Há quem diga que o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, seria um petista “enrustido” — desculpem pela palavra — tudo isso porque ele dialoga com membros do governo Lula e, em algumas ocasiões, chega a elogiar posições do presidente da República. Só que, em tempos de polarização, não se admitem posições “dúbias”, pelo menos é assim que alguns setores entendem que deve ser. Mas será que deve ser assim mesmo, ou há lugar para o republicanismo, para conversas, diálogos?

Neto, vez por outra, tem se explicado por que não defendeu o nome de Bolsonaro no segundo turno da eleição passada, em que perdeu a disputa pelo governo do estado para Jerônimo Rodrigues.

Sobre conversas, entendimentos, diplomacia, aqui mesmo em Conquista vimos um ato de extrema inteligência ao mostrar que a prática de radicalismo nem sempre é boa para o coletivo. Estamos falando da realização da Exposição Agropecuária, quando o presidente Isac Figueira e sua diretoria buscaram o apoio da prefeitura municipal e do governo do estado para trazer de volta essa grande festa que tanta falta fez a toda cidade. De um lado, a prefeita Sheila; do outro, o governador Jerônimo; no centro, a Coopmac — portanto, um ato de civilidade.

Então, nem sempre o brado mais alto ou o silêncio sepulcral significam romper com os seus princípios. E com essa manifestação pública de ACM Neto, que transcende as fronteiras da Bahia, fica a questão para seus aliados e adversários: qual é mesmo a sua posição ideológica? Segue o que ele escreveu:

ACM Neto condena apoio do PT à ditadura venezuelana: ‘Chancelar o autoritarismo de Maduro é uma vergonha internacional’

O vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, criticou a nota oficial da executiva nacional do PT reconhecendo a vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas. Neto questionou a postura do PT e de sua presidente, Gleisi Hoffmann, ao apoiarem o resultado do pleito, que muitos consideram controverso.

“O que esperar do PT depois da nota reconhecendo a fraude na Venezuela? Por que será que o PT e sua presidente, Gleisi Hoffmann, na contramão das democracias mundiais, classificaram como ‘jornada democrática’ o processo eleitoral que não traduz a vontade da maioria dos venezuelanos?”, indagou ACM Neto.

Ele ainda destacou a importância da soberania popular e criticou a legitimação do regime de Maduro. “Chancelar o autoritarismo de Maduro é uma vergonha internacional e um grande desserviço à democracia. Nada pode ser maior do que a soberania popular”, afirmou.

Os resultados divulgados pelo órgão oficial informam que Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos, contra 44% do opositor Edmundo González. A oposição, no entanto, afirma que González venceu com 70%.

“Importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”, diz a nota do PT.