Por Eduardo Arêas*

Madame Beatriz foi uma famosa cartomante que quis processar o escritor Jorge Amado… O nome verdadeiro dessa jovem era Beatriz Janovitch, profissionalmente conhecida como Madame Beatriz, imortalizada por Jorge Amado no seu romance Pastores da Noite.

A pandemia tem, além das muitas Lives, nos presenteado com uma enxurrada de previsões.

Faço alusão a esse personagem logo após ler uma entrevista da consultora de recolocação Tais Targa em entrevista ao “A Vaga É Sua”, disse ela: “Tudo vai acontecer online, então não adianta mais dizer que você não gosta de webcam, que não sabe fazer vídeo-currículo, que não se dá bem com essas ferramentas”, diz Taís. “É preciso aceitar que não haverá outro jeito e estar pronto para lidar com esse novo cenário”. 

E como se preparar? “Treine falar para a webcam, veja que tipo de fone de ouvido fica melhor em você, descubra o ambiente da sua casa em que a sua imagem fica melhor”

Aqui com meus botões pensei. Quer dizer que, de agora em diante,  só serão selecionados profissionais com alto conhecimento, ou que tenha computador com câmara? E os cargos e as funções que não tenham esses requisitos ou mesmo pessoas que não tenham essa estrutura em suas posses, mesmo sendo excelentes na sua profissão, serão excluídos?

Penso de forma inversa, vejo que, com essa pandemia, estamos sentindo falta do contato humano, do aperto de mão e do olho no olho, e isso está acendendo a chama da fraternidade, empresas e profissionais que seguirem no caminho do “humano” vão ter sucesso, penso eu. Conheço uma empresa que está ajustando os processos e o layout para que seus colaboradores, no pós-pandemia, possam se conectar de forma mais afetivas e, com isso, despertar a colaboração entre eles.

Precisamos ter cuidado com essas previsões, estou vendo profissionais encarnando Madame Beatriz, são pitonisas com uma bola de cristal falando sobre futuro e, na verdade, ninguém sabe ao certo o que vai acontecer, como diz o adágio popular “o futuro a Deus pertence”. Acredito, inclusive, que com essa pandemia, algumas atividades vão retroceder no tempo, outras vão se consolidar, como por exemplo, aulas  presenciais, nesse caso, pelo menos nas minhas experiências, o contato humano é insubstituível, já outras atividades vão avançar muito com o apoio da TI, aliás, como já vinha acontecendo. É visível o anseio das pessoas em restabelecer contatos de nível mais humano, o que não quer dizer deixar de lado as inovações.

No mais, tudo isso, me lembra a frase de Renato Russo: “gente que fala demais por não tem nada a dizer. Quem me dera ao menos uma vez. Que o mais simples fosse visto como o mais importante”

Isso, que estou fazendo agora, não são previsões, são minhas reflexões, mesmo porque, ainda, não consegui comprar minha bola de cristal.

Abraços a todos.

*Eduardo Arêas é administrador e mestre em Bioenergia