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Foto: Reprodução Google

A empresária Valmária Caires tem tido importante contribuição na área cultural em Vitória da Conquista. Ela juntamente com seu esposo José Maria Caires são proprietários e responsáveis  pela empresa de turismo Maxtour e da livraria Nobel.

BM: O que temos observado é o número de mulheres que tem se destacado diante do trabalho. Como você a participação da mulher na sociedade conquistense?

VC: A mulher tem a mesma capacidade que o homem no mercado e no desenvolvimento do trabalho. Isso tem acontecido naturalmente, elas têm se destacado por terem seu valor e antes talvez não fossem incentivadas a participar. Agora se tem uma melhor em sintonia com o mercado e a consciência de que podem gerar filhos, cuidar da casa e também terem suas empresas atuando de forma ativa e sendo completamente possível conciliar essas atividades.

BM: Percebo que dentro de sua família são três ativistas com um importante papel.  Zé Maria que é uma das lideranças e um dos pensadores da cidade, também o seu filho Lucas, que é um dos publicitários vitoriosos dentro de um campo qualificado de nosso município, e você própria.  Isso não acaba gerando um choque de estrelas?

VC: A gente fica muito feliz de estar trabalhando e graças a Deus ter esse retorno da sociedade. Eu atuo mais diretamente com a livraria e a empresa de turismo, já Zé Maria com a Maxtour e com a locadora de veículos. E nosso filho Lucas, tem se destacado muito no mercado publicitário, isso para mim é uma felicidade e um orgulho muito grande.

BM: A Maxtour é um nome que sem dúvida tem a legitimidade da nossa sociedade com venda de passagens e excursões. Como aconteceu de vocês voltarem os olhos para este mercado?

VC: Eu fazia administração de empresas e realizei uma pesquisa de mercado onde identifiquei que em Vitória da Conquista estava faltando mais prestadores de serviços na área de turismo. Nosso município é muito vivo e as pessoas gostam de viver bem, viajar e ler. Vi essa necessidade aqui por terem poucas agências que trabalhassem com esse ramo, então, investimos nesse segmento e foi muito bom, tanto que até hoje temos um retorno muito positivo em nossa cidade. As pessoas têm despertado para qualidade de vida e algumas delas deixaram de investir em imóveis para viajar, aproveitar o tempo presente e estar junto com a família viajando.

BM: A leitura é sem dúvida uma coisa muito importante, eu particularmente acho que um país que lê, contribui cada vez mais para cidadania e um engrandecimento da sua terra. Você vê na leitura algo parecido?

VC: Com certeza, eu vejo que a leitura é a chave do sucesso para as crianças e os jovens. Porque a criança que lê ou o jovem e o adulto que tem esse hábito, ele escreve, fala e tem articulação de raciocínio melhor, além de ampliar o vocabulário. É uma prática que produz a mudança de vida nas pessoas. A gente vê que as crianças que mais leem são aquelas que se dão bem melhor nas provas de vestibular e tem uma facilidade na aprendizagem. Acreditando nisso desenvolvemos um projeto de “contação” de história aqui na Nobel, acreditando mesmo que a leitura é o melhor que devemos incentivar os nossos jovens a fazerem. Por isso tentamos despertar esse gosto e prazer pelos livros desde criança.

BM: Você também disponibiliza esse espaço para lançamento de livros, já estive em algumas oportunidades e as obras que são lançadas aqui são espetaculares. Outra coisa importante é que se abre o espaço para novos autores que não são do nosso conhecimento, ou não chegam a ser conhecidos pelas pessoas da cidade. Quando vocês fazem esse tipo de ação acabam incentivando que alguns escritores se motivem a escrever e lançar suas obras.

VC: Muitas vezes a gente está de fora desse mercado e nem percebe, mas existem muitos autores que publicam seus trabalhos com muita frequência. Já temos uma lista de escritores convidados para lançarem seus livros e existe ainda uma infinidade de outros autores com obras a serem lançadas e que muitas vezes ficam de fora. Claro que fazemos de tudo para valorizar estas pessoas nas publicações de seus trabalhos e fazer com que eles cheguem à sociedade. Com esse intuito, temos inclusive, uma área dentro da livraria destinada apenas para autores regionais.

BM: A questão da leitura muitas vezes é uma tradição até familiar, podemos observar que existem famílias que têm vários escritores. Aqui em Vitória da Conquista, nós temos também. Você acha que os pais despertando desde cedo esse hábito da leitura em seus filhos, isto fará com que eles possam se tornar leitores assíduos diferenciando estes dos demais, já que hoje muitos jovens têm deixado de ler livros e se prendido mais aos recursos tecnológicos?

VC: Eu afirmo com convicção que sim, pois, os pais são como um espelho para seus filhos. O exemplo de mostrar esse hábito da leitura desde casa é fundamental para o desenvolvimento de novos leitores. Deixe sempre pelo menos 30 minutos diários a leitura que quem estiver ao seu redor será despertado e tomará gosto também para começar a ler.

