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“A OAB está muda e omissa”, diz Gutemberg
Gutemberg Macedo, presidente da OAB de Vitória da Conquista, falou sobre o papel da Ordem na atualidade, problemas enfrentados e qual futuro que espera ser traçado pela instituição.
O presidente encerra seu comando no final deste ano e entrega o mandato para o recém eleito Ubirajara Ávila, no dia 01 de janeiro de 2016.
BM: Nós temos observado a nível nacional que a OAB está ausente das grandes causas. Tanto a Ordem como a CNBB, sempre foram duas entidades que se fizeram presentes em grandes causas em defesa do povo brasileiro.
GM: A OAB vive um momento bem estranho e atípico da sua história é uma instituição que tem mais de 80 anos só considerando o atual formato dela e é um órgão que construiu uma história de lutas democráticas pelo estado democrático de direito. A começar bem lá atrás no período da ditadura de Getúlio Vargas, estado novo, passando pela constituição do país, o combate a ditadura militar, redemocratização do país, diretas já, impeachment de Collor, promulgação da Constituição de 1988 e luta contra tortura. É um histórico de lutas que a credenciaram com uma das instituições mais sérias do país e infelizmente vejo nesse momento uma ausência injustificável da OAB, a exemplo de um presidente federal da Ordem em pleno exercício do mandato pleitear o cargo de ministro do STF. Eu nunca tinha escutado falar da possibilidade, já que nós representantes da OAB não podemos colocar nossos nomes à disposição de cargos públicos e que dependam de nomeação do chefe do executivo. Por um motivo simples, uma das funções da Ordem é fiscalizar os atos do poder legislativo, executivo e judiciário. É uma instituição não governamental que tem essa atuação histórica. O Ministério Público tem assumido um papel de protagonismo, não porque compete a ele essa responsabilidade, mas, pela ausência dessa luta no combate a corrupção. Nós estamos acompanhando os maiores escândalos que esse país já teve notícia. A OAB está muda e omissa.
BM: Além da Ordem, parece que a União Nacional de Estudantes (UNE) e a Central Única dos trabalhadores (CUT) também se distanciaram dessas lutas.
GM: É porque quem está no governo na verdade é o Partido dos Trabalhadores, e tem um vinculo histórico com a CUT, UNE e o movimento da esquerda brasileira que não estou aqui criticando, pelo contrário, acho que são posições ideológicas que se encontram, mas, que não se justifica. Nosso país precisa ser visto o quanto antes dentro da linha das lutas democráticas não só de questões político partidárias, mas sim, no que consiste aos princípios que norteiam a república. Esses princípios não estão sendo defendidos a contento pelo presidente da OAB. A UNE e a CUT também porque os retrocessos que vi na questão dos direitos trabalhistas e a instituição, muda, calada, isso para mim é uma coisa grave. :: LEIA MAIS »
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