781 de O livro dos Espíritos: “Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se–lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más”.
O ser humano tem, em si, o gérmen do aprimoramento, lutando constantemente para encontrar-se em um estado melhor do que oimediatamente anterior. A insatisfação é da nossa natureza e representa importante propulsor da evolução.
Temos, em nós (alguns mais que outros), a extrema busca pelo que nos reserva o amanhã, e a latente incerteza é que nos move ao conhecimento e àbusca incessante de maior conforto, seja na esfera material ou espiritual. A escassez de alguns recursos e a existência de algumas necessidades nos colocam numa posição de tentar supri-las até conseguirmos, para, em seguida, identificarmos outra cujo alcance é razão suficiente paraenvidarmos todos os esforços de crescimento. Nesse contexto, a incerteza, que não se deve confundir com a falta de fé, é um fator catalidor e psicológico da marcha humana.
Por sermos pensantes, buscadores, insatisfeitos, se já tivéssemos nossas necessidades plenamente satisfeitas, muito provavelmente nos entregaríamos à inercia e ao comodismo. Nada teríamos a conquistar; não daríamos valor ao que temos, e a vida careceria de propósito.
Muitas vezes, escuto de pessoas, na sua batalha na vida, que, ao se aposentar, não pretendem fazer mais nada. Brinco que será assim por pouco tempo, pois virão intimamente as cobranças a sugerir a saída dessa inércia. Não nascemos para ficarmos estagnados; quem o faz, sofre os efeitos perversos, como, por exemplo, a entrega ao alcoolismo, adroga e a infelicidade. Entendo eu que o crescimento é como uma necessidade fisiológica;tem que acontecer, faz parte do nosso DNA. :: LEIA MAIS »
Falta sempre um pedaço
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Quem de nós, nos momentos belos, não tem a sensação de que falta algo ou alguém? Às vezes, em lugares lindos, momentos iluminados, sempre vem a sensação de que falta algo, pensamos sempre nisso. Às vezes, estamos em um lugar e, encantados, pensamos. Às vezes, colocamos que gostaríamos muito de que determinada pessoa ali estivesse, que preencheria mais o momento. Não é insatisfação, não é falta de agradecimento de ali estar; é que gostaríamos de que os que mais amamos, ou aqueles que se identificam com aquele momento estivessem ali conosco. Tem pessoas nas nossas vidas que, por muitas vezes, nos incluíram em lugares, em momentos, muitos lugares elas aparecem em nossos pensamentos; geralmente, por não estarem, gostaríamos imensamente de que lá elas estivessem e, quando elas estão, aparecem outras pessoas e situações. A velha história, dizemos: “pra ficar perfeito falta…”.
Há algum tempo conversando com um amigo muito querido, ele me falava da sua separação da primeira esposa com quem tinha quatro filhos. Na sua narrativa, ele soltou algumas frases: “deveria ter tido mais paciência..” “…deveria ter dado um tempo..”, a separação para o homem é muito desvantajosa, dizia ele; o Homem perde a família e a mulher apenas o marido! Meu amigo concorda então com seu depoimento que faltou um pedaço que, na tradução, é paciência e tempo.
É difícil não ter esse tipo de sentimentos; faz parte da nossa formação humana a insatisfação embutida em muitas coisas, a não estar satisfeito ou não ter satisfação plena. Entendo eu que o Criador nos colocou dessa forma justamente para estarmos sempre em busca de melhorar, de fazer melhor, de buscar, através de conhecimentos, ter a grandeza da satisfação plena; o entendimento que o cabe nesses casos é apenas o agradecimento, a certeza de que faz parte da vida humana, crescer; e o ser humano, só cresce na dificuldade; isso é absoluto.
