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Foto: Ascom Câmara

Joás Meira, vice-prefeito, uma das figuras ilustres da sociedade conquistense, médico conceituado, político por uma opção de vida e extremamente dedicado à Vitória da Conquista.

BM: Gostaria que você analisasse em nossa cidade o quadro sucessório para 2016?

JM: Vitória da Conquista é uma cidade politizada e vem ao longo dos anos dando exemplo de que política é coisa séria, e quando bem feita, com boa intenção e seriedade é algo transformador. O prefeito Guilherme Menezes em seu quarto mandato, o PT e os outros partidos envolvidos no projeto durante esses cinco mandatos vem promovendo ao longo desses vinte anos uma grande transformação no município. Só que ele enquanto prefeito encerra um ciclo como gestor municipal, claro, que sua idade e sua bagagem lhe permitem alcançar outros cargos. Eu creio que em termo municipal fecha-se um ciclo Guilherme Menezes. E agora o governo procura um sucessor assim como os outros partidos, inclusive a oposição busca também possíveis representantes para tentar assumir o cargo nas próximas eleições. O bom da democracia é isso, quem está governando e quem não está apresentam suas alternativas para governar.  O próximo gestor deverá ter uma grande dificuldade justamente pela melhora significativa de nosso município nesses últimos mandatos. O próximo governante de Vitória da Conquista irá encontrar uma cidade que mantém uma boa parceria público privada com empresários, industriais, comerciantes e empreendedores que a partir do momento que veem uma melhoria na qualidade de vida vêm aqui instalar seus negócios. Vamos ter uma eleição muito disputada, onde Guilherme terá um peso importante do lado governamental, mas, também existem outras forças que mesmo de oposição vão tentar apresentar suas alternativas. Além disso, partidos da base do governo que veem neste momento, a chance de estarem protagonizando a administração.

BM: Ao longo de todos esses anos o PT sempre foi cabeça de chapa, o PSB, em duas oportunidades apareceu com vice-prefeitos. Seria o momento do PSB ou qualquer outro partido da base ter o seu candidato encabeçando uma candidatura?

JM: A alternância faz parte de um processo de construção até político. O PSB entende que é o momento dele apresentar seu nome para se disputar esse processo, não é de forma algum um desconhecimento ou desrespeito ao projeto que ajudamos a construir, mas sim, um momento de oportunizar os novos talentos e as novas possibilidades que outros partidos tenham. Esse processo deve acontecer de forma civilizada e com todos que pleiteiam ao cargo apresentando suas propostas para nosso município e fazendo com que a população enxergue o que cada representante almeja nos próximos anos para a cidade.

BM: Ao falar que Conquista é uma cidade civilizada politicamente, você pode caminhar tranquila e serenamente mesmo com esse desgaste natural ao qual têm passado o partido nesse momento no âmbito nacional. E apesar de Vitória da Conquista fazer parte da federação não está dentro desse cenário, é desta forma que você analisa?

JM: Com certeza. Esse projeto que se iniciou em 1996 e passa pelas mãos de Guilherme tendo Zé Raimundo feito parte também, veio trazer esperança a cidade e Conquista tem um histórico de gestores que honraram seus mandatos, um feito interessante de se salientar. Realmente aqui em Conquista é como se estivéssemos blindados, ocorreu essa situação com PT, assim como ao longo da história ocorreram muitas situações com outros partidos. A diferença é que os órgãos fiscalizadores e as polícias têm toda independência para investigar e ir a fundo, isso é algo muito importante que a democracia promoveu nos últimos anos em nosso país. Eu ajo e ando tranquilamente, pois, sei o quanto nosso prefeito tem agido de forma séria, objetiva e responsável. Mesmo havendo esse desgaste nacional que são casos pontuais e quem fez responderá por isso, creio que a ética e seriedade de cada um por mais que se tenham relações de amizades sejam julgadas e respondam se tem ou não envolvimento. Vitória da Conquista tem feito essa boa caminhada e o prefeito tem demonstrado que ao longo dos anos é uma liderança e que trouxe um novo modelo de governar.

BM: Essa inquietação que os partidos sentem evidentemente e o PSB está sentindo, é natural, mas, o PCdoB sai do governo não de forma abrupta, porém, não é de uma forma tão amistosa. Ele já seria um adversário do Governo Participativo?

