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Antes de começar a apresentação do nosso programa Agito Geral eu dei mais uma olhadinha no meu celular para ver as mensagens que me foram dirigidas durante o dia. Tinha uma de Messias, do Salão Bahia, que dizia: “O deputado acaba de entrar na sala de cirurgia”. A mensagem foi enviada às 14:26. O relógio apontava 17:55, ainda me restavam cinco minutos para começar o programa. “Vou ligar para Messias”, pensei, e foi o que fiz. “Messias, como foi tudo?” Ele me respondeu: “Já terminou, só faltam os médicos falarem o resultado, mas foi tudo bem”.

Às 18:26, já entrevistando o cientista político e professor Matheus Silveira, o   telefone no silencioso apontava uma ligação, não ignorei por se tratar de Messias. Pedi-lhe desculpas e sugeri deixar uma mensagem. “Faleceu agora, o coração não resistiu”, foi o texto resumido, resignado. A partir daí o programa ficou fúnebre, Vitória da Conquista órfã de um grande político, a OAB perdeu um conceituado membro e muitos perderam um grande amigo.

Ele próprio ficou surpreso com o grande número de pessoas que o visitaram. “Eu não sou mais um homem público, não esperava tantas visitas”, teria dito ele à jornalista Bia Oliveira que ficou ao seu lado antes de seguir para os procedimentos cirúrgicos.

“Hospital não é um bom lugar para visitar amigos. O que pode atrapalhar Cori é a diabete”, me respondeu o advogado Edvaldo Ferreira, que ao lado do radialista Deusdete Dias percorreram boa parte sudoeste da Bahia fundando diretórios do MDB, partido que retornaria Pedral à prefeitura de Conquista e Waldir Pires ao comando do governo do estado.

Coriolano Sales conseguiu eleger-se deputado estadual em três oportunidades, foi presidente constituinte estadual, tendo como secretário o não menos qualificado e competente  Sebastião Castro, de saudosa memória. Cori ainda conseguiu chegar ao parlamento federal. O seu grande sonho seria chegar ao comando da prefeitura de Conquista. Esteve perto de realizar o seu desejo, numa disputa com o então prefeito José Raimundo chegou até o mês de agosto a ostentar quase 70% da preferência do eleitorado conquistense. O resultado da eleição todos já sabem. Zé Raimundo reelegeu-se prefeito.

A política, dinâmica como ela só, permitiu que Coriolano Sales ficasse contra Pedral e apoiasse Guilherme Menezes na sua primeira vitória e interrompesse o ciclo pedralista depois de vinte anos. O ex-deputado só fez desarrumar as malas, mas logo refez arrumando peça por peça e rompeu com o prefeito petista.

Deputado cristão, presidiu a OAB de Vitória da Conquista, cooperativista por excelência e reconhecido como intelectual brilhante. Dentre os seus inúmeros amigos da área política, José William de Oliveira Nunes, atual secretário de Agricultura do governo Herzem Gusmão, sentirá bastante a sua falta, os dois estiveram juntos durante todo o tempo na vida pública.

Como que quisesse ter a certeza que seria lembrado, pediu aos amigos que “me coloquem ao lado dos meus familiares no Cemitério da Saudade; falem com Bira (presidente da OAB-Conquista) que velem o meu corpo lá; agradeça aos amigos da imprensa e peçam que a 96 FM divulgue bastante durante a sua programação que eu parti”, disse à jornalista Bia Oliveira.

Um relato completo sobre a biografia do ex-deputado os leitores encontram com detalhes no blog do jornalista Paulo Nunes, que foi assessor parlamentar do deputado durante seis anos.

Cori partiu, mas deixou um legado de realizações. Quase sempre o víamos só, percorrendo as ruas da cidade, mas a sua solidão, Cori, não retratava uma indiferença do povo com você, existe uma massa silenciosa que acompanhava os seus passos, reconhecendo neles o caminhar de quem muito fez por Conquista e pelo sudoeste da Bahia. Vá com Deus! “Amigos a gente encontra, o mundo não é só aqui”.