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Escola Normal de Conquista e Anísio Teixeira

Por Luiz Ibiapaba*
No dia 20 deste mês, o nosso querido INSTITUTO DE EDUCAÇÃO EUCLIDES DANTAS estará completando 71 anos de existência fecunda, semeando ideais, formando gerações, colhendo os louros sociais.
Na década de vinte, surgia, na cidade de Vitória da Conquista, o ensino primário particular, com a fundação dos colégios Brasil e Sertanejo. Este último dispunha de internato e era dirigido pelo Professor Euclides Dantas, um dos baluartes da educação antiga de Vitória da Conquista. Aqueles colégios tiveram vida muito passageira. Não havia, ainda, em Vitória da Conquista, uma rede pública de ensino, nem mesmo uma unidade de ensino municipal ou estadual.
Em 1925, o Governador Góes Calmon convida Anísio Teixeira, advogado recém formado, para a função de dirigir a educação na Bahia. Desde aí, alicerçado na ideia de educação para a democracia e da educação como função pública, prega, além da difusão e fiscalização do ensino primário, a necessidade de um ensino de qualidade. Defende também a revisão do ensino secundário, aumentando o número de estabelecimentos, não só na capital do Estado, mas, principalmente, no interior.
A partir de 1926, sob a influência das Conferências Nacionais de Educação, promovidas pela então Associação Brasileira de Educação, a educação pública, em todo o Estado, ganha novo impulso. Surge um discurso forte sobre a necessidade de os Governos Federal e Estadual investirem mais na educação pública.
Em 1926, o então Diretor Geral da Instrução Pública do Estado da Bahia, Professor Anísio Teixeira, inaugurou a Escola Normal de Caetité, o que despertou em Vitória da Conquista a necessidade também de uma Escola Normal nos moldes da de Caetité. Mas Vitória da Conquista não possuía sequer uma escola primária pública.
Em 1932, o Professor Euclides Dantas, naquela época diretor do Colégio Marcelino Mendes, com o Doutor Francisco Bastos e o então Prefeito Deraldo Mendes, pleitearam junto ao Interventor Federal da Bahia, Tenente Juracy Magalhães, uma Escola Normal, nos moldes da existente em Ilhéus. O Governador Juracy Magalhães atendeu parcialmente o pleito, construindo, em 1935, o Grupo Escolar Barão de Macaúbas, escola estadual que, durante muito tempo, ostentou o status de melhor casa de ensino da cidade.
Em 1940, quando a cidade acordava para o progresso com a abertura da Rodovia Federal Rio-Bahia, não havia aqui o ensino secundário, ou seja, o curso ginasial. Muitos alunos terminavam o curso primário e não tinham como progredir nos estudos, a não ser aqueles que dispunham de recursos financeiros para estudar em Salvador ou em outras partes do país onde existiam outros cursos.
Foi aí então que, em 1940, influenciado por Anísio Teixeira que se encontrava afastado, compulsoriamente, da gestão pública e da educação, por motivos políticos e ideológicos, e residindo em Caetité, influencia um grupo de professores e intelectuais a vir para Vitória da Conquista, com o fim de atuar em educação. O historiador Mozart Tanajura, o velho, denominou esse grupo de “a Plêiade de Caetité.”
Comandada pelo Padre Palmeira, a “Plêiade de Caetité” cria um Ginásio que passou a ser conhecido como o Ginásio do Padre. A instituição de ensino era dotada de excelente substrato físico (para a época) e de qualificado Corpo Docente. O Padre Palmeira, como Diretor da escola e educador nato, tudo fazia para o progresso da educação secundária na cidade e grande defensor da implantação de uma Escola Normal em Vitória da Conquista.
