“Com certeza, Conquista amanheceu menor e mais triste com a partida da nossa querida D. Angelica Rosa. Mulher simples, generosa, maternal, acolhedora, e grande conhecedora da história e memória conquistense.

Muitas vezes, fui com alunos entrevistá-la, sendo recebida com delicadeza e simplicidade. Quase sempre, eu dava uma subidinha ao sótão, olhava tudo, encantada com aquele pedacinho de passado. Lá na casa de Dona Angélica, fiquei sabendo que este sótão já abrigara Dona Helena Cristália Ferreira com seus alunos, bem antes da existência da Escola São José, que Dona Helena dirigiu na Rua das Flores (em frente da casa de Dr. Nicanor e Dona Zezé).

Atualmente, quase cem anos depois, o sótão ainda guarda fragmentos da platibanda neoclássica que adorna a fachada da casa, arcas, alguns livros e objetos guardados desde o tempo de Dona Zaza.

Lá, eu fiquei sabendo que o famoso “curador”, Zé Pequeno, morou com Dona Zaza quando era rapazinho e que este apelido lhe fora dado para diferenciá-lo de outro Zé, mais alto e mais velho que também morava no casarão.

Dona Angelica foi uma das primeiras professoras concursadas de Conquista. Assim que ela prestou concurso, voltou para Conquista, mas, como as Escolas Reunidas Barão de Macaúbas (chamado “o Predio”) estavam com seu quadro de 8 professores completo, o Estado alugou uma casa na Travessa Lisboa e foi lá que Dona Angelica começou a lecionar, juntamente com Dona Lili Ladeia.

Durante as nossas entrevistas na residência da família, na Praça Barão do Rio Branco, sempre apareciam amigos e parentes que ajudavam nossa linda memorialista a responder às  inúmeras perguntas minhas e dos pesquisadores:

Muitas vezes, aparecia sua irmã Celeste Rosa França, que lembrava as brincadeiras do seu tempo (ordem, seu lugar, sem sorrir, sem falar, um pé, o outro, bate palmas, pirueta, trás e frente, pancada, se ajoelha…….. ), outras vezes, com qualquer pretexto, chegava Anfilófio Pedral Sampaio, para pedir à prima a receita de uma geleia de jabuticaba, e ficava, mais um pouco, contribuindo com os ensinamentos de uma das mais importantes professoras de nossa terra. Sempre estavam por lá  Zica Pedral, Nilza Flores,  Antonio Nery, Zezé, Nádia e Mercedes Rosa (quando estavam em Conquista).

Dona Angelica era um poço sem fundo de amor para todos os visitantes, no casarão do Coronel Gugé, e para os transeuntes, que a viam na janela, como que abençoando os descendentes dos primeiros moradoresz

Abraço forte para Mercedes, Nádia, Geni, Getinha, Marcelino, Zenilda, Karine, os mais novos, noras, genros, netos e bisnetos………….Dona Angelica foi se encontrar com Marinho…………”