Terreno do antigo aeroporto poderá ser mais um conto da carochinha — ou a cidade se mobiliza, ou será apenas mais uma pauta eleitoral.

Costuma-se, às vésperas das eleições, ver políticos visitando cidades ou levando para a capital discussões sobre pontos considerados fundamentais para o desenvolvimento regional. No entanto, Vitória da Conquista precisa se impor. Ou a cidade reage a esse tipo de promessa, ou enfrentará mais uma vez o ciclo de angústia e expectativa frustrada, onde tudo que se discute vai sendo engolido pelo tempo e esquecido pelas autoridades.
Poucas vezes vimos as reais necessidades do povo conquistense sendo atendidas com a urgência que merecem. E não se trata aqui de exigir soluções mágicas — de fazer um pedido e ver tudo resolvido na semana seguinte. O que se espera é planejamento e compromisso. Afinal, o Estado e o município possuem várias demandas, e as prioridades da população podem não ser, necessariamente, as prioridades dos gestores.
Mas em se tratando de uma cidade com a importância de Vitória da Conquista, é inadmissível o descaso com temas fundamentais. Vejamos o caso da duplicação da Rio-Bahia. Uma demanda antiga, que atravessa décadas. Por um tempo, essa foi a pauta número um de nossa população. Porém, com o tempo e diante das dificuldades e dos altos custos envolvidos, muitos passaram a considerar os viadutos como uma solução mais viável e de execução imediata.
Dessa forma, a Câmara se mobilizou, a prefeita Sheila Lemos também, deputados engrossaram o coro, e a sociedade civil, através do movimento Duplica Sudoeste, entrou em campo. Um esforço coletivo que precisa continuar — porque o perigo no trecho urbano da BR-116 é real e constante. Mortes, acidentes e prejuízos continuam sendo registrados, e a cidade segue vulnerável.
Mas voltemos ao terreno do antigo aeroporto Pedro Otacílio de Figueiredo. Hoje, o local é símbolo do abandono: ruínas, mato, entulho. A única presença institucional digna de nota é a do Corpo de Bombeiros, uma das instituições mais respeitadas do país — o que, de certa forma, ainda confere algum sentido àquela área. Mas e o restante? O que será feito daquele valioso espaço?
Em meio a promessas, foi apresentado o chamado Master Plan, um projeto urbanístico com nome pomposo, que visava dar uma nova destinação àquela área nobre da cidade. No entanto, o tempo passou, as falas diminuíram, e tudo parece ter sido engavetado. E é aqui que precisamos redobrar a vigilância.
Não se trata de pessimismo — é senso de responsabilidade. Ou a cidade cobra, pressiona, exige que o projeto saia do papel, ou novamente outras cidades, com mais articulação e insistência, sairão na frente e terão suas demandas atendidas primeiro.
Vitória da Conquista não pode continuar sendo deixada para depois. O terreno do antigo aeroporto não pode ser mais um símbolo da nossa apatia ou da política eleitoreira. É hora de agir, de forma concreta, e garantir que esse importante espaço sirva, de fato, ao desenvolvimento urbano e social da cidade. Caso contrário, mais uma vez, seremos relegados ao esquecimento — e outros avançarão enquanto ficamos apenas a assistir.

