BM: Fabrícia Vasconcelos, inclusive uma das contadoras de histórias daqui, tem um filho que vemos nele o gosto pela leitura e a satisfação dela como mãe quando ele pede um livro de presente. O filho do jornalista Fábio Sena, o qual fui apresentado, também ao ser questionado, disse gostar muito de livros. Claro, devem existir muitos outros exemplos como estes em toda cidade, né?

VC: Existem inúmeros casos como este, e é incrível o número de jovens e adolescentes que vibram quando veem um lançamento de um novo livro. O mercado literário também está investindo muito nesse público jovem, tem tido lançamentos maravilhosos nessa área. A literatura juvenil tem sido muito enriquecida de alguns anos para cá. As editoras perceberam que diante de tantos aparatos tecnológicos era preciso investir trazendo livros mais interessantes e que prendessem a atenção destes jovens.

BM: Tenho um conhecido meu que no aniversário de seus filhos gosta de presenteá-los com livros de fácil leitura. Os pais manifestam a alegria das crianças em receberem estes livros  e já destacaram isso.

VC: Já tive aniversários aqui que em que os presentes requisitados são livros. Recentemente tive um aniversário de 15 anos que a jovem trouxe a lista de presentes e eram justamente os livros que ela queria ganhar. Algumas empresas inclusive como Centro Médico Odontológico, Faculdade Maurício de Nassau e a empresa de calçados Dilly já fizeram o amigo secreto somente com livros.

BM: Iniciativas que fomentem a leitura sejam por empresas ou pessoas que dispõem de um capital que possa levar essas ferramentas para outros cidadãos são sempre bem vindas e muito importantes, né verdade?

VC: Verdade. Além do que, o livro não é algo muito caro, apesar de algumas pessoas espalharem o mito de que é um produto destinado somente a quem tenha dinheiro. Isso não é verdade, só para ter ideia, hoje você consegue presentear alguém com um livro numa faixa de R$ 29,90 a R$ 40. É um presente bonito, interessante e com um valor baixo. Nesse mesmo valor tem lugares que você não consegue comprar nem uma camiseta sem contar que não se trata de um produto descartável e pode ser compartilhado por outras pessoas que vão ter acesso a este conteúdo.

BM: Vimos também recentemente a premiação da Revista Conquiste, aqui mesmo na Nobel, onde foram homenageados educadores pelas boas ações na área educacional em nosso município. Como é receber um evento como este em seu espaço?

VC: Fiquei encantada pelo que foi feito e comungo também dessa ideia de que os educadores precisam ser realmente homenageados e destacados na sociedade. Já tivemos lançamentos de outras revistas e exposições de obras, artes, valorizando principalmente o trabalho dos artistas de nossa cidade.

BM: Você destacou o trabalho brilhante da professora e geógrafa Ana Emília, só que a gente não vê essa densidade ou pelo menos não conseguimos observar essa mesma propagação quanto a outros assuntos. Por que isso acontece?   

VC: Ana Emília é uma pessoa maravilhosa, muito estudiosa, doutora em Geografia, já lançou vários livros em Vitória da Conquista que foram sucesso. Aproveito para parabenizá-la porque ela é uma geógrafa que estuda muito a nossa cidade e a região sudoeste. Os livros são um sucesso e as escolas até adotam; temos um exemplar mesmo que é o “Vitória da Conquista Quero Te Conhecer”, esse livro quando chega vende muito rápido e sempre temos que fazer um novo pedido para virem novos exemplares. Recentemente ela lançou um atlas geográfico de Vitória da Conquista, na Bahia é o primeiro livro desse tipo a enfocar em uma cidade. Um trabalho muito criterioso e bem feito.  São muitas coisas que ainda precisam ser propagadas e divulgadas tem eventos literários e atividades que as pessoas ainda não sabem e nem sempre alcançamos um público que gostaríamos de ter. Nossos autores mesmo têm livros que poderiam ser lançados nacionalmente e que muitas vezes nem chegam ao conhecimento deste público a quem poderiam alcançar.

BM: Quero aproveitar e fazer um pedido até por se tratar de uma pessoa muito discreta, mas, sempre disponível para cidade tanto na cultura quanto na nossa história, estou falando do professor Rui Medeiros. Inclusive agora, ele lançou um livro e acho que precisa de uma festa de lançamento até como reconhecimento dessa figura ilustre.

VC: Quero até engradecer que aqui em nosso acervo na livraria dispomos de um livro de Rui Medeiros. Iremos entrar em contato com ele para o agendamento de uma data para que se possa fazer uma noite de autógrafos. Ele apesar de intelectual é muito acessível, sugere livros e conversa. É uma pessoa que precisamos dessa contribuição para compartilharmos este livro com a sociedade conquistense.