Sonkha participa do retorno triunfal da cantora Simone Moreno à cidade de Salvador. A artista é dona de uma das vozes mais marcantes da música nacional.

Eu tive a honra de conviver muito de perto, fui parceiro durante boa parte da vida dessa figura ilustre, que é o saudoso Jorginho Sampaio, ex-diretor de futebol do Vitória, homem influente dentro da agremiação rubro-negra, o nosso Leão da Barra da capital do estado da Bahia. Jorginho Sampaio, que conheci no início da minha trajetória musical como empresário de música, marcou principalmente pela convivência que tive com o axé ao longo desses 50 anos de história do Massicas.
Jorginho Sampaio partiu, deixou saudades e um legado incrível para a música baiana. Foi, sem dúvida, um mestre que tinha um toque mágico, um olhar especial para perceber os talentos que surgiam nos quatro cantos da capital baiana, a exemplo dos artistas que ficaram sob sua tutela, sob sua orientação, lá na Selva, nome da sua produtora.
Dentre os artistas, vou citar alguns: Jammil e Uma Noites, Araketu. Tivemos também, fazendo parte do casting de Jorginho Sampaio, nomes que jamais poderíamos esquecer: Ivete Sangalo, no início da Banda Eva (Jorginho inclusive era diretor do Bloco Eva), Daniela Mercury e também a encantadora Simone Morena, da música baiana.
Inclusive, eu a trouxe aqui em duas oportunidades, quando Jorginho colocou em Vitória da Conquista para que nós apresentássemos ao público conquistense e ao sudoeste do estado.
Simone viajou, ausentou-se do país, e seu vozerão chamou a atenção do mundo. Claro, ela foi descobrir novos horizontes.
Mas eis que a saudade bateu firme, bateu forte, e ela retorna ao Brasil. Fez um show marcante recentemente, em Salvador. E eu fiquei feliz, pois hoje ao acordar recebo em meu celular uma matéria do querido Sonkha, ativista cultural. Ele aproveitou o ensejo e foi a Salvador prestigiar Simone Morena, uma belíssima artista, que nós tocaremos em nosso programa Agito Geral.
Saiba mais:
Simone Moreno: A Bahia que respira em uma só voz
SALVADOR (BA) – O amanhecer de Salvador trouxe um espetáculo à parte: o céu em tons de ouro, laranja e coral refletia nas fachadas coloniais e nas ladeiras históricas da cidade. A atmosfera era de expectativa. A capital baiana aguardava o reencontro com uma de suas vozes mais marcantes: Simone Moreno¹.
Nos bastidores, a artista sentia a pulsação do coração como um tambor de bateria. Entre risadas nervosas, lembranças de décadas de carreira e a preparação da equipe, Simone revivia os palcos que marcaram sua trajetória internacional — Montreux, Estocolmo, Central Park. Agora, o destino a trazia de volta para o lugar onde tudo começou: o calor da sua gente.
O trio que arrastou multidões
O trio elétrico serpentava pelas ruas de Salvador, arrastando foliões como ondas em movimento. Bandeiras tremulavam, cores dançavam ao vento e o brilho do glitter se espalhava como pó de estrelas. Do alto, Simone reconectava-se com sua história por meio de canções que marcaram gerações: Êh Moça, A Terra Tremeu, Sambaê, Mulheres do Mundo.
Ao pisar no trio, um silêncio inesperado tomou conta da Praça Castro Alves. O tempo pareceu suspender-se. Então, sua voz rompeu o espaço: cristalina, potente, infinita. O chão tremeu, o ar vibrou, e a cidade inteira curvou-se para escutar.
Uma só voz com o público
O público reagiu em coro. A introdução de A Terra Tremeu transformou-se em canto coletivo, e cada acorde da banda reverberava no peito dos foliões. Risos, gritos e suspiros se misturavam à vibração da música. Era mais que espetáculo: era a Bahia viva, respirando em uma só voz.
Nos olhos da multidão, Simone encontrou gerações inteiras: crianças dançando livres, jovens entregues à magia do ritmo, adultos recordando memórias e idosos que guardavam os primeiros carnavais. Sua voz atravessava o tempo, unindo tradição e inovação, memória e futuro.
Arte, resistência e emoção
Enquanto cantava, a artista sentia o passado e o presente entrelaçados: as ruas de Salvador, as ondas do mar, os batuques do axé, a força do samba-reggae e sua trajetória internacional. Cada nota era vitória, cada acorde era resistência.
Ao fim, quando a última nota ecoou, a Praça permaneceu em reverência. Em vez de aplausos imediatos, houve silêncio de admiração e respeito. Para muitos, Simone não era apenas uma cantora naquela noite: era a própria Bahia cantando sua história, sua força e sua essência.
Um eco que permanece
Com o pôr do sol tingindo o céu de vermelho e dourado, sua voz seguia ressoando nos corações. Atravessava gerações, ruas e memórias. Naquele instante, todos se tornaram parte de uma só canção — eterna, potente, viva.
