É muito comum, em todos os aspectos da vida, esse sentimento, essa sensação de que falta sempre um pedaço, seja num livro que lemos, numa canção que ouvimos, num filme a que assistimos, numa viagem que fazemos, nas realizações mais simples do nosso cotidiano, a sensação de que poderia ter sido melhor, de que poderia ser mais especial, para que fosse perfeito. E a perfeição existe? :: LEIA MAIS »
Encontros
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Meu trabalho fica na parte central ou na praça central de minha cidade, Vitória da Conquista Bahia. Brinco com os amigos que, quando me desloco a pé por essa parte da cidade, demoro horas num pequeno trecho que, indo direto, o faria em alguns minutos. Por quê? Porque encontro amigos que, há muito, não os via. Não consigo deixar de parar, abraçá-los, saber onde estão, saber como está a sua vida e sua família; é meu jeito; não consigo ser diferente. Num dia chuvoso e bastante frio, sai do trabalho e fui comprar uma medicação; e encontrei um querido e amado amigo, Luís Cangussu, que, há muitos anos, não via; foi um momento de muita emoção ao me contar de situações terríveis pelas quais passou ao contrair a COVID. Seus olhos brilharam emocionados por estar vivo, na plenitude de sua vida. Emocionado, disse a ele quanta alegria por encontrá-lo e por ele estar bem.
Outro dia, numa madrugada bastante nublada com aquela nevoa que não permitia enxergar quase nada, ia buscar lenha na fazenda de um amigo e precisava deixar a carga que estava na minha camionete num terreno de nossa propriedade no alto e próximo à estrada por que viajaria. Na dificuldade de abrir o portão, vi que vinham duas pessoas conversando em uma bicicleta. Sem reconhecê-las, pedi ajuda, e um deles, de prontidão, me respondeu: – “Filhos de Jesus têm que se ajudar. “Quando desceu da bicicleta, um deles falou: – Que bom que é o senhor Edvaldo Paulo! Quando o fitei, logo reconheci o Senhor Abílio, que trabalhou comigo. Fiquei muito alegre ao revê-lo, pois tinha realmente muitos anos sem o encontrar. Ajudaram-me a abrir o portão. Quando finalizou a tarefa, ele me disse da alegria de ter-me encontrado e solicitou que fizéssemos uma oração. De mãos dadas, oramos a oração que Jesus nos ensinou. Senti-me tão feliz, tão abastecido de energia, tão emocionado, tão completo com aquele encontro e aquela oração!
Na estrada, dirigindo sozinho, fui recordando do encontro com meu amado amigo Humberto Flores no ano passado. Humberto, de saudosa memória, um gentleman: espirituoso, alegre, sempre de bem com a vida, com quem sempre fazia uma brincadeira para elogiá-lo. Dizia que ele era uma arvore frondosa na beira de uma estrada na fazenda, de quem, com o calor imenso que estava, ao ficar à sua sombra, não queríamos mais nos afastar. Assim era a pessoa dele; sempre tão cativante, agradavelmente educado, de uma personalidade inigualável. Ao falarmos da pandemia, pois estávamos a atravessando, ele proferiu uma frase inesquecível: “Quando eu for embora para o outro lado da vida, no momento em que você chegar lá, farei uma grande festa.” Lembrei das nossas conversas. Despedimo-nos no final daquela tarde e aquele foi nosso último encontro. Graças a Deus, tive a oportunidade de dizer ao meu amigo o quanto lhe queria bem, do carinho e da amizade que lhe dedicava, o que ele retribuiu prontamente. :: LEIA MAIS »
Conquista e os 5 anos do sistema municipal de cultura
Por Alexandre Aguiar*
No dia 11 (onze) de outubro de 2016 foi sancionada a Lei Municipal 2.106/2016 no Município de Vitória da Conquista-BA, que dispõe sobre a regulamentação do Sistema Municipal de Cultura, em complementaridade constitucional ao Sistema Nacional e Estadual de Cultura.
Por viés de análise critico-jurídica, trata-se de uma resposta Estatal positivada, a noção de existência da cultura, direito humano fundamental, reconhecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário.
Ora, desde a Ditadura Civil-Militar, no ano de 1975, foi lançada a Política Nacional de Cultura, porém naquela ocasião, o artífice do Movimento Nacional de Cinema Novo, Glauber Rocha, estava exilado, ou seja, expulso do Brasil e não pôde opinar na PNC, dotada de forte viés patrimonialista material. :: LEIA MAIS »