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EDNA NOLASCO: do porta – retrato à janela saudade

Texto de Edmilson Santana

Dos 180 anos de Vitória da Conquita, muitos deles podem ser contados pelo silêncio de uma câmera fotográfica percorrendo os rastros dos antepassados; as ruínas de suas construções; os traços ancestrais – pretos, brancos, “amarelos”, indígenas… E pela quebra desse mesmo silêncio com o som de um solitário e poderoso click. Muitas vezes, explosivo, detonador daquilo ou de quem tentou escapar do foco, da mira!

A máquina fotográfica  denuncia o que estiver enquadrado e o olhar de quem registrou.

Uma imagem de uma Edna Nolasco vale mais que todas as mil palavras ou mais.

Dessas quase duas centenas de anos do lugar onde ela armou seu tripé, faltando menos de duas dezenas de anos para se fechar e abrir um ciclo – feito o diafragma de uma lente – muitas coisas não  passaram em branco…

Passaram em Preto&Branco, em tom Sépia, Colorido, em papel fosco, brilhante, perolizado, revelados, com clareza, pelos olhos pretos, certeiros, de Edna Nolasco.

Na semana de aniversário da “terra das rosas”, as borboletas do antigo jardim deixaram de visitar uma flor!

Nesse campo verde,

a “joia do sertão baiano” perdeu uma valiosa esmeralda…

O céu ganhou uma radiante estrela em seu colar!

O “tesouro imenso” do acervo de Edna Nolasco cobre toda a letra do hino dessa cidade e ainda sobra muito para o refrão – quantas vezes queiram cantar as vozes da futura geração, sendo descendentes do ventre dela, ou não!

Quantas formaturas!

Quantos formandos!

Quantos casamentos!

Quantos aniversários!

Quantos batizados!

Quantas coberturas jornalísticas!

Quantas manifestações

sociais, políticas!

Quantas eleições!

Quantos candidatos!

Quantas solenidades!

Quantas condecorações!

Quantos espetáculos!

Quantas procissões!

Quantas outras expressões!

Quantas exposições!

Quantos eventos…

Quantos clicks por segundo!

Segundo o Diretor de Fotografia do filme Central do Brasil, o premiado fotógrafo Walter Carvalho – com quem Edna Nolasco esteve nos sets de filmagem, durante as gravações em Conquista:

“A fotografia é um instante mágico! É comparado ao instante em que se bate uma pedra na outra para acender a faísca. Se bater antes, ela não acontece. Se bater depois, ela se apaga.’

A nossa Edna está acesa na eternidade! Se, para nós, foi antes da hora, Deus nos consola, pois sabe de todas as coisas. Ele é o autor da imagem de cada um, feita à Sua semelhança. Então, seja feita a Sua vontade, assim na terra, como no céu…

O flesh foi disparado.

A vida é um instante parecido.

Tal qual a própria Nolasco disse, reflexiva, certa vez:

“- Edmilson, a vida

passa tão rápido…”

“- Verdade, Edna.”

Naquele dia, disse-lhe assim.

Hoje, talvez eu diga:

um giro de 180 graus,

aos 181 anos

de uma cidade.

Agora, não tenho o que dizer, fico em silêncio.

E.SANTANA

Desde 1970 fazendo arte

(A foto da minha Carteira de Identidade atual foi feita por Edna. Fiz questão! Ela topou. E a foto da primeira foi feita pelo seu saudoso pai. Que Deus os tenha no bolso do coração dEle.)