O feriado prolongado impediu que muitos amigos dessem o último adeus à Tia Sônia, mas os que estiveram na noite ontem, as centenas de pessoas que foram levar o último abraço físico a ela, protagonizaram uma cena que nos mostrou que aquele ato de despedida foi um momento de fé cristã, de agradecimento à Deus, de entendimento que o partir de um ente querido é um desígnio de Deus, encerrando o ciclo na Terra para o reencontro com o Pai, e junto à Ele aguardar os que ficaram aqui com a saudade natural da partida de alguém que só fez o bem.

A presença de todos foi um ato não para elogios, mas para o reconhecimento de que aquela mulher foi uma grande cidadã, ativa, cheia de energia, educadora, solidária, carinhosa, festeira e acolhedora. Dona Sônia conseguiu reunir os seus amigos contemporâneos e, além disso, reuniu os amigos dos seus filhos que sempre lhe dispensaram carinho.

Nós temos nos encontrado pouco, perdemos de vista os parentes, os amigos, são alôs via zap, como se isso bastasse. No final da tarde de ontem e início da noite, Dona Sônia propiciou um reencontro de boa parte da juventude dos anos 80, como se fosse um baile de carnaval no Clube Social Conquista ou uma Sessão das Cinco no Cine Madrigal, onde se iniciavam os namoros.

Ela queria assim e foi, os semblantes leves e serenos, filhos, netos e demais parentes sorriam discretamente, mas felizes, pois sabiam que aquela mulher contagiante cumpriu a sua missão, partiu consciente, lúcida, cercada de carinho dos médicos e enfermeiros, e principalmente da presença, do aconchego, dos filhos e netos que se revezavam na UTI.

Donia Sônia partiu sorrindo, agradecida a Deus.

Logo mais ela será levada ao cemitério Caminho do Parque, o cortejo sairá da Maçonaria Fraternidade Conquista.

Vá com Deus, Dona Sônia!