imagem box de assinatura J Rodrigues Vieira Agito Geral

* Por J Rodrigues Vieira

Assustados e impotentes diante uma ameaça invisível, após superarmos esse período de isolamento social, quais serão nossos estímulos proativos e retroativos? Será que proativamente seremos indenizados por todos os danos retroativos que sofremos ao longo de raízes históricas e econômicas tão profundas e injustas?

Nesse todo que me parece uma realidade fantástica, em meio à maior crise sanitária do século, ponho a me perguntar: Nessa experiencia coletiva, como poderemos entender o significado profundo da mensagem. Outro dia assistimos o presidente da república, indo contra as recomendações de seu próprio Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, tossindo e fazendo discurso num ato antidemocrático que pedia explicitamente “intervenção militar” e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal em frente a um Quartel General do Exército, em Brasília. Isso é realmente fantástico! É, senhores e excelentíssimos doutores…

Essa catástrofe sanitária parece querer nos revelar um universo falso, muitas vezes alterado por suas leis e valores. Talvez, grande parte de nós, estejam defendendo o estranho sem saber. Quando ouço nossas autoridades — duvidosas — percebo que nada parecem saber sobre a miséria; sobre a desgraça alheia. Quando ouço homens arrotando impiedosos saberes duvidosos, me recolho ao silêncio para não enlouquecer em meu perceptivo sentimento de mundo. Pior agora, quando, nessa realidade fantástica, a única verdade nesse tempo estranho, realmente, talvez seja o encontro com próprio estranho. É ensurdecedora essa incapacidade em compreendermos a evidente catástrofe social que sofremos ao longo de raízes históricas e econômicas tão profundas e injustas!

**J Rodrigues Vieira é ficcionista, membro da UBE – União Brasileira de Escritores.