Dirlêi

Professor Dirlêi A Bonfim*

Para onde aponta a Educação no Brasil…? Com tantos problemas infraestruturais…?  A implantação e desenvolvimento de um modelo contemporâneo de uma escola que seja compatível com as necessidades do século XXI, XXII e mais. O que há de novo verdadeiramente para a construção de uma nova Universidade no Brasil…? Que seja voltada para uma ciência compatível com à realidade. Pesquisa aplicada de ponta que possa interessar e instigar as empresas numa parceria virtuosa…?  Uma universidade que seja capaz de acompanhar a velocidade como o conhecimento e que também esteja sintonizada com as exigências éticas de um mundo com tantas de demandas ao mesmo tempo tanta exclusão. Fato é que nesse país, não temos a tradição, como em outros países, de que os detentores das grandes fortunas, façam doações generosas para criar ou subsidiar aquela Universidade e naturalmente ao desenvolvimento científico e tecnológico, como  por exemplo da Universidade de Harvard o que fez dela uma das mais prestigiosas universidades do mundo. Seu nome foi em homenagem ao primeiro benfeitor da universidade, o jovem ministro John Harvard de Charlestown, quem doou, toda a sua biblioteca e mais de 80% de todas as suas propriedades à instituição. Assim seguimos no Brasil, sem que tenhamos essa benevolência e tradição na nossa sociedade, o que é uma pena. Quanto a novos modelos educacionais, a uma discussão sobre que modelos importantes e interessantes em diversos países do mundo, possam contribuir para que consigamos aperfeiçoar o nosso. Todavia se faz necessário, como afirma o  Professor Eduardo Giannetti, em Trópicos Utópicos (2016), vai nos dizer que o “Brasil precisa de modelos originais que sejam desenvolvidos por nós, levando em consideração todos os nossos erros e acertos e não copiar modelos de outros países”,  ele propõe uma abordagem original e inovadora da questão da identidade, que olha antes para o futuro que para o passado: É possível unir o Brasil em torno de um projeto próprio no mundo globalizado? Um livro para redescobrir o país e pensar em seus futuros possíveis. Tudo isso deve ser feito acompanhando as exigências emergenciais de cada um dos setores da educação. No que se refere à escola ideal para o ensino básico.  “O Brasil abandonou a educação porque começa discutindo como financiar”. A gente tem de começar discutindo o que fazer, depois como fazer, depois, os recursos de que precisa, o problema é muito sério na educação brasileira. Há uma visão ritualizada do processo de aprendizagem e isso acontece em todos os níveis de ensino, até no superior. O aluno acha que, se ele for à aula, aprender o que foi transmitido e reproduzir tudo na prova, terá sucesso. Ora, isso não ajuda a pessoa a ter um pensamento próprio, original, e caminhar por si mesma na busca do conhecimento. Quando eu dava aulas, dizia seriamente para os meus alunos que eu preferia uma resposta errada que demonstrasse reflexão sobre o problema a uma correta que revelasse apenas capacidade de memorização do que foi visto em aula ou do que está em algum livro ou manual. Tem mais valor um erro que mostre um movimento de busca e um pensamento próprio do que um acerto que seja cópia de algo que nem sequer foi devidamente assimilado. O físico americano Richard Feynman (1918-1988), que esteve no Brasil na década de 1950 e deu aulas no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, escreveu em sua biografia que os alunos brasileiros não eram ensinados a pensar cientificamente, já que eles apenas memorizavam o que lhes era dito em aula ou o que liam em livros, sem entender qualquer fenômeno. Quando um estudante brasileiro vai mal num exame internacional de comparação de desempenho como o Pisa sigla em inglês para programa Internacional de avaliação de alunos, promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), boa parte é pelo fato de ele não estar preparado para enfrentar um problema por conta própria e refletir sobre ele, uma exigência desse exame. Porque desde o início da sua vida escolar ele foi preparado e treinado para reproduzir em prova os conteúdos dados em aula. O poeta irlandês William Butler Yeats (1865-1939) dizia que a educação não é um balde que contém, mas um fogo que incendeia. Precisamos abandonar o balde que contém e partir rumo à chama que incendeia. E essa chama nada mais é do que a curiosidade, a própria busca pelo conhecimento.  