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Política do negacionismo

Afrânio Garcez

Por Dr. Afranio Garcez

O Negacionismo é uma palavra originária do francês négationnisme é a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável. Trata-se da recusa em aceitar uma realidade empiricamente verificável, sendo essencialmente uma ação que não possui validação de um evento ou experiência histórica. Na ciência, o negacionismo é definido como a rejeição de conceitos básicos, incontestáveis e apoiados por consenso científico em favor de ideias tanto radicais quanto controversas.

Foi proposto que as diversas formas de negacionismo possuem o denominador comum da rejeição de evidências maciças e a geração de controvérsia a partir de tentativas de negar que um consenso exista. Os termos negacionismo do Holocausto e negacionismo da gravidade da pandemia causada pelo covid19, agora, costumam ser empregados para descrever movimentos que negam a existência ou consistência de tais fatos, enquanto negacionistas climáticos foi usado para definir aqueles que se recusam a aceitar que uma mudança climática está em curso. Supõe-se que o negacionismo seja provocado por diversos motivos, como crenças religiosas, proveito próprio ou como um mecanismo de defesa contra pensamentos perturbadores.

A História tem sido manipulada por setores desta ‘nova direita’ com o objetivo principal de legitimar os seus projetos políticos. “O que orienta a narrativa sobre o passado que esses grupos e indivíduos produzem não é o rigor acadêmico, nem os princípios da divulgação científica, da história pública ou do ensino de História, mas um projeto político”, afirma o historiador Bruno Leal, da Universidade de Brasília.

O negacionismo histórico foi se espalhando por páginas conservadoras nas redes sociais. E, aos poucos, foi se incorporando ao discurso da direita e extrema direita. Em julho de 2018, isso ficou claro quando o então candidato a presidente Bolsonaro chocou os brasileiros ao culpar os africanos pelo tráfico negreiro. “Se você for ver a história realmente, o português não pisava na África, eram os próprios negros que entregavam os escravos”, disse Bolsonaro numa entrevista à TV Cultura. A declaração, que vai contra as pesquisas historiográficas produzidas sobre o tema nas últimas décadas, simplesmente ignora a responsabilidade de portugueses no tráfico negreiro ocorrido entre os séculos 16 e 19 e omite que o modelo de escravidão comercial que promoveu a colonização das Américas foi criado pelos europeus. Durante este processo de produção de uma versão distorcida da História, que é vendida ao público como sem tabus e voltada para recuperar heróis nacionais que supostamente teriam sido esquecidos, os revisionistas se apegam a uma visão historiográfica do século 19 e ignoram a própria complexidade histórica. E, segundo Bruno Leal, que fundou o site Café História, são justamente essas novas perspectivas da análise do passado que incomodaram setores mais conservadores da sociedade, por produzirem efeitos no presente, como na Comissão Nacional da Verdade e nas políticas de ação afirmativa e de direitos das mulheres. No Brasil, este tipo de política foi colocada em curso, como um revisionismo histórico com base na negação e na manipulação de fatos; ele é promovido por seguidores da “nova direita” e pelo próprio governo Bolsonaro; e vai além do “nazismo de esquerda”.

Os riscos concretos do negacionismo para a sociedade, sobretudo no caso brasileiro, em que a negação e a falsificação parte daqueles que estão em posições de poder. O negacionismo é um discurso de ódio e, nesse sentido, ele é tão nocivo como o discurso racista, homofóbico e misógino característico do presidente da República e seus seguidores. A negação do crime é consubstancial ao próprio crime. As vítimas da ditadura, e suas famílias, tiveram seus corpos e sua dignidade violados quando elas foram torturadas e perseguidas injustamente; elas são de novo violadas a cada vez que esses crimes são negados. A negação do crime, portanto, é uma perpetuação do próprio crime. É um discurso que conduz à violência e pode influenciar gerações mais jovens. A melhor defesa contra mais essa investida da extrema direita é a mobilização dos historiadores e, de uma forma mais geral, dos profissionais da educação. Os jovens, sobretudo aqueles que são muito jovens para terem vivido a experiência da ditadura militar, precisam aprender que o negacionismo é intrinsecamente ligado ao extremismo e que estes são uma ameaça para a democracia, e o resultado é que vemos agora o presidente infectado pelo covid19, e provalmente outros membros de sua equipe e família, que mesmo adoentado continua negando veementemente os terríveis e avassaladores males que produzem no ser humano, e via de consequência na economia e sociedade como um todo, pois mesmo diagnosticado com o vírus, continua produzindo sua série de “perolas”, de tal maneira que até mesmo a imprensa nacional e mundial, sequer quer dele se aproximar e já pediram para que as notícias a cerca da pandemia, seja transmitida via teleconferência.

 

*Dr. Afranio Leite Garcez é Advogado, com pós graduação, e diversas especializações, ex-professor, cronista, poeta, membro efetivo da Academia Conquistense de Letras, dentre outras.

2 respostas para “Política do negacionismo”

  • Ezequiel Sena says:

    Existem palavras que pregam como praga. Abusam. Chegam sem pedir licença, vão invadindo aqui e acolá. Infiltram-se em tudo. Aparecem na TV, jornais. Chegam ao Diário Oficial.
    Negacionismo é a bola da vez, tornou-se modelo de sofisticação!
    O nosso amigo Afrânio Garcez, além do banho com um texto impecável sobre “negacionismo”, nos dá a oportunidade de conhecimento e aprendizado.

  • Lizandre says:

    A pior mazela são as negações dos fatos.

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alessandro tibo


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