A partir do Ginásio do Padre Palmeira, a ideia-anseio dos conquistenses passou a ser ampla e sistematicamente debatida entre os setores representativos da sociedade da época, principalmente pelos educadores engrossados pela “Plêiade de Caetité.” O debate foi, aos poucos, transformando-se em luta.
Otávio Mangabeira, em 1947, assume o Governo do Estado da Bahia, numa conjuntura de retorno ao estado democrático, após o fim do Estado Novo, queda de Getúlio Vargas e o final da 2ª Guerra Mundial. Foi um momento em que se poderia acreditar terem sido afastadas algumas ideias e fortalecidas outras, como necessidade de paz, a solidariedade entre os povos, a república, a democracia, a igualdade, a liberdade, os direitos humanos.
Otávio Mangabeira assumiu o Governo da Bahia com uma aura de “maior baiano vivo” – no dizer Jaime Abreu – contando com o apoio maciço da Assembleia Legislativa, desde que sua escolha fora apoiada tanto pelo PSD como pela UDN.
Ainda de Jaime de Abreu é a observação sobre o seu secretariado como “um Secretariado que valia por um Ministério”. O convite para Secretário de Educação da Bahia alcança Anísio Teixeira, recém saído da UNESCO, onde exerceu, de 1946 a 1947, o cargo de Conselheiro de Estudos Superiores. Anísio Teixeira, naquela altura, já era, não apenas um nome nacional em educação, era conhecido internacionalmente e comprometido com a reorganização dos organismos internacionais voltados para a paz e a convivência fraterna entre os povos.
Em 1949, em Vitória da Conquista, houve um movimento organizado entre educadores, Prefeito e o povo em geral, reclamando ao Governador Otávio Mangabeira a instalação, imediata, de uma Escola Normal, a exemplo de outros municípios baianos já dotados de escolas de formação de professores.
Naquela ocasião, o Secretário Anísio Teixeira desenvolvia um enorme programa que consistia:
1. na construção de muitas escolas estaduais, por todo o interior do Estado, visando à ampliação do acesso à escola pública;
2. construção de ginásios, por todo o interior do Estado, como extensão do Colégio da Bahia, visando à descentralização do ensino médio
secundário;
3. criação, no interior do Estado, de Escolas Normais, como extensões do Instituto Central de Educação Isaías Alves;
4. criação, em rodo o Estado, de dez Centros Regionais de Educação, contemplando as cidades de Alagoinhas, Juazeiro, Barra, Caetité,
Vitória da Conquista, Ilhéus, Itabuna, Jequié, Feira de Santana e Lençóis.
Os Centros Regionais de Educação, concepção proposta por Anísio Teixeira, seriam compostos de uma Escola Normal núcleo (extensão do Instituto de Educação da capital do Estado), com Jardim de Infância, escola elementar modelo, escola secundária, parque escolar, centro social e cultural, oficinas profissionalizantes e internatos. Sustentava-se os Centros Regionais de Educação em três pressupostos básicos:
1. ensino;
2. pesquisa educacional;
3. extensão.
Os Centros Regionais de Educação teriam a função de planejar, acompanhar e realimentar o processo pedagógico das escolas localizadas nas áreas a eles circunscritas. Foram criados em 29 de janeiro de 1950, pelo Decreto nº 14.296-A.
Foi com essa visão de grande alcance regional que, também, em 29 de janeiro de 1950, pelo Decreto nº 14.296-B, foi autorizada a criação da Escola Normal de Vitória da Conquista, pelo Governador Otávio Mangabeira.
