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Foto: Reprodução / Google

Por Genivan Silva Neri

No debate entre os candidatos a prefeito de Vitória da Conquista, organizado pela OAB, juntamente com outras organizações congêneres, formulei uma questão relativa ao abastecimento de água em nossa cidade.

Queria saber qual a posição dos candidatos, a respeito da destinação que deveríamos dar às águas de chuva que caem em nossos telhados e ruas e se perdem rio Verruga abaixo.  Embora em pequena quantidade e mal distribuída durante o ano, formam um grande volume, em consequência de alto grau de impermeabilização do solo da cidade com telhados, calçadas e ruas. Essa situação não nos reserva, a meu ver, apesar de pequena quantidade o direito de desperdiçá-la.

 As alternativas em discussão para o provimento de nossas necessidades aquíferas, principalmente para o consumo humano, levam em consideração o transporte via adução de regiões onde a distância de Conquista está entre 40 e 120 km, variando até 400 metros de altitude.

Barra do Choça, Anagé e Inhobim (Rio Pardo com Barragem a ser construída), embora nas bordas do Planalto da Conquista, à exceção do nosso distrito, são outros municípios e como tais, têm suas necessidades de abastecimento hídrico, não sendo nada confortável, saber que buscamos água em outros municípios e as que caem em nossos telhados e ruas estão sendo descartadas.

No debate da OAB, a questão foi encaminhada coincidentemente ao candidato Joás Meira do PSB, meu Partido que sentenciou: Devemos reservá-las para que sejam utilizadas em momentos de falta, – respondendo satisfatoriamente apesar da precariedade intencional da pergunta.

Reservar, guardar em vasilhas, construir reservatórios individuais, grandes reservatórios, barragens, lagos, tudo que possa permitir o uso racional de bem fundamental à vida humana.

Fui inquirido por alguns amigos que queriam saber qual o objetivo da minha questão, para alguns, inclusive integrantes do PSB, mal formulada. Perguntei de súbito, qual o nome do grande rio que passa por Brasília. Após vasculharem as memórias, uns alegavam desconhecer o nome do tal rio e outros lembrava-se: Lago Paranoá, não é rio, é um lago.

Claro, não é rio. Chegaram onde eu queria. É um lago, obra humana, pensada, planejada, com objetivos e finalidades pré-definidos. No caso do Paranoá em Brasília, entre as suas finalidades estão a de abastecimento humano, e de melhoria dos índices de umidade do clima do cerrado, que em certas épocas do ano, assemelha-se ao de regiões desérticas.

Vitória da Conquista reserva semelhanças a Brasília, algumas determinantes, como o fato de estarem situadas em planaltos, regiões ricos em nascentes de rios e com períodos de seca prolongados. Poderíamos dizer que as duas cidades não possuem água. No Planalto Central para receber a capital federal fizeram um grande lago como parte do conjunto de uma obra que marcou época no Brasil e pelo que dizem os estudiosos, é ímpar no mundo.

A questão da água em Conquista, já foi levantada dentro do PSB, e razoavelmente avaliada, digo isso para aqueles que pensam que um Partido político só serve para lançar candidatos a cargos eletivos.

 As águas do Rio Pardo e as do Rio Gavião para chegarem a Conquista necessitariam de pelo menos quatro estações elevatórias, a cada 100 metros de altitude. Teremos que trazê-las.

Entretanto, não podemos abrir mão da construção no médio, longo prazo de um grande reservatório, com um ou mais barramentos no curso do Rio Verruga, ainda no Planalto de Conquista, entre a Fazenda Santa Marta e a Serra do Marçal.

Essa ideia pode ser integrada a outra do ex-prefeito J. Pedral, que pensava em construir nessa mesma área o “Parque da Cidade”, com intenção de atender às necessidades de lazer da população e fomento ao turismo na cidade. A ideia ficou materializada em um texto fotocopiado, com esboço de mapa de localização da área, publicado junto com outras propostas, pelo ex-prefeito antes do seu falecimento em 2014.

Agregaríamos em um único projeto a reserva de água para o consumo humano dentro do Município, saneamento ambiental, recuperação das matas ciliares das margens do Rio Verruga, habilitação da área para a prática de esportes rústicos e a tentativa de fomentar o turismo rural em área que, segundo o esboço pedralista atingiria em torno de 25 quilômetros de margens à direita e à esquerda do Verruga.

Estaríamos, ainda, sem prejuízo, das outras alternativas de abastecimento de água para o curto prazo, recuperando áreas ambientalmente degradadas e contribuindo para a sustentabilidade do nosso Planalto. Conceito que habilita-nos a sonhar com outros voos no futuro.

 Não gostaria de ver essa ideia figurando em nenhum programa de governo dos atuais candidatos, entretanto, vejo a necessidade de todos eles, em parceria com a sociedade, estudar, buscar técnicos, tecnologias, recursos financeiros e juntar esforços para resolver a questão da água definitivamente, e com isso, pensar a cidade para o século XXI e unindo todos os esforços políticos para fazer de Conquista, cada vez mais, a Capital acolhedora do Sertão baiano.

*Professor da Rede estadual da Bahia e dirigente do PSB.

  Genivan.silvaneri@gmail.com