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Foto: Ascom Câmara

O presidente do Partido dos Trabalhadores em Vitória da Conquista, Rudival Maturano, conversou com o Blog do Massinha. Dentre os assuntos abordados estiveram o processo de Impeachment de Dilma e a sucessão municipal do prefeito Guilherme Menezes.

BM: Você tão jovem está à frente de um partido tão importante do cenário nacional e evidentemente aqui em Vitória da Conquista. Qual o seu sentimento?

RM: Quanto jovem a gente percebe claramente que é um desafio muito grande direcionar um partido como é o nosso, mas, estamos sempre à disposição com essa novidade com a força da juventude e ideias inovadoras, contando também com apoio e orientação daqueles que já tem uma vasta experiência por esse partido e também em Vitória da Conquista. Não é fácil liderar um partido de grandes lideranças ainda mais da envergadura do prefeito Guilherme, Zé Raimundo e Waldenor, cinco vereadores e dentre uma sigla que é também muito diferente dos outros, do ponto de vista que internamente são vários agrupamentos e novas tendências e isso também ajuda muitas vezes no debate. Porém, ficamos preocupados também pelos embates.

BM: Inclusive você preside o PT no momento político que é turbulento do ponto de vista nacional e, em Vitória da Conquista já se completam 20 anos de projeto de governo e evidentemente existe uma inquietação cada um querendo seu espaço e com seus ideais.  Com certeza para se conduzir esse barco não é fácil, mas, acaba se tornando prazeroso.     

RM: Exatamente. Isso nos move também pelo prazer da política é um chamado para as pessoas de bem e que querem ajudar, óbvio que tem pessoas também que não colaboram ou não tem o perfil ético na política. Mas, para gente que leva a sério, acabamos tendo prazer porque vemos a democracia e a ética sendo implementada isso é muito bom. Apesar de tudo isso não tem sido fácil, pois, o momento atual é de crise, nas gestões passadas do próprio partido, claro, houveram dificuldades mas, nunca como agora.   A gente percebe uma seriedade e delicadeza onde temos que conduzir de forma muito sábia, tranquila, firme também, quando precisarmos ser e acolhendo quando se tem que acolher.

BM: A cidade acompanha esse embate dentro do partido dos trabalhadores que vemos como natural. É uma agremiação, onde se tem várias tendências e o município de Vitória da Conquista é importante. Dirigi-lo realmente não deve ser fácil e é natural que outras pessoas queiram estar nos próximos anos à frente do destino de Conquista. Essa inquietação  é natural, presidente?

RM: Isso. É importante que essa inquietação ocorra até para a política se renovar, se não houver uma forma ou um mecanismo para a sociedade se inquietar com alguma questão a respeito da sucessão se perde o foco da direção política. A política sempre tem que ser prioridade na vida do cidadão porque é através dela que os diálogos e acordos para benfeitorias na sociedade ocorrem. Vejo com muita naturalidade qualquer tipo de divergência e qualquer disputa interna, apesar de que o clima nacional não tem sido fácil, mas, com certeza desse presidente será tido como uma condução serena, tranquila, ouvindo todas as partes e do ponto de vista que nos garante a centralidade de um processo democrático internamente. O nosso estatuto será analisado muito bem e também não só do ponto de vista legalista, não que tenhamos um discurso pra fora da lei, mas do ponto de vista político permitir que em alguns momentos a gente possa ser consensual, pactuando acordos para que o partido possa avançar mais.

BM: Sobre a questão da legalidade você é um jovem advogado. Como você encara essa questão do impeachment, por exemplo, fazendo um comparativo histórico com o impeachment do Collor e pedidos de impedimento para os presidentes FHC e Itamar, atualmente tendo o pedido de impeachment da presidente Dilma . Qual a diferença como militante petista e também como advogado?

