Escolher profundo
Por Edgard Larry
Perdemos o rumo da luz
Nas brutalidades cotidianas
Afundados na ignorância
Dos racismos epidêmicos
Que humilha, desfaz, machuca
Atropela, ignora e mata.
Caminhamos longos tempos
Nos quadrantes do mundo
Crendo nas promessas incumpridas
Sobre respeito ao outro
Há um amargo nos olhos
Nos corações das pessoas
Nos sentimentos contaminados
Na escuridão que esconde o bem
Na mente embaçada que não possibilita
Enxergar a epifania da corporalidade humana
Perdemos o divino no coração
Quando transgredimos
Quando violentamos
O gênero humano!
Precisamos reencontrar o mistério do ser
Romper com as paixões que alienam
Destruir os castelos forjados
Em nossas conveniências
Precisamos descolorir o sangue azul
Que grassa em nossas veias insensatas
Gélidas de convicções obtusas
Cercadas de enganos e descrenças
Necessitamos lembrar
Que a alma não mata
Mata o corpo que despreza
Morre o corpo desprezado
Malditos os que desprezam
Malditos os que discriminam
Malditos os que escravizam
Malditos os que alienam
Malditos os que não sabem escolher
Precisamos reencontrar a luz
Precisamos respeitar o outro
Precisamos despertar outro eu
É preciso reentrar na senda ética perdida
Cortar na carne para aprender
Cortar na alma para reconhecer
Cortar na fé para bem viver!