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O Silêncio dos Paneleiros. Um texto do arquiteto e urbanista Oscar Barreto, sobre a vida dos descendentes indígenas que vivem em Vitória da Conquista.


Tivemos a oportunidade de entrevistar uma figura ilustre, descendente de indígenas, que realiza um trabalho notável junto às comunidades originárias. Ele percorre diversas regiões do Brasil, conhecendo de forma direta e presencial a realidade dos povos indígenas e de seus descendentes. Ludwig conversou conosco durante o programa
Agito Geral — e, sem dúvida alguma, despertou em mim uma grande curiosidade sobre os povos que vivem tão próximos de nós, aqui em Vitória da Conquista, mas que muitas vezes passam despercebidos.

A poucos quilômetros da sede municipal, encontramos comunidades compostas por descendentes indígenas, cuja vida cotidiana é invisibilizada. Em Salvador, conhecemos, ainda que virtualmente, o arquiteto e urbanista Oscar Barreto, defensor da causa indígena, que reconhece nesses povos uma forma de resistência histórica, cultural e humana que precisa ser compreendida e respeitada.

Oscar nos enviou uma reflexão sensível e potente — um texto que fala sobre os “paneleiros”, grupo que reside na zona rural de Vitória da Conquista e que preserva, por meio da confecção de panelas de barro, um saber ancestral que vai além da sobrevivência econômica: é herança cultural viva.

Publicamos agora, na íntegra, o texto de Oscar Barreto, intitulado “O Silêncio dos Paneleiros”, com o compromisso de ampliar esse debate e trazer à luz a realidade dos povos originários que vivem entre nós.

Em breve, traremos aqui ao blog moradores da comunidade do Panela, para que possam compartilhar conosco manifestações culturais e experiências que mostram a força da identidade indígena em nosso município.

O despertar no silêncio dos paneleiros

Inspirou-me escrever esse texto, por gratidão aos meus amigos que fiz a partir do grupo “Pensando Bem¨, nesse caso em especial, aos amigos Fábio Sena, Pedro Massinha, José Carlos e Cláudio Sena, que juntos a outras pessoas de Vitória da Conquista, deram todo apoio à presença do ativista e estudioso Ludwig Reveste e a companheira Vera nessa cidade.

Ludwig é um indígena da etnia Mapuche que significa na sua língua original, Povos da Terra, que vivem no centro-sul do Chile e Sudoeste da Argentina e sua história é conhecida por nós, por ser um povo que conteve o avanço do império Inca e que também nunca fora conquistado pelo Império Espanhol e somente tiveram seus territórios invadidos, quando do advento das repúblicas no cone sul da América, sendo a população Mapuche confinada em “reduções” no Chile e reservas indígenas na Argentina.

A visita de Ludwig á cidade de Vitória da Conquista tem um significado especial, pois desperta em nós, percebermos em comunidades muitas vezes isoladas, as quais a colonização tentou apagar, quem são aqueles povos que herdamos no DNA a nossa verdadeira história e como fomos surpreendidos, eu em particular, nas visitas aos povos da comunidade de Ribeirão dos Paneleiros em Batalha, com a força da sua Cacica e artesã Elza, o talento na liderança do jovem Artista Vando Oliveira e a comunidade da aldeia do alto da Abobreira no Ribeirão do lago do Rio Pardo, com sua Cacica Tanara e a liderança de seu atencioso marido Rhaonny, todos da etnia dos povos Kamacâs, que juntos com os Tupinambás são os únicos que regem a ancestralidade e estão localizados do Rio de Contas, na Bahia, até o Rio Doce em Minas Gerais, onde vive o povo Krenak, do ativista indígena Ailton krenak, um grande expoente de todos os povos indígenas de Pindorama, que é o nome verdadeiro para os indígenas, do território que chamamos de Brasil.

À medida que assistia aos vídeos que eram enviados pelo Canal abyayala 473 e a entrevista que foi concedida a rádio upconquista a Pedro Massinha, eu me encantava ao ver uma tradição de um trabalho magnífico, que não se perdeu, representadas na arte daquelas panelas de barro e me perguntava, o porquê em uma cidade tão importante não estava incorporada aquela rica cultura.

Recordo-me que já viajei para o nordeste brasileiro visitando cidades como Aquiraz no Ceará, em busca de redes, rendas e outros artesanatos nordestinos, como já estive na Serra da Capivara em São Raimundo do Donato no Piauí para conhecer as cerâmicas grafadas com imagens deixadas pelos povos pré-históricos, região ainda em luto pelo falecimento da importante arqueóloga Niède Guidon, como já estive no norte do país atrás da cerâmica marajoara, da ilha de Marajó, no Estado do Pará. Na Bahia, por diversas vezes fui apreciar a cerâmica artesanal em Maragogipinho ou comprar panelas de barros em Nazaré das Farinhas na famosa feira dos Caxixis.

No caso, da comunidade Ribeirão dos Paneleiros, tem algo muito especial que os acompanham, além dessa arte particular, que está descrito no excelente livro da estudiosa Professora Renata Oliveira, “Índios Paneleiros do Planalto da Conquista”, que trata da resistência dos povos Botocudos, povos do tronco Jê, no processo de colonização na região, ocorrido entre o século XVIII e o século XIX, que trás a tona uma tentativa de apagamento histórico geográfico de um povo e a apropriação das terras na região de Batalha.

Está descrito acima o potencial cultural de mais essas comunidades de indígenas e também dos quilombolas presentes na região, que nos ensinam que essa união é a grande demonstração de resistência de povos unidos por uma sobrevivência, diante de uma potência que desejava aniquila-los e parabenizo o nosso Ludwig, por apresentar a todos através do seu canal, mais essa saga tão rica guardada em um cantinho de Abya Yala, que é como os indígenas  conhecem o que chamamos de continente Americano, que vai da terra do fogo ao estreito de Bering.

Peço aos leitores desse importante blog de Massinha, que se inscrevam no “canalabyayala 473” e incentivem essa luta dos povos originários, por suas legitimas terras, sua cultura, sua arte, sua história e tradições, desfrutando e se renovando nessa linhagem rica e ancestral.

4 respostas para “O Silêncio dos Paneleiros. Um texto do arquiteto e urbanista Oscar Barreto, sobre a vida dos descendentes indígenas que vivem em Vitória da Conquista.”

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alessandro tibo


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