JM: O PCdoB tem o direito legítimo de querer mostrar-se como uma alternativa, é claro que não há como sair sem haver desgaste, o questionamento é como eu vou agir para minimizar esses desgastes. Eu creio que o PCdoB se apresentou e vai ter que apresentar as razões pelas quais quer se candidatar, o próprio pré-candidato, já falou que admira muito o prefeito e tem respeito pela administração municipal, mas, ele entendeu que é hora de mostrar a cara. O caso do PSB, por exemplo, numa possível candidatura nossa será conversado e compartilhado, mas, claro que haverá um descontentamento até porque você estava fazendo parte de uma aliança. Tem que haver a maturidade das pessoas e lideranças de entender que os partidos também têm o direito de pleitear e mostrar a cidade uma outra alternativa  por dentro das proposições do Governo Participativo. Existem coisas que nós do PSB implantamos em outras cidades e poderíamos fazer aqui, seria uma reoxigenação deste processo.

BM: Você está tão próximo ao prefeito Guilherme Menezes, primeiro na condição de vice, como também por terem o perfil muito parecido. Em algum momento o PT manifestou através do prefeito o lançamento de sua candidatura à sucessão?    

JM: Tenho um bom relacionamento com o prefeito, os secretários e um compromisso assumido perante aos eleitores de Vitória da Conquista que nos deram um mandato. Claro que o nosso nome circula como o de outros em nosso partido e com prefeito conversamos e mantemos o respeito, a gente tem discutido e estabelecido alguns debates internos e até por uma questão de respeito ainda não houve nenhuma manifestação de minha parte a ele e nem dele a mim objetivamente por respeitar a sucessão municipal.

BM: Jean Fabrício já se coloca como candidato do PCdoB e disse inclusive ser natural e irreversível, enquanto o PSB busca ou dá abrigo a Alexandre Pereira que era do PT, ou seja, ficam as mentes pensantes e inclusive da base sem saberem o que fazer? Perdem de uma vez só um aliado histórico e o político Alexandre Pereira para o PSB, isso não preocupa o Governo Participativo?

JM: De forma alguma até porque as mudanças entre partidos sempre ocorrem e existem cenários que nem sempre são favoráveis as pessoas permanecerem neles mesmo que estes políticos respeitem a sigla. Foi exatamente  isso que Alexandre fez, inclusive mandou uma carta muito bem elaborada explicando as razões e reconhecendo a história e a sua projeção dentro do PT, no entanto, demonstrando que nesse cenário atual estaria um pouco distanciado das perspectivas do partido e dentro do PSB ele poderia construir alguns processos no âmbito da cidade. Ele vem para o PSB sem exigir nada e nós também não condicionamos sua entrada no partido a nada, vem como militante, e dependendo de como o cenário continuar quem é filiado ao partido pode se candidatar a qualquer cargo.

BM: A política é tão dinâmica que há tempos atrás houve a saída de Nadjara do PT para o PSB. Já foi veiculado em cenário estadual uma aproximação dela com partidos de oposição. Você sente esse ruído de uma possível saída dela do PSB para integrar o PSDB ou PMDB ?

JM: Vi as reportagens e as declarações em sites de notícias e enquanto presidente de partido, eu preciso ouvi-la, é preciso que eu ouça a versão dela dos fatos para que eu possa me manifestar. É claro que Nadjara tem uma história política como assessora e advogada, e Herzem como bom político agregou valores ao seu partido e estamos ouvindo e visualizando na foto o que supostamente ele fala, mas, não ouvimos o que ela supostamente tem a nos dizer. Estamos dispostos a ouvi-la e se o caminho dela for este, ela está livre pra trilhar sem nenhuma retaliação.

BM: Mesmo com os 16 anos que o governo participativo tem aqui em Conquista, você crê que ainda ele tenha consistência de fazer o próximo prefeito da cidade?

JM: Isso vai depender muito de como dar cada passo, estamos vivendo um momento de extrema necessidade de cautela e análise, não se pode prevalecer unilateralmente vontade de quaisquer partes, a política é a arte de conversar. Creio que o Governo Participativo sente para conversar com os outros partidos da base aliada e abra um diálogo com decisão aberta, no qual os partidos que integram o governo possam analisar e construir uma alternativa que contribui e unifique as diversas opções. Com esse diálogo aberto, eu creio que o Governo Participativo tem tudo para mais um mandato.