Por Marco Jardim

Pra quem vive bem, o tempo estaciona por frames de segundo.

E o mundo transita, equilibrando sulcos e frisos, lágrimas e risos.

Flutua, intrépida, a essência gotejada da vida.

A acidez e a doçura na inesperada partida.

Despertada, iluminada em chama de vela derretida.

Oscilante e eterna, acesa e alcalina, a vida.

Nos lírios de seu vestido, tocando o braço da mesa, veja.

É o som cacheado do poeta bandoleiro.

Faceiro, anti-herói, vaidoso até.

Bendito seja o som da bossa, axé, travando a língua raiz.

Cordão umbilical rompido em dia cor de giz.

Na barra da saia da vida, poema cantado, aprendiz.

Interestelar, tomando o tempo e o espaço na infinita distância.

É esta a ânsia do “nossa, que dia feliz”.

É como levar os abraços pra casa em ciranda.

A inteira vida tocada em brisa branda.

A música, hoje, eu mesmo escolho.

Mas quem tem a chave que cabe precisa no ferrolho da idade do mar?

Somente a existência sabe medir o meu PH com exatidão.

Entre a certeza do amor e a delicadeza, a vida que resta no meu coração.