Por Edvaldo Paulo de Araújo

Ao longo dos dias, podemos verificar e, com certeza, estamos sempre usando esse substantivo, sem a devida análise do que significa esta palavra tão cotidiana: preocupar. Pré-ocupar-se é ocupar-se previamente com o que ainda não aconteceu e pode vir a não acontecer. Em geral, preocupamo-nos porque ansiamos evitar o desagradável ou alcançar o agradável. O nosso ego é uma parcela a que cada um de nós se apega, deseja, detesta, odeia, briga e teme. Tudo isso nos estressa e nos desgasta. Ao nos preocuparmos, estamos antecipando ou vivenciando uma situação antes do devido tempo, que geralmente nos faz despender energia sem a menor necessidade. Das muitas causas de doenças e envelhecimento precoce, esse é um dos fatores. Nossa mente é muito ansiosa e sente necessidade de nos dominar, por isso vivemos esse estado de busca por fatores futuros do que nos agrada, nos desconforta ou ameaça, mesmo não estando presentes. É preciso ter ações inteligentes e não se desgastar com acontecimentos simplesmente mentais.

“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. ”
Mt. 6:34

Quando acordamos e nos preparamos para vivenciar o nosso dia, temos muitas opções à nossa frente. Alguns com extrema dificuldade, sofrimentos e acontecimentos de dores, quase que insuportáveis. Alguns se preparam para acontecimentos felizes e inesquecíveis, já marcados com antecedência. A grande e esmagadora maioria se prepara para dias comuns de trabalho, luta pela sobrevivência. Não seria melhor proteger-nos contra a canseira, o desgaste e a tensão? Assim, alcançaríamos melhores condições de eficiência, além da lucidez para melhor administrar fatos e coisas na hora exata em que ocorrerem.
O Senhor dos mundos nos oferece uma série de opções para vivenciar este dia. Podemos vivê-lo com fé e confiança, com alegria, com gestos bondosos, com realizações e sempre em mente que tudo caminhará bem e que esse dia será altamente positivo e maravilhoso, e nada, nada nos impedirá de passar por esse dia dando o melhor de nós para contribuir positivamente com a energia que move o nosso maravilhoso habitat. A tarefa, muitas vezes, não é fácil, temos que vencer muitas dificuldades e barreiras que, certamente, surgirão para que não cumpramos o nosso intento a que nos predispusemos.
Muitas vezes, deixamos de nos concentrar em nosso foco de alegria, realização e positividade e começamos a utilizar a nossa energia com pensamentos, vivenciando situações fora do tempo, ou seja, nos “preocupando”. A minha luta diária é para que esse instinto humano fique cada vez mais longe dos meus pensamentos, ocupando-os com o momento presente, com as minhas realizações imediatas, com o planejamento do meu dia.
É preciso, extremamente preciso, mantermos a direção do barco, pois se deixarmos ventos contrários nos levar, com certeza nos perderemos e teremos muitas dificuldades para retornarmos para casa sãos e salvos. Temos que segurar firmes no leme do barco da vida. Temos que utilizar a nossa energia de forma inteligente e nunca, em momento algum, “dançarmos antes que a música toque”. Esperemos a música tocar, aí então vamos dançar ao seu modo. Vamos resolver e realizar o tal motivo da “preocupação” no seu devido momento, na sua devida hora, com a devida energia e sua racionalização. Vamos viver o momento presente com força e vigor em tudo o que fizermos de positivo para nós e para o mundo em que vivemos.
Quando o mestre criador nos designou este corpo, como não poderia deixar de ser, fez de forma perfeita em todos os sentidos, cada um com sua dificuldade para ser superada. Um dado importante é que dentre os fatos regeneradores, o criador nos proporcionou o sono aliado à noite, que, se bem dormido, restaura toda a nossa energia e renova os nossos neurônios, restabelecendo assim o desempenho total de nossas células.
É tácito que muitas atividades humanas são mais desgastantes do que outras. É cientificamente provado que aqueles que desenvolvem atividades onde se usa muito o intelecto têm mais facilidade de recuperar-se do cansaço. Aqueles indivíduos que possuem uma atividade que é quase puramente física, onde predomina o desgaste físico – o trabalho braçal -, ao tomarem um bom banho, terem algumas horas de sono e relaxamento, logo, como se diz, “estão prontos para outra”. O que não acontece com quem desenvolve atividades puramente de intelecto. Nesse caso, a recuperação é mais longa e pode depender de outros fatores.
Muitas vezes, passamos anos a fio por uma mesma rua e não notamos determinada casa ou jardim. Muitas vezes, passamos da mesma forma por praças, jardins, estradas, lugares maravilhosos e nunca percebemos a intensa beleza desses lugares refletida em detalhes tão importantes. Onde estavam nossos pensamentos quando, por anos e anos, não notamos essa beleza diante de nossos olhos? Perdidos em pensamentos “preocupantes” ou focados em “preocupações”. Fica a pergunta, “é para isso que existimos”? Viver situações antes do tempo? Sei que as coisas não são muito simples, mas sei que suas respostas são.
Ao deixarmos o nosso intelecto, além de nossa carga diária de atividade, ser invadido por energias outras, que poderiam e deveriam ser postergadas, no caso as “preocupações” e outras atividades psíquicas altamente negativas, estaremos num processo de envelhecimento precoce e sujeitos a doenças que assombram a nossa sociedade. Doenças de cunho psicológico que decretam, em nossa vida, a incapacidade da busca por harmonia e felicidade.
Preocupação – Tentando me livrar desta forma de ocupação antecipada, passei a anotar tudo o que me leva a isso, anoto tudo o que me “preocupa” e, toda vez que alguma dessas preocupações me vem à mente, imediatamente digo a ela, “volte para seu lugar no caderno, no computador, na agenda, ou seja, onde ela está anotada. Esse é o seu lugar, não venha mais à minha mente, pois não a quero aqui”. Procuro prestar atenção ao que me rodeia ao que me cerca, pois tudo é tão rico, tudo a nossa volta são acontecimentos que jamais se repetirão e, muitas vezes, perdemos oportunidades preciosas ao estarmos envolto em “preocupações” postergáveis.
Como diz o cantor e poeta Lulu Santos:
”Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo.
Tudo muda o tempo todo. No mundo”.

Lulu Santos