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O professor Dirlêi Bonfim, um dos mais destacados pensadores e incentivadores das artes em nossa cidade, registra em nosso blog uma homenagem ao poeta Carlos Jeovah:

A despedida de um Poeta… (dedicado ao Amigo Poeta Carlos Jehovah)

(Prof. Dirlêi A Bonfim)*

Quando acontece a despedida de um Poeta, é um momento de grandes reflexões sobre a Vida, sobre às Artes, às Ciências, à Literatura, sobre a humanidade, sobre cada um de nós, sobre quem somos nesse transe da transitoriedade, ou ainda nesse transe da efemeridade que é a nossa passagem por este plano da vida material, corpórea, o que estamos fazendo aqui…? Assim, então me pego nesse instante, a realizar uma série de questionamentos, perguntas e perguntas… Não podemos esquecer que estamos num regime de exceção especialmente com relação a Cultura e a Educação, a partir da compreensão distorcida e equivocada de ocupantes do palácio do planalto, que numa canetada só, simplesmente extinguiram o Ministério da Cultura e mais do que tem aparelhado com instrumentos perniciosos de escuta, vigilância, espionagem e perseguição a classe artística neste país, somos um povo de memória curta, mas, jamais poderemos esquecer de que na extinção do MinC – Ministério da Cultura, perdeu o status de Ministério e deram status a Secretaria Nacional da Cultura que foi ocupada pelo Senhor Roberto Alvim, um (NAZISTA) de plantão, que chegou a fazer apologia a um dos grandes ideólogos da propaganda Nazista o  Joseph Goebbels, vai dizer o Senhor Roberto Alvim: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada” Joseph Goebbels: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”. No discurso de Goebbels, feito para diretores de teatro, ele buscava dar uma orientação estética aos artistas. Ele reconhecia que o expressionismo, escola artística que ganhou força na Alemanha no fim do século XIX, tinha tido algumas ideias básicas “positivas”, mas se degradara no experimentalismo. A justificativa do secretário… Em seu esclarecimento no Facebook sobre as declarações semelhantes às de Goebbels, Alvim afirmou que “o trecho fala de uma arte heroica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro”. “Não há nada de errado com a frase”, argumentou…“Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbles… “Não o citei e jamais o faria. Foi, como eu disse, uma coincidência retórica. Mas a frase em si é perfeita: heroísmo e aspirações do povo”. “É o que queremos ver na Arte nacional”. Esqueceu de dizer, dos reais objetivos sórdidos, de aparelhar o estado brasileiro, com uma ideologia, extremista, nazista, racista, reacionária, criminosa e desumana. O que demonstra e, não deixa nenhuma dúvida, sobre quais os objetivos sórdidos desse aparelhamento do Estado brasileiro… E porque na Cultura e na Educação…??? Na está por acaso, tudo faz parte de um Plano… A mesma Secretaria que viria a posteiore ser ocupada pela Senhora Regina Duarte, que também não ficou na mesma e que hoje, está sendo ocupada por um inexpressivo Senhor  Mário Frias, que até hoje, a exemplo do Ministro da Educação (Senhor Milton Ribeiro), não disse a que veio, apenas, para preencher a pasta e manter o aparelhamento do Estado brasileiro… A manifestação incompetente, criminosa e vazia do atual Chefe da Pasta da Educação “É uma fala simplesmente ofensiva à comunidade homossexual, ao dizer que seríamos pessoas fruto de ‘famílias desajustadas’, até porque pesquisas comprovam o contrário do que o Ministro disse que uma pesquisa provaria”, O advogado disse ainda que o processo vai incluir um pedido de impeachment contra o ministro. “Essa fala obviamente gera crime de racismo homotransfóbico, como decidiu o STF, e dano moral coletivo, via ação civil. Faremos as duas coisas, junto com pedido de impeachment por ato manifestamente incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo, que obviamente não permite usar a máquina do Estado para difundir uma ideologia fundamentalista”. Então, assim, é que estamos sendo conduzidos por “gestores públicos”, muito bem pagos pela sociedade brasileira, que ganham muito bem, para destratar e denegrir a sociedade, tanto, nas Pastas da Educação, como da Cultura… Portanto Amigos, é tempo de refletir profundamente, sobre a Cultura da Cidade, do Estado do País, mas, também da Universidade, das Escolas do Ensino médio e fundamental, é tempo de se refletir profundamente sobre a Educação e a Cultura verdadeiramente e saber quais são os reais propósitos dos governos e governantes, não importa as siglas partidárias, a população e às comunidades vão ficar, ou estão e estarão órfãos do mesmo jeito.  Portanto, cabe a nós, cidadãos de cidadãs, no mais absoluto exercício da cidadania, de buscar resgatar a Educação e a Cultura da nossa Rua, Bairro, Cidade, Estado e do País, porque sabemos das dificuldades todas, da falta de investimentos, dos cortes gigantescos, nas áreas de Cultura e Educação, e sabemos também, que isso, não acontece simplesmente assim, isso faz parte de um Plano e planejamento para o processo de degradação, depreciação, aparelhamento e sucateamento da Cultura e da Educação.

