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Por J Rodrigues Vieira*

Nesse momento indeciso, o que sabemos realmente sobre a realidade dos fatos?
Ante ao desconhecido, numa videoconferência transmitida pela TV Brasil no domingo de Páscoa, o empresário e pastor Silas Malafaia chamou a imprensa de “profetas do caos”. Em seu antropocentrismo, que nos deixa parecer ser mais financista e menos de profissão de fé, Silas Malafaia desconsidera uma pandemia que já matou milhares de pessoas no Brasil e no mundo, alegando ser as medidas de combate ao novo coronavírus, uma grande conspiração contra o presidente Jair Bolsonaro. Naquela videoconferência, além do próprio presidente Bolsonaro, também estavam o deputado Marco Feliciano, a esposa de Silvio Santos, Iris Abravanel, o padre Reginaldo Manzotti, entre outros, que ouviram “agraciados”, o empresário e pastor dizer que nenhuma previsão catastrófica acontecerá no nosso país.

Em momentos de incertezas, se reforça o ambiente propício para que indivíduos como Silas Malafaia se apropriem dos ensinamentos de Deus e se transformem em poderosos transmissores de pensamento, por conta da intensidade particular de nossos sentimentos: medo, desejo de felicidade e de ser tranquilizados. Messiânico e impassível ante a dor e o sofrimento dos outros, Silas Malafaia disse, “gente morre de tudo quanto é coisa”. Também, possa ser que, após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ter determinado a proibição de cultos nas igrejas lideradas por ele, irritado, o empresário pastor que nos parece querer atribuir a si próprio o dom da ciência infusa, diz que a “imprensa resolveu ser partido político por interesses escusos”. É…

Ainda, na videoconferência, Bolsonaro teve o disparate de comparar a suposta facada que levou em 2018 à ressurreição de Jesus Cristo. O uso sectário fez com que o relator da Organização dos Estados Americanos (OEA) para liberdade de expressão, Edison Lanza, observasse que a transmissão da TV Brasil se transformara num “espaço para proselitismo político e religioso”. Diante os flagelos que afligem a humanidade nesse momento indeciso, quais são os interesses desconhecidos dos espúrios messias midiáticos com intuito de lucrar com a boa fé das pessoas?

**J Rodrigues Vieira é ficcionista, membro da UBE – União Brasileira de Escritores.