Foi-se o tempo em que a
fidelidade partidária era um princípio inabalável para prefeitos, vereadores e até deputados no cenário político baiano e brasileiro. No passado, era impensável que um líder municipal mudasse de lado, especialmente quando falamos da era do ex-governador Antônio Carlos Magalhães (ACM). Quem fazia parte de seu grupo permanecia fiel, independentemente das dificuldades de administrar suas cidades. Da mesma forma, figuras históricas do MDB, como Waldir Pires, Chico Pinto, Pedral Sampaio, Haroldo Lima, Raul Ferraz, entre outros, jamais cogitariam aderir à base do antigo grupo carlista.

Contudo, a política mudou radicalmente. O pragmatismo político tomou conta do cenário eleitoral e, hoje, os partidos se assemelham mais na prática do que nos discursos. O PT de 1980, por exemplo, aquele que fazia reuniões intermináveis para debater cada decisão estratégica, já não tem mais a mesma rigidez ideológica. O que interessa agora é fortalecer a base política para garantir a governabilidade e futuras disputas eleitorais.

Nesse contexto, o governador Jerônimo Rodrigues está construindo uma base cada vez mais robusta. Com habilidade e estratégia, ele não apenas convida, mas acolhe prefeitos e lideranças municipais que antes estavam ao lado de ACM Neto e que, por diversas razões – seja por investimentos do governo estadual, alinhamento de projetos ou pura sobrevivência política – optam por mudar de lado.

Esse movimento não é unilateral. Assim como Jerônimo atrai lideranças para seu grupo, Neto também jogará suas cartas para recuperar aliados e fortalecer sua base para a grande disputa de 2026.

O que estamos vendo é apenas o começo de um embate épico pelo comando da Bahia. Até outubro de 2026, muita coisa ainda vai acontecer, e novas adesões e reviravoltas certamente marcarão o tabuleiro político do estado.