Jerônimo e Bruno dão as mãos. O simbolismo desse gesto mostra a civilidade entre os dois gestores. Não significa que estarão juntos, no mesmo palanque, na sucessão estadual.
A fotografia que estampou as manchetes recentemente, mostrando o governador Jerônimo Rodrigues e o prefeito de Salvador, Bruno Reis, dando as mãos, gerou interpretações apressadas. Para alguns, o gesto significaria um indício de aproximação política. No entanto, trata-se apenas de um ato de civilidade, de respeito institucional, nada além disso.
É natural que, em determinados momentos, adversários políticos compartilhem espaços e cumpram protocolos. A história, inclusive, mostra que alianças já foram feitas e desfeitas por diferentes razões: interesses eleitorais, compromissos administrativos ou pela necessidade de garantir melhores condições de vida para a população. Mas confundir convivência respeitosa com adesão política é um equívoco que só contribui para a desinformação e o desgaste da boa prática democrática.
A política é, em sua essência, o encontro entre diferentes. Adversários disputam ideias, visões de futuro e formas de governar. Mas ser adversário não significa ser inimigo. Nesse sentido, o aperto de mão entre Jerônimo e Bruno deve ser visto como um gesto saudável, que transmite serenidade e maturidade à sociedade.
É preciso romper com a lógica da fofoca, da maledicência e das fake news que têm tomado conta do debate público. O exemplo de cordialidade entre duas lideranças de campos opostos deveria servir, sobretudo aos mais jovens, como prova de que é possível divergir sem cultivar ódio.
A cena pode ser comparada a um jogo de futebol: dois times disputam intensamente os 90 minutos, mas ao final da partida jogadores e torcedores podem se confraternizar, conversar e seguir a vida. Assim também deve ser na política, cada lado defende seu projeto, mas o respeito e o diálogo permanecem.
É claro que os correligionários de Jerônimo sabem que Bruno não estará em seu palanque na próxima eleição, assim como o grupo de Bruno tem plena consciência de que Jerônimo continuará adversário. Ambos defenderão suas ideias e buscarão apoio popular de maneira independente.
Portanto, insistir na narrativa de que um simples gesto de civilidade representa aliança é distorcer os fatos. A política ganha quando se reafirma a convivência democrática, quando se entende que respeitar o adversário fortalece a sociedade. E esse, sim, é o verdadeiro simbolismo do aperto de mão entre Jerônimo Rodrigues e Bruno Reis.