No mesmo ano de 1950, os Deputados Federais Juracy Magalhães, Régis Pacheco e Manoel Novais consignaram, no Orçamento da República, no Governo do Presidente Dutra, verbas destinadas à construção da Escola Normal de Vitória da Conquista. Era, na época, Ministro da Educação o eminente baiano, Doutor Clemente Mariani.
A primeira etapa da construção foi terminada no Governo do Presidente Getúlio Vargas, sendo Ministro da Educação o ilustre baiano, Doutor Ernesto Simões Filho, que ofereceu todo o mobiliário necessário ao funcionamento da Escola Normal.
Mesmo não estando a construção plenamente concluída, no dia 20 de março de 1952, foi solene e festivamente inaugurada a tão sonhada Escola Normal de Vitória da Conquista. Coube ao então Governador Régis Pacheco presidir a solenidade de inauguração, encontrando-se presentes Secretários de Estado, o Prefeito Gérson Sales, vereadores, professores, todas as escolas desta cidade e grande multidão.
Em 20 de dezembro de 1952, pelo Decreto nº 15.194/52, foi mudado o nome da Escola Normal para Instituto de Educação Euclides Dantas, em justa homenagem ao brilhante educador, que tantos benefícios prestou a esta cidade, no setor educacional e cultural, mormente na luta pela implantação, em nossa terra, de uma Escola Normal.
De 1952 a 1969, o INSTITUTO DE EDUCAÇÃO EUCLIDES DANTAS ostentou garbosamente o status de único estabelecimento de ensino superior de Vitória da Conquista.
O signatário deste texto foi transferido de Itapetinga, do Centro Educacional Alfredo Dutra, onde lecionava Filosofia e História da Educação, para Vitória da Conquista, para o INSTITUTO DE EDUCAÇÃO EUCLIDES DANTAS, em 1982, quando o Colégio completava 30 anos. Naquele ano, a então Diretora, Professora Maria da Conceição Meira Barros, fez realizar, durante todo o ano, várias solenidades comemorativas, a exemplo da implantação do Estágio Remunerado para as concluintes do Magistério; o I Encontro de Normalista, com um ciclo de palestras e a participação especial do Grupo de Teatro do Instituto Central de Educação Isaías Alves; a criação do hino do colégio de autoria da Professora Dulcinéia Spínola; mobilização estudantil, liderada pelos alunos José Carlos, Gildélcio e Genivan Nery; a inauguração da escola-laboratório para o curso de Magistério, a Escola Maria do Carmo Vieira de Melo; a realização de eventos esportivos e culturais liderados por Gilmar Gama e Pedro Alexandre Massinha, e outros eventos.
Por 71 anos, vem o INSTITUTO DE EDUCAÇÃO EUCLIDES DANTAS lutando para legar à juventude a mais completa e preciosa herança – a educação formal, contribuindo, de maneira acentuada, na formação de honrados cidadãos e cidadãs, homens e mulheres de bem, pois o renome da ESCOLA NORMAL, em que pesem suas limitações, é prova inquestionável de que a obra por ela já realizada se constitui
preciosa herança para a sociedade do Sudoeste da Bahia.
Permeando estes 71 anos de vida colegial, dezenas de diretores deram uma porção significativa de suas vidas, para que não sofresse interrupção a obra meritória de fazer brilhar, do cimo do Planalto da Conquista, a tocha cujo objetivo era expandir seus raios fulgurantes por todos os recônditos deste vasto território do Sudoeste Baiano, ideal este que sempre buscou sua concretização por meio de centenas e
centenas de abnegados profissionais do magistério e servidores outros que, no dia a dia, ano a ano, deixaram derramar sobre os milhares de educandos, dali egressos, gotas e mais gotas, gotas sobre gotas de suas vidas.

