Sobre a polêmica do mandato de Natan da Carroceria, Karine Borges, candidata a vereadora pelo PT, nos pediu espaço para trazer sua opinião. Leia o texto na íntegra:
Karine Borges é mestre em Assistência Social, ativista política e, diga-se, uma mulher muito preparada. Ela nos enviou um artigo no qual se posiciona sobre o caso do vereador Natan da Carroceria. É importante destacar que sua análise vai além de um nome específico — Karine trata a questão de maneira mais ampla, deixando claro que seu posicionamento poderia se aplicar a qualquer outro candidato em situação semelhante. Não se trata de um ataque pessoal, mas de uma defesa do que ela considera ser a legalidade e o respeito à legislação eleitoral.
Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), Karine já foi candidata em outras eleições e obteve votações expressivas. No entanto, devido às regras do sistema eleitoral, não chegou a assumir uma cadeira na Câmara Municipal.
Desde que publicamos o artigo no Blog do Massinha sobre o imbróglio envolvendo o vereador Natan da Carroceria, recebemos várias manifestações de leitores, por telefone e por mensagens. Muitas delas, como a da Karine, demonstram reflexões profundas, e consideramos ser do interesse público compartilhar essa contribuição com nossos leitores.
Também recebemos a manifestação do jornalista Paulo Nunes — essa, no entanto, em caráter confidencial, e, portanto, não será publicada.
Reforço aqui que minha posição pessoal, enquanto editor do blog, foi colocada de forma simples, sem aprofundamento jurídico, pois, embora eu entenda o que diz a legislação vigente, confesso que discordo do resultado prático: considero injusto que alguém eleito pelo voto popular possa perder seu mandato por um erro do partido, mesmo que assim diga a lei. Mas é justamente esse debate, feito com respeito e argumentos, que fortalece a democracia.
Karine, com embasamento técnico e jurídico, nos trouxe um texto importante, que convido a todos e todas a lerem com atenção. Sua contribuição qualifica o debate e reforça o valor da pluralidade de ideias e opiniões no ambiente democrático.
Agradeço, portanto, à Karine pela confiança e por ter recorrido ao nosso espaço para se manifestar. A seguir, publicamos seu artigo na íntegra:
“Gostei muito da sua reflexão, Massinha. Contudo, gostaria de contribuir um pouco com a minha, tendo em vista alguns pontos que julgo importantes para ampliar o debate:
1. Os partidos políticos são instituições coletivas, construídas a partir de uma base social e histórica. Em um processo eleitoral, ninguém se elege sozinho — os votos recebidos são fruto de um conjunto de ações, articulações, militância e da confiança depositada por eleitores e eleitoras em um projeto coletivo de representação.
2. A chamada “candidatura laranja”, especialmente quando se trata de fraude à cota de gênero, é algo grave não apenas do ponto de vista jurídico, mas sobretudo ético. Ela fere a luta histórica das mulheres por representatividade nos espaços democráticos, conquista que não foi dada, mas sim arrancada com esforço, resistência e coragem ao longo de décadas.
3. A presença feminina na política não pode ser tratada como formalidade ou estratégia burocrática para cumprimento de metas partidárias. É uma reparação histórica e uma exigência de justiça social. Reduzir a mulher à condição de “candidatura de fachada” é negar sua voz, sua trajetória e sua capacidade de liderar.Essa reparação se dá por que não se vislumbra candidaturas laranjas masculinas. ainda no jogo do xadrez político, a participação ainda e majoritária dos homens.
4. É importante lembrar que os partidos não existem apenas durante o período eleitoral. Eles são espaços permanentes de formação política, debate público e articulação de projetos. E justamente por isso, devem prezar pela integridade e pelo respeito às regras que buscam equilibrar a disputa e garantir diversidade de representação.
5. Pontualmente esse debate não é sobre Natan . É importante analisar sobre o ponto de vista do conteúdo. A luta por essa participação das mulheres e a representatividade política, são de anos e nos é muito cara. Movimentos iguais a esse abre um precedente imenso e coloca em risco todo o nosso processo histórico.
Que este episódio nos sirva para aprofundar reflexões sobre a necessidade de fortalecer a democracia, com mais participação, mais transparência e mais compromisso com a igualdade.
Seguimos atentas!”
Temos que acatar o resultado das urnas.
Excelente reflexão da senhora Karine, respaldado no que diz a legislação eleitoral do País. O excesso de partidos políticos em nosso País, todos de olhos no fundo eleitoral, faz com que situações como esta ocorra
Também sei que se faz necessário os partidos políticos, para que àqueles que desejam disputar um cargo, possam se filiar.Sei que somente pode tomar posse o político eleito, mas no entanto, faço a ressalva de que o Natan da Carroceria irá perder o mandato, isso por conta do que já foi apurado, e se verifica que mesmo tendo preenchido as cotas destinadas às mulheres, as que disputaram a eleição, sequer votaram nelas mesmas, e da mesma forma outros candidatos do partido do Natan. Eu dentro de menos de uma semana já estarei desobrigado a votar, mas mesmo respeitando a Carta Magna acho.um exagero de partidos políticos no Brasil, e todos recebendo as cotas do fundo partidário, que é dinheiro que nos é tirado das mais diferentes formas para tal finalidade. Finalmente tudo isso representa um desrespeito e um tapa na cara dos eleitores.