Agora, mesmo sem nenhum recurso, o governo precisaria de pelo menos R$ 3,5 bilhão por ano, só para o processo de alfabetização. Será que o Brasil não está disposto a pagar o valor necessário para acabar com o analfabetismo, ainda latente no país…?  Além do mais, os recursos que são destinados para os diversos programas da Educação, não chegam lá na ponta. Da saída lá em Brasília, até chegar ao município lá no interior, do interior do país, esses recursos já se perderam pelos corredores da burocracia e do desvio/crime(malversação do erário público). Há uma carência vital e absoluta de ações e programas governamentais de motivação e estímulo ao processo educacional. Numa jornada brasileira pela educação, em todos os níveis, buscando o envolvimento e a participação de toda a sociedade. As pessoas, não entendem e nem aguentam mais programas institucionais feitos de cima para baixo, sem a efetiva participação do principal interessado (os alunos, discentes, docentes e acadêmicos), é insuportável a Gestão e Administração dos processos educacionais, sendo efetuadas por uma classe de tecnocratas/burocratas que não conhecem o dia a dia e o cotidiano das salas de aulas, bem como, das unidades escolares. Sejam dos governos municipal, estadual e federal, esses tecnocratas definitivamente, não conhecem os reais problemas da educação desse país. E continuam a repetir as velhas fórmulas, conceitos e modelos ultrapassados e equivocados. Assim, algumas medidas de forma imediata e cruciais, devem ser identificadas, no sentido de que o país possa enfrentar os problemas da educação de frente e não se utilizar de jargões ou subterfúgios e cortinas de fumaça para criminalizar o que já foi feito por gestões anteriores, para justificar o que se vai fazer ou não fazer agora. Como se pudesse apagar simplesmente da consciência coletiva o que já se viveu até aqui.

O que esperar de um ministro de estado da Educação, que em entrevistas recentes, tratou a população em geral como “canibais, baderneiros e vândalos…” as declarações, consideradas desrespeitosas, preconceituosas e que atacam direitos garantidos na Constituição, ditas por um ministro de Estado da Educação, são no mínimo indecorosas, desrespeitosas e incompatíveis com o cargo, ainda mais, por ser um servidor público federal, pago com dinheiro público, portanto,  para trabalhar e desempenhar seriamente à sua função. Aliás, em outros momentos, por muito menos, do que esse senhor vem falando e fazendo, outros ministros já foram exonerados a bem do serviço público… Como o que disse acerca das universidades públicas. “A universidade é apenas para a elite que pode pagar…” Deixando bem claro, que as Universidades públicas no Brasil, são um grande ônus para a sociedade e devem ser privatizadas. Ou ainda, nas questões  com relação as manifestações públicas em defesa de projetos que marcaram a campanha do atual governo, como o “Escola sem Partido”. Segundo o Professor Boaventura de Sousa, (2019), “ escola sem partido, é a Educação sem futuro. “ A Escola sem Partido é um atentado contra a democracia. É a institucionalização da censura, porque uma escola sem partido é uma escola de um partido, de um partido único, da ideia de que só há um pensamento válido, que é aquele que é difundido e defendido por aqueles que estão no poder. E, portanto, tudo aquilo que diverge desse saber e dessas ideias é considerado ideologia”.  