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Por Marco Antonio Jardim

Dos dias últimos de glitter, escolho viver presente.
Ou, como se diz olhando à frente, depois do desbunde total, o futuro do meu Carnaval.
Encanto o chão de estrelas ou miro, por cima do muro, a sombra colorida do olhar ao coração.
Não cometi desatino, mas estou limpando o ouro da maquiagem e a lógica de que a carne nada vale não.
Ansiei uma paixão furtiva na avenida, mas, depois do nosso bloquinho, sigo só, apelando pra razão.
Vesti os tons do arco-íris, mas sonho sereno, tentando sintetizar a cor do batom.

Fora de mim, brilho turvo chamando atenção.
Dentro de mim, ocidente e oriente sem precipitação.
De toda forma, ambos, tempo e amor, pareciam muito livres na purpurina do festival.
Fui máscara, tiara de unicórnio, fui homem, corpo e alma, fantasia do bem e do mal.
Claro que não perdi a honra (nem as horas mortas), mas dediquei meu caminho para além do trio elétrico.
Peguei na mão e escolhi o beijo mais vívido, um orvalho de brilho feérico.
Agora sigo na direção do que vai dar, no avarandado da quaresma, no amanhecer do sabe-se lá.
E se ainda vejo pontos brilhantes borrando a vegetação rasteira do meu rosto, finjo que é chuvisco ornamental.
Já que nenhum outro beijo que dei às escondidas diria que é ressaca do glitter de Carnaval.