Sempre que existe uma invasão aos órgãos públicos a principal preocupação é com os possíveis danos que podem ser causados, a depredação, o atear fogo e também a destruição de obras de artes.

A democracia é o melhor sistema político que existe, na minha opinião, e partindo dessa premissa qualquer ato que possa colocar em risco o nosso direito de expressão, a nossa livre manifestação, deve ser combatido e os culpados devem ser punidos, conforme prevê a lei.

O que aconteceu em Brasília foi muito preocupante, porque, na minha opinião, a maioria daqueles que foram à Brasília o fizeram com o objetivo de dizer ao sistema que fazem parte de um segmento da sociedade brasileira que não concordam com o resultado das eleições. Eu pergunto: está dentro da lei insurgir contra o governo eleito? O que não está dentro da lei é depredar, destruir, atear fogo e muito menos fazer o que fizeram com as obras de artes, quase acabaram com todas.

Sem nenhuma conotação partidária, a população condenou os atos. A mesma população, acredito, sabe que os atos de destruição não foram praticados pelos homens e mulheres, os mesmos que estavam em frente aos quartéis, mesmo que de forma equivocada, pediam intervenção militar.

Sobre o assunto, leia a matéria a seguir que nos foi enviada por um querido amigo:

“A LISTA DE UM PRIMEIRO RESCALDO

A obra de 1920 ‘Bailarina’, feita pelo escultor Victor Brecheret, foi uma das depredadas durante os atos antidemocráticos e de vandalismo de 08/01/2023, em Brasília. A escultura foi separada da base e jogada no chão.

Restaurada, ela voltou a ser exibida na Câmara dos Deputados. A restauração conseguiu deixar a obra “em perfeito estado”, diz o texto da Câmara. Já é possível vê-la novamente no saguão de entrada da Casa, sob a escada que leva para o Salão Verde. A escultura de bronze foi doada à Câmara dos Deputados em 2015 por Sandra Brecheret Pellegrini, filha de Victor. “Escultura em bronze polido, representa a fase parisiense do escultor, em que prevalecia a delicadeza das formas e a sutileza com que tratava os temas femininos”, diz o texto que descreve a obra.

No Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal, os invasores também vandalizaram diversas obras de arte.

A avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta os seguintes estragos em peças icônicas do acervo:

– Obra “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995: pintura que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao Palácio foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados;

– Galeria dos ex-presidentes: totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas;

– O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias.

O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras:

– Obra “As mulatas”, de Di Cavalcanti: a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanho. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti;

– Obra “O Flautista”, de Bruno Giorgi: a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliado em R$ 250 mil;

– Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg: quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil;

– Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck: exposta no salão, a mesa foi usada como barricada pelos terroristas. Avaliação do estado geral ainda será feita;

– Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues: o móvel abriga as informações do presidente em exercício. Teve o vidro quebrado;

– Relógio de Balthazar Martinot: o relógio de pêndulo do Século 17 foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV. Existem apenas dois relógios deste autor.”