nando da costa limaPor Nando da Costa Lima

Eu vinha do boteco para casa, pra não passar pelo matagal do açude, resolvi pegar um atalho pelo quintal da viúva do Capitão Zé Antônio. Foi aí que uma “aparição” achou de atravessar o meu caminho. Eu tava com muita pressa, mas a ‘bicha’ não me deixou dar mais um passo, fiquei paralisado. Quando vi aquela mulherona alta, a força da cachaça não deixou de atiçar meu fogo, mesmo sabendo que era uma assombração! Tava toda de branco, parecia uma noiva flutuando na escuridão, só dava para ver porque a roupa era branca. Mesmo assim deu para sentir que a danada estava de olho em mim, e era olhar de mulher apaixonada! Carente!… Não deu para resistir, depois de dois litros de pinga ruim temperada com qualquer coisa, até assombração fica sexy. Segurei a “noiva assombrada” pela cintura e mandei ver. A má qualidade da bebida atrapalhou meu desempenho, só consegui dar meia, nem dá pra falar que aquilo foi uma! O esforço fez a pinga melhorar, o medo encostou e eu dei carreira que só parei em casa, amarelo e suando frio!

Todo mundo que eu conto esse caso sai dizendo que sou mentiroso, que eu estou delirando de pinga, que é papo de biriteiro. Mas ninguém tinha chegado a me agredir por saber deste causo através dos fofoqueiros. Foi a viúva do Capitão Zé Antônio que não gosou nenhum pouco e me deu um surra com a panela de pressão cheia…, achou que minha assombração era seu vestido de noiva que ela tinha esquecido no varal naquela noite pra tirar o mofo! Nem levou em conta a minha cachaça, falou pra cidade toda que eu tinha profanado uma relíquia de 40 anos, um símbolo de pureza tão bem conservado! Fiquei mal com a vizinhança, além de tarado, doido! É o que dá ficar bebendo qualquer coisa… Até assombração aparece!…