O Solar dos Fonsecas nunca recebeu tantos intelectuais, ativistas culturais, artistas, gente ligada às letras e às artes. Hoje foi um dia especial, mesmo com as restrições impostas pela pandemia, não impediu que os amigos estivessem presentes ao velório de Carlos Jeovah. Não perderam, portanto, a oportunidade de assistirem a fala emocionada da filha do poeta, Gabriela Leite, dialogando com o pai como se fosse um final de tarde na varanda de casa, sentada ao colo daquele que sempre foi o seu guia, conforme ela relata no texto que publicarei a seguir que saiu de dentro da sua alma.

Gabriela num primeiro instante dirigiu-se ao público, agradeceu o carinho de todos pelo apoio e pela generosidade que sempre tiveram com o autor, ao lado de Esechias Araújo, do Auto da Gamela, para em seguida voltar-se para o caixão e balbuciar palavras quase aos pés do ouvido, que fizeram o ambiente ficar em silêncio absoluto e respeitoso.

Leiam o texto abaixo:

“Pai! Você sempre foi mestre e guia. Nem nas melhores expectativas nunca poderia imaginar em ter um pai como você. Ser filha de Carlos Jehovah nunca foi muito fácil para mim. Tentei imitar seus passos, mas o destino escreveu outra historia para mim. Pai, nasci e cresci ao lado do poeta, autor de peças teatrais, intelectual Carlos Jehovah, mas foi com o meu painho que aprendi a ser forte, humana e trabalhar em causas humanitárias. Pai, você foi meu porto seguro amigo e o meu primeiro amor. Gratidão por vc ter me escolhido para viver essa atual encarnação com você.

Sei que você não se vai nunca de mim, você é eterno e imortal dentro de mim. Tchau, pai, agora irá contar seus ‘causos’ lá no céu. Escrever poesias para os anjos.

Vai, pai, se encontrar com Camilo de Jesus Lima, com Aristotenes Menezes, Mozart Tanajura. Pai, vai se encontrar com Vovó Valdivia, fala que mandei um beijo e não esqueça de beijar meu vô também. E agora pai? Vou ficar aqui até o dia do nosso reencontro. Pai, não é Adeus, é até breve, poeta”.