*Professor Luiz Carlos da Ibiapaba e Silva. Licenciado em Letras Vernáculas. Pós-Graduado em Linguística. Graduado em Direito. Pós-Graduado em Direito Educacional. Docente do Instituto de Educação Euclides Dantas. Secretário Municipal de Educação de Vitória da Conquista. Presidente do Conselho Municipal de Educação de Vitória da Conquista.

4 respostas para “Escola Normal de Conquista e Anísio Teixeira”

  • Ana Palmira B.S. Casimiro says:

    Muito bom e completo o texto do Professor Luiz Ibiapaba. Fundamentado em pesquisa e documentos, passa a ser mais uma fonte de pesquisa para alunos de graduação e pós.

    Parabéns, Professor Luiz!

  • Ebeilde Araújo Pedreira Goulart says:

    Parabéns ao Grande Educador Luiz Ibiapaba, pelo brilhante e precioso texto!
    Tive o privilégio de fazer o Magistério na Escola Normal.

  • Brilhante retrospectiva da história da nossa querida Escola Normal feita pelo ilustre Prof. Luiz Ibiapaba, mostrando a luta de pessoas que ao longo do tempo se importavam com a construção de uma educação pública de qualidade. É triste perceber que, atualmente, são poucas as pessoas que se preocupam em preservar a história ou mesmo em conhecê-la. A demolição do auditória da Escola Normal, simbolo marcante da estrutura e reconhecimento do IEED, e quando se apaga do muro o nome:”INSTITUTO DE EDUCAÇÃO EUCLIDES DANTAS” é prenuncio de que 71 anos seja o último aniversário.
    Lembrando o poema de Eduardo Alves da Costa “No caminho com Maiakóvski”, a demolição ocorreu de forma silenciosa, primeiro retirou o telhado no período da pandemia e do “fica em casa”, como a cidade não se incomodou ou pensou que era para reforma do telhado, e, como dizem: “quem cala consente”, toda a estrutura foi derrubada e o silêncio das autoridades e militantes da cultura dá a entender que apoia esta atitude de passar uma borracha na nossa história. Conquista ao longo dos anos tem perdido vários casarões e sobrados que foram marcantes e importantes como patrimônio histórico. Esta ocorrência de destruição de símbolos deixa a cidade emocionalmente “fria”, sem alma, sem memória, lobotomizada. Perde-se o senso de pertencimento e de familiaridade. Sem isso, prevalece o tanto faz, para que (por que, vale a pena, desmotiva) lutar se não temos para quem apelar e já não reconhecemos mais a cidade em que vivemos.
    Alguém dirá: – Bobagem, foi só mais um colégio sem necessidade que só dá despesa e atrapalha o progresso. Afinal, quem vive de passado é museu. Você vai ver o prédio bonito e moderno que surgirá naquele local.
    – Dos escombros da educação e da cultura não sai progresso, só fosso e falta de perspectiva de futuro.

  • Brilhante retrospectiva da história da nossa querida Escola Normal, feita pelo ilustre Prof. Luiz Ibiapaba, mostrando a luta de pessoas que ao longo do tempo se importavam com a construção de uma educação pública de qualidade. É triste perceber que, atualmente, são poucas as pessoas que se preocupam em preservar a história ou mesmo em conhecê-la. A demolição do auditória da Escola Normal, simbolo marcante da estrutura e reconhecimento do IEED, e quando se apaga do muro o nome:”INSTITUTO DE EDUCAÇÃO EUCLIDES DANTAS” é prenuncio de que 71 anos seja o último aniversário.
    Lembrando o poema de Eduardo Alves da Costa “No caminho com Maiakóvski”, a demolição ocorreu de forma silenciosa, primeiro retirou o telhado no período da pandemia e do “fica em casa”, como a cidade não se incomodou ou pensou que era para reforma do telhado, e, como dizem: “quem cala consente”, toda a estrutura foi derrubada e o silêncio das autoridades e militantes da cultura dá a entender que apoia esta atitude de passar uma borracha na nossa história. Conquista ao longo dos anos tem perdido vários casarões e sobrados que foram marcantes e importantes como patrimônio histórico. Esta ocorrência de destruição de símbolos deixa a cidade emocionalmente “fria”, sem alma, sem memória, lobotomizada. Perde-se o senso de pertencimento e de familiaridade. Sem isso, prevalece o tanto faz, para que (por que, vale a pena, desmotiva) lutar se não temos para quem apelar e já não reconhecemos mais a cidade em que vivemos.
    Alguém dirá: – Bobagem, foi só mais um colégio sem necessidade que só dá despesa e atrapalha o progresso. Afinal, quem vive de passado é museu. Você vai ver o prédio bonito e moderno que surgirá naquele local.
    – Dos escombros da educação e da cultura não sai progresso, só fosso e falta de perspectiva de futuro.

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alessandro tibo


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