RM: É um instituto previsto na Constituição Federal e pode ser cumprida a qualquer momento, não seria golpe ser impetrado o impeachment porque está na constituição. Mas é um golpe, e nisso volto a questão como militante petista, quando um presidente da Câmara ao seu favor e querendo se esquivar de uma possível investigação se reúne com seus aliados para tentar colocar através de um tema que não tem segurança jurídica suficiente para se basear no que significa a palavra impeachment, que não estão previstas na Constituição as causas que as pedaladas fiscais são colocadas, ela  não prevê isto. E aí, esse grupo se reúne para movimentar votações , esvaziar plenário, obstruções, em favor daquele determinado segmento a fim de que venha causar caos e deslegitimar uma presidente eleita democraticamente. Isso para  mim e para os militantes é um golpe, não a lei ou a constituição, até porque está previsto. A diferença desse momento para o de Collor é que naquela ocasião existiam razões jurídicas para que fosse impetrado. O regimento da Casa prevê que a votação tem que ser aberta  para instauração de um processo desse da comissão e toda legitimidade para que se inicie o processo, e de repente o presidente da Câmara manobra e coloca a votação fechada, isso é uma manobra e um golpe. Porque não há previsão do regimento e se baseia por elementos supérfluos, então é nesse sentido, quando falamos em golpe é pela forma de que está se processando e da qual está sendo colocado, está é a nossa visão e avaliação.

BM: Esse golpe na visão de vocês seria do ponto de vista constitucional, portanto, nada tem haver com o desejo de algumas pessoas que é uma atitude espontânea e de total direito da sociedade. A partir desse ponto de vista como separar essa situação?

RM: Não é fácil separar essa divergência entre esses paralelos que você colocou, eu acredito que a sociedade tem que se esclarecer do que está acontecendo, como nós temos feito. No Brasil temos uma frente chamada “Frente Brasil Popular” que reúne partidos diversos e movimentos sociais que são contra a qualquer tipo de intervenção nesse sentido. O papel dessa frente é colocar algumas críticas como ajuste fiscal no Governo Federal como também dizer que essa onda de reações antidemocráticas não podem prevalecer. Eu acho que o povo tem que analisar muito bem e a política institucional ela é um pouco influenciada por diversos segmentos partidários e a sociedade está clamando cada vez mais por uma legitimidade e numa questão política que seja bem mais trabalhada no ponto de vista da ética. Vemos que as instituições têm funcionado, como a Polícia Federal, a Justiça e demais órgãos de fiscalização que investigam e tem punido pessoas que até então eram impunes, e a gente acredita que de fato possamos avançar nessa democratização de espaço, mídias e também a defesa de um projeto que confiamos. Agora, o que não se pode é você tabular aquilo que sempre digo a mentira se tornar verdade.  Tem que se ter a seriedade de analisar bem os fatos e olhar todos os pontos de vista não se atendo a uma fonte apenas até para ser ter uma visão amplificada e coerente com os princípios da ciência politica.

BM: Foi definido que hoje seria o prazo final para que postulantes ao cargo de prefeito pelo PT se inscrevessem. Esse é o prazo final presidente?

RM: A verdade é que o diretório definiu um prazo mínimo aqui em Vitória da Conquista para que a gente possa estar dialogando política. O prazo que foi discutido e aprovado em sede do diretório municipal no plenário com seus mais de quarenta membros é de que nesta sexta-feira se encerre para receber quem são esses pré-candidatos. Desta forma teremos até o dia 09 de janeiro para discutir entre esses nomes uma unidade, caso não haja, teremos que reunir novamente o diretório para uma redefinição de como serão os rumos da política, portanto, este é o cronograma mínimo. Óbvio que temos que estar atrelado ao Diretório Nacional e também com o Estadual para definirmos qual a melhor tática e veremos como serão essas rodas de conversações prioritariamente.

BM: O grupo que acompanha o prefeito inclusive na administração indicou o nome de Odir Freire como pré-candidato e o prefeito aceitou a sugestão do nome. Em um momento anterior o próprio indicado teria declinado do convite, mas, passado algum tempo ele aceita o convite e se inscreve para ser um dos nomes do PT nas eleições municipais de 2016. Como você vê essa inscrição de Odir?

