BM: Francisco Pena, empresário, administrador de empresas e analista de sistemas, embora não tenha nascido em Vitória da Conquista, conhece a cidade como poucos. Chegou à capital do Sudoeste baiano aos 9 anos de idade e, desde então, passou a viver intensamente o cotidiano da nossa gente. Criou raízes profundas e construiu uma trajetória de dedicação à cidade que, em novembro, lhe renderá o título de Cidadão Conquistense, honraria concedida pela Câmara Municipal a partir de iniciativa do vereador Edvaldo Ferreira Júnior, aprovada por unanimidade.

Mas antes mesmo dessa homenagem, Francisco já tem presença marcada em um importante debate para o futuro da cidade. No próximo dia 22 de agosto, às 15h, a Câmara de Vereadores sediará uma audiência pública convocada pelo deputado federal Leo Prates, com o objetivo de discutir a escassez de voos para Salvador e os preços abusivos praticados pelas companhias aéreas.

Nosso entrevistado de hoje, o amigo Chico Pena, fará parte da mesa de debates. E, antecipando essa conversa que interessa a toda a população, já deixamos uma pergunta no ar:

“Chico, não é um paradoxo, depois de inaugurado o Aeroporto Glauber Rocha com tanta expectativa, convivermos ainda com uma realidade tão limitada e onerosa para os conquistenses?”

FP: Massinha, é sempre uma honra poder participar de suas entrevistas.

Obrigado pelo convite para esse importante Fórum dia 22 de agosto próximo. Estamos  sempre disponível e a disposição para contribuir.

Interessante essa sua pergunta, Massinha.

Convido você e boa parte de seu público a voltar um pouco no tempo.

Vamos encontrar uma cidade de, aproximadamente, 170 mil habitantes, isso final dos anos 70 e início da década de 80. Estou falando de uma viagem de 40 e poucos anos.

Nesta época, Conquista tinha uma regularidade de voos ainda precária, mas com uma funcionalidade de integração bastante razoável para a época. Eram voos Conquista x Salvador, Salvador x Conquista.

Tínhamos a Antiga Nordeste Linhas Áreas. Os voos eram inicialmente nos finais de semana. Posteriormente, passou a ser realizados em dias alternados durante a semana.

Lembro-me de uma rota Salvador x Conquista x Guanambi. Depois foi implantado Salvador x Conquista x Guanambi x Belo Horizonte.

Já tivemos até Salvador x Conquista x Barreiras.

Bem, foram tantas experiências que o tempo já consome a lembrança. Tivemos no início dos anos 80 até voos noturnos.

Veio posteriormente a essa fase os voos regulares com a Passaredo, etc. Nos famosos Embraer tubo hélices.

Você ia para Salvador com voos bastante regulares e com um acesso bastante satisfatório. E os preços eram bastante razoáveis.

E uma batalha hercúlea foi travada para a construção de um aeroporto de maior porte e com mais recursos tecnológicos.

E o sonho de se ter um aeroporto com suporte para voos com uma capacidade maior, com regularidade melhor, e, que pudessem ser executados a qualquer hora do dia ou da noite, nos habitou por longos anos.

Depois de muitos, muitos, muitos anos isso finalmente aconteceu. Ganhamos um aeroporto muito bom. Diria que até para os mais exigentes, um aeroporto bastante razoavel, bom, muito bom mesmo.

Conquista hoje possui um ótimo equipamento. Com uma capacidade operacional muito satisfatória. Com uma tecnologia embarcada de muito boa qualidade e capacidade operacional.

Hoje temos uma população de quase 400 mil habitantes. Temos uma população flutuante de aproximadamente 500 mil pessoas. Influenciamos um universo de cerca de 2 milhões de Brasileiros. Somos a segunda maior cidade do interior da Bahia e a terceira do Estado.

Conquista é um polo estudantil, médico hospitalar, sede de um dos maiores centros comerciais do Norte/Nordeste. Está entre as dez maiores cidades em desenvolvimento sócio econômico do Nordeste. Dotada de uma ótima infraestrutura para implantação de atividades empresariais e econômicas.

Conquista já se prepara para se transformar com todo o seu entorno em uma RM (Região Metropolitana).

Mesmo com todos esses pontos positivos, Conquista ganhou um novo aeroporto, com sua nova malha aérea. E veja você o paradoxo, suas opções de voos regrediram.

Não conseguimos mais nem restaurar em opções de voo os horários que tínhamos no velho aeroporto.

O preço do bilhete aéreo é uma opção impossível. Chega a ser escandaloso, indecente, não dar para ser comprado por grande parte da população.

Massinha, só para se ter uma ideia, o preço das passagens chegam a valores tão absurdos, que atualmente de Salvador para Vitória da Conquista, custa até R$10.159,00 por pessoa, com duas escalas, e, uma duração de 22:22 horas. Isso é o mesmo tempo que você leva de Conquista a São Paulo, de ônibus, por uma empresa muito conhecida nossa.

Me faltam adjetivos para isso.

Os horários e opções de voos atualmente são péssimos, os preços extorsivos.

Difícil de entender, Massinha, como uma cidade tão importante, uma região tão próspera, um universo empresário tão dinâmico pode continuar a conviver com isso?

Permita-me indagar, das lideranças politicas, empresariais, da Bahia e que atuam e representam a Região de Vitória da Conquista, com um quase grito de indignação: Isso irá perdurar até quando senhores?

O desafio é encontramos uma saída, um caminho, alternativas possíveis de serem implantadas.

Aprendi que na vida o possível se faz logo, o impossível logo mais.