De Antonio, o acajutibano, não se scarpa
Por Valdir Barbosa
Acordo, na manhã fria do inverno conquistense, terra dos meus amores, das minhas preferências e dos meus mais sublimes desejos, onde derramei a saudade do rincão natal que me viu nascer – Soterópolis – fazendo transformada a nostalgia em prazeres próprios de quem encontra nova morada impar, após atravessar desertos e mares bravios por mais de quarenta anos, sem olvidar as coisas do passado, vivendo o presente, na certeza de que o futuro sempre será melhor.
Tudo isto, porque acesso sentença condenatória em meu desfavor, registrada no cartório da Vara onde exerce a titularidade, o ínclito Juiz Federal, Dr. Antonio Oswaldo Scarpa, dois minutos antes de decorrer prazo prescricional, pondo estupefatos advogados e amigos que soube fazer ao longo destes quase sessenta e cinco anos bem vividos.
Ponho-me de pé e sento frente ao teclado onde registro meus pensares, altivo e decidido, não por ter sido condenando, me perdoe o decisor, injustamente, afinal disse acerca disto em artigo anterior publicado dias atrás – Pedras sem Aparas -, cujas razões nele faladas tocarei ao fim, mas, tão somente, por palavras proferidas em sua sentença, as quais me enchem de orgulho, mesmo porque, da lavra de um acajutibano, terra da minha querida Maria Adna, Presidente do TRT Ba., com quem alisei bancos da saudosa Faculdade de Direito da Ufba e de tantos outros irmãos seus, a exemplo do Ministro Raimundo Brito, nascidos todos na mesma terra, mãe de tantas preclaras figuras geniais.
Leia-se sua assertiva, no bojo de sentença condenatória injustificada, assim considero: “…É de ressaltar a brilhante carreira do referido denunciado na Secretaria de Segurança Pública da Bahia, profissional extremamente preparado, com atuação destacada em diversas operações importantes, como se colhe dos autos e é de notório conhecimento do Estado, contando com quase quarenta anos de serviços prestados e no limiar de sua aposentadoria…”
Lamento ter que afirmar haver cometido o nobre Doutor, erros pequenos e grandes no seu sentenciar. Por início, não tenho quase quarenta anos de vida pública dedicados unicamente à sociedade, salvando vidas, resgatando reféns, identificando autores de crimes dos mais simples aos estupidamente hediondos, faço-o há mais de quatro décadas. Não sou culpado dos fatos que, em seu entender, justificaram a condenação de residuais integrantes, num processo onde todos os demais partícipes indicados na investigação e nas denuncias advindas por conta dela foram absolvidos, pelo mais alto Séquito do País – o pretenso mandante, ACM -, bem como na corte que agora me flagela.
Haverão de recorrer meu diligente advogado, mesmo com tantos elogios a me ufanar e enfim, a Justiça se fará plena, mas, devo admitir, de Antonio, o acajutibano, não se scarpa.
VDC, 30 de agosto de 2016