RM: Eu vejo com muita naturalidade e essa prova de Odir mostra claramente que as pessoas tem a liberdade de desistir e podendo após isso aceitar colocar o nome novamente. Nós perguntamos quais os nomes dentro da sigla e o primeiro que surgiu foi o de Márcio Matos, naquele momento estávamos atiçando os militantes para trazer essa discussão para dentro do partido e não ficar somente nos gabinetes. Depois de um tempo veio o nome de Odir e ele naquela ocasião retirou se recolocando agora como pré-candidato. Isso mostra que a política é feita através do tempo com debate, convicções e que o prazo que colocamos aqui pode ser discutido mais a frente para melhor solução para Vitória da Conquista. O nome dele é visto com muita tranquilidade até porque é um companheiro valoroso, um homem sério, preparado pela sua capacidade de administração pública ao longo desses 18 anos. O que chegou até nós foi um grupo também liderado pelo prefeito que apresentou um nome e isso relativamente tem um peso muito grande. Quando os outros dois pré-candidatos Márcio e Marcelo tiveram seus nomes sugeridos, não foram eles que colocaram, mas sim, um grupo que os escolheu.

BM: Na sexta-feira passada dia 11 de dezembro teve uma reunião onde se consolidou e legitimou o nome de Odir. No sábado, um dia seguinte, os mandatos de Zé Raimundo e Waldenor estavam prestando contas a seus militantes e parceiros inclusive do sudoeste baiano. Ali me parece que podia sair a indicação de um dos dois, mais precisamente Zé Raimundo como candidato. Será que a indicação de Odir não apenas pelos companheiros, mas, sobretudo, pelo prefeito Guilherme, não teria arrefecido o ânimo dos parlamentares e de seu grupo para lançar a pré-candidatura?

RM: Muitos da sociedade viram no evento de Waldenor e Zé Raimundo um momento propício para que fosse lançado um nome. Na minha avaliação entendo que eles optaram por não fazer aquilo porque era uma plenária geral com mais de vinte municípios reunidos ali  e não seria talvez lógico para um político dizer “tô saindo da base, agora deixo o meu cargo de deputado para ser prefeito” e aquela base ficar “ociosa”.  Não acredito que houve naquele momento desânimo ou uma preocupação. Eu acho que talvez houve uma avaliação de como pontuar até porque uma indicação com aval da liderança e envergadura do prefeito ela é muito respeitada.

BM: O jogo é jogado, você prefere o famoso “galinha morta”, aquele time que se pode falar que são dois pontos garantidos ou prefere uma disputa acirrada onde se terá um embate voto a voto para se chegar ao sucessor do prefeito Guilherme?

RM: Nesse momento vou confessar a você francamente se formos para um acirramento, acredito que vamos para nossa derrota aqui.  Acho que ou temos a clareza de irmos para o embate com o debate sem a votação de uma prévia, porque ela é um instituto totalitário, ou como dizem no popular, ou vai ou racha. É um mecanismo previsto no estatuto do partido, onde todos os filiados do PT votam. Claro que vão se ter alguns debates mais acalorados e fortes, e qualquer um que se predisponha a entrar nessa onda de debates internos vai sofrer um ataque. Não é fácil é muito democrático, confesso a você que o estatuto prevê isso, mas é algo muito difícil que entendo claramente que nós não devemos passar, pois, objetivamos um consenso e uma unidade.

BM: O presidente dirige a sigla do PT já há dois anos e meio, isso já te deu uma bagagem na política municipal. Você almejaria alguma cadeira na Câmara Municipal?  

RM: Muita gente tem estimulado para isso e confesso a você que diante da conjuntura nacional seria importante ter uma candidatura jovem, onde jovens possam olhar e ver que tem um representante que dialogue com a juventude. Acho que seria muito bom para o partido, mas nesse momento não há uma definição, estou à definição do partido e se ele entender que devo poderia ser um nome, porém, nesse momento à frente e diante de alguns problemas a discutirmos acho que isso impossibilitaria uma pré-candidatura. Estou com a tarefa de presidir este partido e presidindo e com a tarefa de conduzir todos os diálogos e articulações já estamos com uma grande tarefa, imagine ainda enquanto candidato. Então, acho que nesse momento não.