E não podemos ser omissos, não podemos nos calar, temos que ter a disposição dos grandes e a simplicidade, coragem e sagacidade dos Mestres, no sentido de ocupar de fato os espaços que são nossos da sociedade como um todos, o nosso lugar da CULTURA e da EDUCAÇÃO, a nossa contribuição, como foi a contribuição de Carlos Jehovah de Brito Leite, bancário, Poeta, Teatrólogo, Escritor, Literata, mais antes de qualquer coisa um HUMANISTA, um homem simples, humilde e generoso, que com o seu jeito tranquilo e paciente, soubeconquistar os corações de tantos malungos, uma nova geração de Atores, Poetas, Escritores, Músicos… com o seu trabalhado social, educativo, cultural e humano, soube abrigar tantos sonhos e expectativas, perspectivas e vida… O Poeta sonhador, o sensível Escritor, ao lado do seu inseparável Amigo o também Escritor, Acadêmico, Esechias Araújo Lima, entre tantas outras obras literárias, o Auto da Gamela. Lançado pela Editora José Olympio em 1980, o livro teve o prefácio da escritora Raquel de Queiroz, sendo bem recebido em vários lugares do Brasil. O poeta, escritor e dramaturgo Esechias, que também faz parte da Academia Conquistense de Letras e da Casa da Cultura, na qual Jehovah, foi presidente, elogiou o parceiro: “É um nome de grande respeitabilidade em toda região. É um nome reconhecido nacionalmente. Não há um segmento cultural que não tenha o dedo de Carlos Jeovah em Vitória da Conquista. Além de poeta, ele tem o dom de descobrir talentos, pois tem a visão prospectiva e sensível da alma humana”. abaixo algumas pessoas que sofreram influência de Carlos Jehovah, com a ex-presidente da Academia de Letras, Poliana Policarpo, entre tantos, Confrades e Confreiras da ACL, como membro, daquele sodalício, me sinto privilegiado por ter convivido com o Poeta Carlos Jehovah, pelo seu espírito de sociabilidade humanística, pela sua generosidade e simplicidade em lidar com às pessoas e as questões culturais, sempre de boa vontade, paciência e persistência, no Amor com as Artes, especialmente, com a Literatura, o Teatro e o Cinema, sempre disposto a ajudar, sempre disposto a se envolver com um novo Projeto Artístico, portanto, perde, a Cidade de Vitória da Conquista, a Bahia e o Brasil, um grande Poeta/Literata, mais muito mais do que isso, um Grande Ser Humano, na sua profunda simplicidade. Mais uma vez, tive o privilégio de reencontrar com o Jehovah e Esechias, na Fligê de 2019, na cidade de Mucugê, a Feira Literária, onde estávamos a lançar um novo Livro: Alquimia das Palavras, ao lado de outros Amigos, dentre eles o Poeta e Professor Luis Rogério Cosme, que estava também lançando um novo Livro: “Democracia golpeada”. Um momento de rara beleza, um encontro rico de Poesia, Música, Cinema e Humanidades…“É duro, é triste e é muito, muito bonito. A poesia popular flui nele em veia tão autêntica quanto se saísse da boca de um cantador”. O elogio ao texto de Carlos Jehovah e Esechias Araújo Lima é da escritora Rachel de Queiroz, publicado na primeira edição de “Auto da Gamela”, em 1980. Agora, selecionado pelo Selo Fligê 2019, o livro ganha sua segunda edição, revista, ampliada e com ilustrações de Silvio Jessé, publicada pelo programa Alba Cultural, da Assembleia Legislativa da Bahia. O texto narra, em versos extremamente inspirados, o nascimento, a curta e sofredora vida e morte de uma criança nordestina. Além de Vitória da Conquista, Brumado e Salvador, foi lançado no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, no Espírito Santo e na VI Bienal do Livro de Portugal, em Lisboa. “É um grande e belo poema. Um poema raro para os dias atuais, de mentiras, falsidades e mistificações. Versos que têm gosto de terra, de tristeza e de sofrimento”, escreveu Mário Cabral, no A Tarde, em 1981. “Mais que uma homenagem aos escritores, a reedição de ‘Auto da Gamela’ é na verdade um tributo a esses dois importantes nomes da cultura conquistense e da literatura baiana”, afirma a Professora Ester Figueiredo, curadora da Fligê. Assim, não devemos esquecer jamais, num ano tão difícil, difuso, até sombrio esse 2020, carregado de tragédias, milhões de vidas ceifadas pela Pandemia Global da Covid-19, ainda temos que amargar, a angústia de um país, com governos negacionistas, xenófobos, racistas, extremistas, politizando tudo inclusive a doença e agora a vacina,  uma lástima.. tanto criticaram governos passados, de estarem aparelhando o Estado e hoje vive um falso nacionalismo com um verdadeiro aparelhamento do Estado. Pois bem, fiquemos atentos, muito atentos, com o que está acontecendo e com o que virá acontecer…Assim, vou recorrer, como costumo fazer, a um poema de Brecht que conheci ao ler o livro Violência: seis reflexões laterais, do Escritor  Slavoj Žižek, da Editora Boitempo. Como também poderia ser Drummond, em Hino Nacional… “Precisamos descobri o Brasil”, ou ainda, Quintana em Poeminha Atoa, “Esses que estão aí, atravancando o meu caminho, eles passarão, eu passarinho”… Não sou dado a explicar piadas, metáforas e poemas. Mas vivemos tempos sombrios, então vamos lá (e quando digo “tempos sombrios” estou fazendo uso de uma figura de linguagem, não ensaiando um comentário meteorológico). “Perguntei a mim mesmo: que tipo de frieza baixou sobre esses desgraçados? Quem os levou à torpeza? Quem os fez baixar o nível? Vocês precisam ajudá-los, rápido, coitados. Se não, vai acontecer algo que vocês acham impossível, o aparelhamento do Estado, a ditadura chegando de mansinho, sob a omissão dos homens de bem e a dispersão dos Poetas…” Bertolt Brecht (1898-1956). Encerro esse Ensaio com uma grande saudade de Jehovah, dos Amigos, Professores, todos, Músicos, Poetas, Literatas, Artistas, Colegas do MAC Movimento Artístico e Cultural de Vitória da Conquista, com uma esperança do verbo Esperançar, que venha logo a Vacina, para nos Encontramos num grande abraço fraternal e Cultural.

**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental,  Professor da SEC/BA**Sociologia**Cursos/FAINOR de ADM/CONTÁBEIS/ENGENHARIAS/FAINOR/2021.1**