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Por Luis Rogério Cosme.

Hoje o céu está um pouco mais nublado dentro do meu coração. Nosso amigo Frarlei Nascimento, jornalista, criador do Blitz Conquista, deixou o corpo biológico. Como Espírito eterno, imortal, foi aportar no mundo espiritual.

É parte da vida “morrer”… Estranho é essa sensação de perder o que não se perde, uma vez que a morte é somente a passagem do plano físico para o extra-físico. Estranho é tê-lo visto na sexta-feira, e já hoje, dois dias depois, manhã de domingo quando cantam os pardais, saber não vê-lo mais. Estranho recordar seu sorriso pela janela do carro, em frente a nossa casa,  lembrar sua jovem careca  brilhante que guardava seu cérebro ágil, inteligente, que registrava os fatos com sagacidade, astúcia,  generosidade. Lembrar seu sorriso largo, muitas vezes escondendo lágrimas que só os mais chegados tinham acesso.

Tenho imensa dificuldade de escrever… Mas o dever de homenagear esse amigo me impele para adiante. Nunca imaginei como Espírita ter essa inaudita dificuldade de lidar com a morte. Talvez porque ele me tenha posto , no crepúsculo de sua existência, na lista dos amigos mais confiáveis, sem que eu tivesse merecimento, tempo ou oportunidade para mais um papo juntos.

Não foi perfeito (quem o é?), mas foi amigo, isso basta. Basta para nutrir as mais caras lembranças de suas preocupações com o outro. Sempre rediscutindo suas posições, revendo suas posturas, preocupado com o mundo indócil e suas injustiças. Era um menino de 39 anos que embora profissional, gostava de escutar opinião sobre seu trabalho de gente que nada entendia de jornalismo.

Outra vez bateu na nossa porta só para nos contar que estava lendo um livro novo (“A elite do atraso”). Abismado ele narrava as descobertas que essa leitura lhe trouxe para a formação de sua identidade política e social. Queria saber mais, entender mais, aprender mais para mais ensinar, para mais interagir.

Agora, que sinto sua perda observo como a vida carece de mais pausa para a fraternidade. Vivemos tão reclusos em nossas agendas particulares que sequer temos tempo para entender os seres humanos que Deus coloca em nossos caminhos. São tantas prioridades que analisadas não levam em conta o quanto vale um amigo, um afeto.

Nem mesmo esse Coronavírus nos faz avaliar o melhor da vida, ansiosos que estamos para ganhar as ruas, mesmo de forma irresponsável, muitas vezes para vivermos o que não vale a pena. Ora, vivemos sem viver: na sociedade do sucesso temos logicamente a sociedade do cansaço. Cansaço de fingirmos constante êxito, como me disse o amigo Rubens Sampaio hoje mais cedo. Vã ilusão a nossa, estamos rachados… Cansaço desse materialismo que se transmuta em egoísmo, concorrência, agitação, que nos afasta das pessoas, do bom convívio, do acolhimento, do amor ao próximo.

Jesus já nos ensinou, mas nós ainda não entendemos o sentido da palavra “próximo”, tampouco da palavra “amor”… Em geral vamos aprendendo a amar a cada vez que os próximos são os que se tornam distantes, às vezes pelo fenômeno inexorável da desencarnação. Triste é essa forma de aprender.

Meu Caro Frarlei, que as nossas preces sinceras te encontrem no plano das almas, nutridas que estão de  agradecimento pela efêmera e ao mesmo tempo perene companhia, e que Jesus e os bons Espíritos de luz te acolham para o recomeço do eterno aprendizado.

Guarda em teu Espírito a leveza das boas ações que você praticou, que seja um gesto simples de amor fraterno ou filial, porque o bem é a chave para todas as possibilidades.   Leva tua caneta e teu bloquinho de repórter assíduo para narrar a vida que não cessa, aguardando reencontros.

De nossa parte, gratidão a você e nossos sinceros sentimentos aos seus familiares e amigos.