Bell deixou o Chiclete no momento em que todos apostavam que era a hora de se juntar, de união, e que a “roupa suja deveria ser lavada em casa”, mas não, ele contrariou todos aqueles que previam ou pregavam que seria um suicídio, seria enterrar uma carreira vitoriosa, cheia de sucesso ao lado de dois irmãos e grandes amigos da música.

Ivete Sangalo, considerada pela grande maioria como a principal artista da música brasileira dado ao seu carisma, qualidade musical e capaz de desfilar por qualquer ritmo sem perder o poder de agradar ao mais refinado ouvinte, retornou ao carnaval de Salvador, ao trio elétrico, seu palco principal, como ela própria afirma: “eu sou cantora de axé, eu amo o trio elétrico, sou da Bahia com muita honra”. Ivete, com o nascimento das gêmeas Marina e Helena, ficou de fora do carnaval no ano passado frustrando não apenas os participantes do Bloco Coruja que chegam todo ano a capital baiana para curtir os dias de folia dentro da corda, mas deixou triste toda uma massa humana que vai às ruas de Salvador para aplaudir, bater palmas e gritar o nome da melhor cantora do Brasil.

Durante a folia momesca Vitória da Conquista fica quase que uma cidade fantasma, não porque a nossa gente não goste, ao contrário, é que fica sem opção, daí esse vazio enorme que tomou conta dos foliões nos últimos tempos. Quem pode, viaja, quem não quer ou não não pode, se recolhe em casa.

A prefeitura, através da Secretaria de Turismo, desde os últimos governos e agora na gestão de Herzem, dá um pequeno apoio logístico às iniciativas de produtores culturais, mas de olho, acompanhando de perto para que a festa não cresça e fique sob a sua responsabilidade executá-la doravante. O governo de Guilherme Menezes preferiu investir no Natal e no São João, mas apenas como “celebração”, não como cultura de massa, nada que ganhasse densidade, “vamos comemorar domesticamente, sem publicisar, é a nossa contribuição ao resgate da nossa cultura”, teria dito os artífices dos dois eventos, imagino.

“Não permitam que falem de Kanário, quando disserem que eu falei isso ou aquilo, me perguntem que eu lhes direi se é mentira ou verdade”, disse o cantor de cima do trio que lhe conduzia puxando o folião sem cordas.

Nos dois últimos anos o cantor esteve envolvido em polêmicas com o comando da Polícia Militar, quando, segundo policiais, Igor Kanário incitava a violência lançando palavras que depreciavam a imagem da PM.

Desde o início do mês de janeiro os abadás do bloco Largadinho, da cantora Claudia Leitte, já havia encerrado as vendas. Foliões de todo o Brasil desembarcam no aeroporto de Salvador para curtir os três dias que Claudinha desfila na orla baiana comandando o seu bloco que é considerado um dos preferidos do público.

No início do percurso Barra/Ondina várias celebridades visitam o camarote de Gilberto Gil, um dos ícones da música baiana e brasileira. Todos vão levar ao ex-ministro da Cultura do governo Lula um abraço fraterno em reconhecimento  a tudo que o baiano ilustre fez pelo nosso carnaval desde os tempos que cantava com Caetano os frevos pernambucanos em cima do trio elétrico.

Hoje é o último dia da folia em todo o Brasil que realiza a festa momesca nos dias tradicionais. Em Conquista encerrou a folia no Boulevard Shopping com a apresentação do Carnaval Cultural que conseguiu atrair um grande público que aproveitou com muita tranquilidade os três dias de festa. A grande novidade no Carnaval Cultural foi a presença da Tenda do Beco, que aderiu a festa e conseguiu atrair os foliões que curtem com o viés ideológico como afirma Esdras Tenório, o idealizador do movimento: “estivemos lá, foi muito bacana, conseguiram um espaço pra gente e instalamos a nossa tenda”, afirmou Esdras que logo cedo já estava no Centro de Cultura providenciando tudo para a festa de logo mais que encerrará a programação na capital do sudoeste da Bahia.