Sheila

A prefeita Sheila Lemos vem assumindo posições até certo ponto surpreendentes, se considerarmos que “existe um certo preconceito por ser uma mulher”, como avalia um dos seus principais colaboradores, no que eu concordo plenamente. Surpreende porque muitos imaginavam e queriam que a gestora ficasse presa ao normal, a atitudes e gestos comuns, repetindo a mesmice que qualquer substituto ou substituta que assumisse o cargo de prefeita de uma cidade como Vitória da Conquista, da sua importância como líder de uma região, com um histórico político de grandes homens que protagonizaram grandes histórias e também por ocupar a cadeira número um do casarão da Praça Joaquim Correia em substituição ao ex-prefeito Herzem Gusmão que partiu de forma inesperada, deixando os seus eleitores sem o chão para pisar, inclusive, ela própria, que não cansa de repetir: “eu não queria assim, eu esperava governar com ele”.

A fala da prefeita não pode ser confundida com um eterno conformismo, a própria cidade lhe cobraria: “ficarás chorando até quando?  Assuma a prefeitura, mulher”, alguém duvida? E é natural que agissem assim. O luto pela perda irreparável de um amigo, de um pai, de um esposo, de um filho e avô, de um companheiro de lutas é eterno, mas existe um limite para ficar remoendo uma ressaca administrativa, os munícipes não aprovariam, mesmo que o ex-prefeito tenha sido um homem que exerceu o seu mandato com uma vontade muito forte e uma marca quase que de uma palavra só, a dele, única, irrecorrível, mas que foi determinante para deixar 97 mil eleitores órfãos, em estado de comoção, que qualquer ação da atual prefeita que viesse a contrariar os princípios do legado de Herzem soaria como traição.

Sheila agiu dentro dos princípios da lealdade desde a interinidade, permanece assim até hoje, honrando o seu compromisso com o seu companheiro de chapa que venceu o PT em duas oportunidades, o mesmo PT que ele ajudara a projetar na cidade e que acabou nos governando por 20 anos. Sheila Lemos Andrade recobrou-se do susto e assumiu os destinos da cidade, começou a concluir todas as obras do “saudoso Herzem”, como ela refere-se a ele, vem assumindo posições corajosas que estão merecendo críticas dos “herzistas”, e é compreensível, ou de se esperar que agissem assim. Ora, conversar e reunir com o deputado Fabrício Falcão, do PCdoB? Sentar e dialogar com os vereadores de oposição? Convidar o vereador Chico Estrella, implacável adversário, para ser o seu líder na Câmara? E por fim, viajar a Salvador para discutir demandas de Conquista com o governador Rui Costa, além de encontrar, de quebra, com senador Wagner, adversário de ACM Neto na disputa pelo governo do estado em 2022? “Rapaz, aí já é demais!”, queixam homens e mulheres. Será que é para sempre? Os ânimos se arrefecem com o passar do tempo?

E Sheila Lemos, o que nos dirá na entrevista da próxima sexta-feira? O programa será totalmente dedicado a prefeita, numa conversa franca, aberta e isenta, como sempre comportamos à frente do nosso programa Agito Geral.

Agradeço ao jornalista Giorlando Lima, secretário de Comunicação, por nos conceder a oportunidade da entrevista.

Até lá!