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Foto: Arquivo Pessoal

Por  Valdir Barbosa

Dia destes assisti vinheta, como fundo musical, Sweet Child O’Mine e seu refrão Where do we go now (para onde vamos agora). Mensagem forte aborda conduta indevida na direção, capaz de acarretar trágicos  e desastrosos resultados. Nela, alegres crianças deixam sala de aulas e seguem para piquenique em bosque lindo, de vegetação imponente adornada por regato onde correm águas translúcidas. Antes de sair, garoto da turma brinca com carrinho de cor azul que guarda no bolso da calça, ao ser chamado por colega eufórica, para seguirem no passeio, pelos prados e relvas ainda dominados pelo frio europeu, ao que parece num final de inverno, quando aponta a primavera.

Corpos ao vento sob casacos multicoloridos, a descobrir coisas na natureza, entre vegetais e minerais. Capturam peixinhos no riacho, apenas para admirá-los repondo-os ao habitat natural, brincam de roda em volta das árvores seculares forjando nas suas mentes, ainda pueris, sonhos com vistas ao futuro de realizações sublimes e alvissareiras. Enfim, se acomodam todos num grande tapete sobre a relva, corpos colados, corações batendo em uníssono, risos soltos, rostos leves desprovidos de maus propósitos, mentes puras, corpos sadios, almas imaculadas. O menino faz correr no carpete, o carrinho azul que guardara ao vir, mas, seu semblante, mesmo de tom suave, parece lhe fazer premunir algo ruim.

Enquanto isto, jovem finaliza apressadamente a primeira refeição e assume o volante de veículo, por provável, capaz de levá-lo ao trabalho, partindo célere. O pequeno automóvel a deslizar sobre alfombra na relva, réplica daquele que avança em disparada pela estrada beirando a floresta. De inopino, manobra mal feita pelo motorista imprudente, lhe faz perder o controle do veículo e a condução tomba, voando sobre a mureta que separa a estrada do bosque sendo projetada sobre o grupo de crianças, reduzindo-as a pó.

Permito-me transportar a imagem. Aqueles indigitados infantes, nesta nova ótica, representam a sociedade que deposita a cada dois anos, nos ombros dos que escolhem para legislar, dos que apontam no sentido de governar, suas esperanças de realizações e transformações. Milhões de eleitores, biênio a biênio, creem na capacidade dos eleitos de construir uma sociedade mais justa, com serviços públicos de qualidade – educação profícua, saúde por excelência e segurança real. Por seu turno, o condutor ostenta as vestes do governante, do executivo, muito embora também seja factível lhe por os mantos de quem legisla e daqueles que são indicados para julgar em instâncias maiores, afinal, na qualidade e exequibilidade das leis, a possibilidade de gerir Municípios, Estados, como de resto o País, de maneira efetiva.

Decerto, administrações desastrosas, leis forjadas no arrepio de interesses comuns, ao contrário, votadas no talante de vontades menores, decisões que criam julgados parciais são veículos mal conduzidos, desgovernados. Destroem tudo à sua frente e finalizam no absurdo de sacrificar vidas por imprudência, negligência, imperícia, o que é pior, na maioria das vezes, por dolo, destarte, responsáveis por crianças que não nascem, jovens que não se criam, adultos sem oportunidades, anciãos mal assistidos. Enquanto isto, a camarilha sangra os cofres da nação e de suas instituições mais fortes enriquecendo ilicitamente, usando em benefício próprio a reserva que pertence ao povo e a ele devia ser destinada em forma de ofícios.

Apesar dos despautérios vistos nos derradeiros anos, reverberados nos ruídos ainda mais escandalosos, por conta do cinismo de tantos políticos apanhados com a boca na botija, posando inocência, muitos presos em face de provas incontestes, penso seja justo estender censuras, a outros tantos homens públicos de antanho, mesmo porque, o espírito natalino não autoriza a ideia da crítica partidária, impõe a convicção da esperança, da redenção e da justiça, na energia do puro Espírito que resplandece no resgate.

Os equívocos dos influentes são antigos, muito embora isto não justifique erros destes que surfam agora na onda do poder, do qual não desejam sair da crista apesar de haver demonstrado, no mínimo, incompetência na administração pública. Viajando no barco da hipocrisia pecaram de forma capital, criticando ações erradas dos adversários nos discursos, porém, ao deixar de ser bigorna tornando-se martelos, não forjaram com energia as verdades prometidas, ao revés, maximizaram erros antigos censurados nas campanhas.

Não se pode ficar somente em cima de Moro e seu trabalho hercúleo, confiantes apenas nas instituições serias que estão cumprindo seu dever. Há que descer dos muros onde balançam os fracos e tendenciosos, afinal, a nação espera através da sociedade organizada, da imprensa, dos legisladores, dos magistrados, enfim de todos os homens de boa vontade que cada um cumpra seu dever. Nesta época, a Estrela Guia volta brilhar no infinito e a Boa Nova anunciada pela Criança que redimiu o mundo decerto virá, em forma de ética, moralidade, dignidade e fraternidade.

Feliz Natal, um Novo Ano Iluminado.

Dezembro, 2105

Valdir Barbosa (Quarenta anos de vida pública dedicado à segurança, Delegado de Polícia, ex-Delegado Geral do Estado da Bahia, atualmente em gozo de licença Prêmio)