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Sempre ficamos curiosos porque determinados candidatos são ou foram tão bem votados em Vitória da Conquista. São perguntas que ficam às vezes sem respostas. Lúcia Rocha, por exemplo, por que tantos mandatos sucessivos e por que votações tão expressivas? As mesmas perguntas faz-se ao campeão de votos do Alto Maron, o Cabeça Branca, Álvaro Piton. E o vereador Luciano Gomes, que tem como base o povoado da Limeira e que chegou ao seu terceiro mandato na atual legislatura? Luciano serve, principalmente, ao eleitor da zona rural, mas a sua simplicidade não impede que ele circule muito bem entre os seus colegas que atuam junto ao eleitor menos esclarecido que mora nos distritos e na periferia, mas tanbém tem uma relação estreita com os vereadores que são votados no meio acadêmico, empresarial e nas classes estudantil e dos professores. Luciano conseguiu os votos de 18 edis que já lhe garantem a eleição à presidência da Câmara Municipal de Vitória da Conquista.

Esses questionamentos estão na cabeça do eleitor ou de qualquer analista político. Todos querem saber, por exemplo, os motivos que levaram os eleitores a votarem em determinados candidatos, quais motivos os levaram a teclarem nas urnas o número dos representantes na Assembleia do Estado e na Câmara Federal. David Salomão conseguiu uma votação surpreendente, pelo menos é a leitura que muitos fazem. Acham que foi uma surpresa mesmo, outros uma zebra, só que o eleitor do polêmico advogado e autêntico na defesa das suas ideias afirma que votou convicto, consciente. “Votei nele cosciente, não tive dúvida em fazê-lo, ele me representa. Nem sei quem é, mas o que ele falou é o que eu queria falar”, me garantiu uma senhora, mãe, que foi buscar o seu filho no Colégio Sacramentinas.

Só que o eleitor da periferia também votou em Salomão, viu no vereador um defensor dos seus direitos, ouviu o advogado e também policial militar dizer nos programas de rádio e no plenário da Câmara que é contra a corrupcão, que bandido tem que estar preso e que “Bolsonaro é a solução para o país”, surfou, portanto, no momento nacional.

Priscila Ribeiro é graduanda em Direito, contadora e responsável pelo setor financeiro de uma instituição de ensino de nossa cidade. Ela tem como companhia principal o seu cachorro Kadu, da raça Lhasa Apso, a quem ela retribui todo o carinho que recebe. “Gente chora, grita, pede e diz que está com fome. Os cães não, só olha, às vezes nem late. Faço tudo por um cachorro. Dou água, alimento, faço o que puder”, diz Priscila que conta um episódio que ocorreu com ela e cachorrinho, aparentemente abandonado ou perdido: “eu estava lanchando e do lado de fora tinha um cãozinho me olhando como se estivesse com fome, pedindo socorro. Fui ao caixa e avisei a moça que voltaria pra pagar, só iria pegar uma ração para dar ao animal antes que ele fosse embora. Ao chegar com o alimento ele começou a andar desconfiado, já quase correndo ele olhava para trás, com medo, entendendo que eu iria bater-lhe. Consegui que ele parasse e dei o que comer”. Aí eu arrisquei um palpite sobre o seu voto para deputado estadual: Você deve ter votado para o candidato dos cachorros, não foi? “Foi. Votei. Eu vi um outdoor dele e acabei votando. Eu votaria em quem? Votei na expectativa de que ele faça alguma coisa pelos animais”.

Pois bem, é assim também que se explica a quantidade de votos que alguns candidatos arrebatam nas urnas. É bom lembrar que “quem não chora, não mama” e “nem todo cão que late, morde”.