Luciana Costa, biomédica: “as imagens correm o mundo generalizando um povo revoltado e cansado.”
Foram dois longos meses em frente ao Tiro de Guerra aqui em Conquista, homens, mulheres e crianças vestidos de verde e amarelo, com a bandeira do Brasil junto ao corpo, todos se opunham ao resultado das eleições que deram a terceira vitória à Lula como presidente da República.
Parte da cidade batia palmas, outra parte ironizava, enquanto que os manifestantes não se importavam com o que os outros pensavam: “estamos aqui em defesa do nosso país, dos nossos filhos e dos nossos. O nosso compromisso é com a pátria, não podemos perder o nosso país para outra bandeira, a nossa é verde e amarela, jamais será vermelha”, me falou um integrante do grupo.
O movimento durante esse tempo todo não registrou nenhum incidente, não houve brigas, nem confrontos. Contrariando esses 60 dias de manifestações pacíficas, pelo menos foi o que vimos aqui em Conquista, a capital federal recebeu milhares de bolsonaristas, conservadores, defensores de um modelo político contrário ao defendido pelo PT. Congresso abarrotado de gente, móveis depredados, atos de selvageria, de barbárie. Prisões, cenas de terror. “Nunca foi o nosso propósito, perdeu o sentido, tudo o que não queríamos aconteceu. Eles queriam era isso mesmo. Vândalos infiltraram dentro do movimento e mancharam a nossa imagem“, disse hoje ao telefone a biomédica Luciana Costa, decepcionada com o que aconteceu.
Veja o que disse Luciana, participante ativa das concentrações em frente ao Tiro de Guerra, na Praça Sá Barreto:
“As cenas ocorridas ontem são lamentáveis. Anularam a legitimidade do movimento que levou pessoas de bem, ordeiras e pacíficas às ruas por mais de dois meses. A violência e depredação do patrimônio público são inaceitáveis, nos iguala justamente a quem não queremos ser e foi a pior coisa que poderia ter acontecido. A presença de infiltrados e extremistas no movimento já não tem importância, as imagens correm o mundo generalizando um povo revoltado e cansado de injusticas e desmandos. Infelizmente aprenderemos pela dor com as consequências ainda mais duras de um sistema cada vez mais organizado, hoje fortalecido pelo seu próprio povo.”