Ou ainda a proposta, defendida por parlamentares conservadores de determinadas bancadas, fala em combater o que chamam de “doutrinação de esquerda” e fala em promover valores familiares, religiosos e patrióticos nas escolas. O discurso religioso, o combate ao inexistente “kit gay”, tudo isso, não enriquece o debate, muito pelo contrário. Além do mais, a sociedade espera dos governos, projetos e investimentos para o desenvolvimento da Educação em todos as suas áreas e, não uma discussão partidarizada, vazia e sem nexo, através de declarações estapafúrdias de um ministro de estado. Antes de mais nada. “Não se pode, a despeito de querer banir uma pretensa ideologização, no processo educacional, tentar impor uma outra ideologia nas escolas. Ao cidadão comum, pouco interessa essa discussão sobre a ideologização… O que ele quer é uma Escola de qualidade, na verdade, o que ele argumenta fere um princípio constitucional que é o princípio da liberdade de cátedra. E do pluralismo de ideias pelo qual está assentada a nossa educação”. Diz o artigo 205 da Constituição Federal de 1988: ” A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.  Segundo o Professor Jessé Souza (2015), “O problema central da educação brasileira é que a gente não tem conseguido garantir aprendizagem dos nossos alunos. Esse é o principal desafio. E como é que a gente pode resolver esse desafio…? Com mais investimentos, com boa formação e qualificação de professores, escolas bem geridas, com tempo integral, com material didático de qualidade, com uma boa base nacional curricular. E naturalmente, com o envolvimento da família e toda a sociedade. As últimas pesquisas realizadas (2018), acerca do PIB x IDH, que coloca o país entre as (10) maiores economias do mundo, numa relação direta de investimentos na educação, ciência e tecnologia há uma inversão de prioridades, no quesito da educação parece-me que estamos a décadas patinando no caminho, enquanto outros países se destacam, inclusive entre os nossos vizinhos como Argentina, Chile e Uruguai, nós ainda fazemos feio em avaliações internacionais e só conseguimos fazer com que 1 em cada 10 estudantes terminem o ensino fundamental sabendo o que deveriam em matemática. Para tentar jogar luz sobre o abismo educacional brasileiro, a pesquisa exame, listou uma série de soluções, das pequenas às grandes, para melhorar a educação no Brasil, a chave para um país mais competitivo. Um estudo do Banco Mundial mostrou que apenas 66% do tempo de sala de aula no Brasil é gasto efetivamente com o ensino. Outros 34% são desperdiçados com atividades burocráticas, como chamada, a cópia de deveres de casa ou pedindo disciplina. A cota de “desperdício” em países da OCDE é de apenas 15%. Usar sabiamente o tempo em sala de aula é uma das mais baratas e eficientes maneiras de melhorar a educação no Brasil. Em países como Dinamarca, Finlândia, Coreia do Sul e Noruega, os melhores alunos querem ser professores, até mesmo do ensino básico. Pois como uma atividade profissional, reconhecida de grande importância por toda a sociedade, portanto, o reconhecimento a valorização, uma excelente remuneração. Fazer a educação brasileira se equiparar a destes países necessariamente passará por tornar a docência seja do ensino fundamental, médio e superior muito mais atrativas no país. É preciso aumentar a dinâmica da carreira para atrair uma geração mais interessada em ascender na carreira profissional, com qualificação permanente e continuada nos Programas de Mestrado e Doutorado para todos os docentes da pré-escola, à Pós-graduação,  e não  ficar apenas(30) anos ou mais fazendo a mesma coisa, na maioria das vezes sem nenhuma expectativa e perspectiva de crescimento na carreira, aguardando apenas o período da aposentadoria. As práticas adotadas em diversos países em várias profissões com ótimos resultados, a meritocracia ainda precisa ser implantada, implementada e difundida de verdade no país, mas com cuidados necessários. Pois a meritocracia é um conceito amplo que deve permear todo o sistema: desde a família na formação dos filhos, a sociedade, da escolha dos gestores aos repasses para as escolas, nas diversas etapas do processo. Mas afinal, para onde aponta a Educação no Brasil…?

**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental,  Professor da SEC/BA**Sociologia**Cursos/FAINOR de ADM/CONTÁBEIS/ENGENHARIAS/FAINOR/2019.1**