A festa nordestina São João, Santo Antônio e São Pedro. Os três santos têm uma identidade própria com as nossas manifestações culturais. E, é claro, nos referimos à maior festa do Nordeste brasileiro. Ela tem algumas particularidades que você, que se alegra, que se diverte, que curte, que gasta o seu dinheiro, que fomenta a economia criativa, que sai de casa com seus filhos, pega o transporte particular ou não — seja o Uber, seja o táxi, seja o ônibus —, você é quem dá vida a essa extraordinária festa chamada
Festa Junina.

Vocês não sabem o que acontece nos bastidores. Por exemplo, os artistas autênticos, que tocam e cantam, abriram caminhos para que um Nordeste tão discriminado, tão desapreciado e redescoberto pelo Sul Maravilha, que não sabia de nada disso, fosse reconhecido. De repente, o Rio de Janeiro foi invadido por um herói: o mestre Luiz Gonzaga, que saiu de casa em 1950 e foi para o Rio. Tornou-se uma celebridade nacional. E lá no Sul Maravilha, nas cidades de todos os estados, uma simples quadrilha é apresentada durante o São João. Ou seja, é o reconhecimento dessa cultura inabalável e imortal que são as festas juninas.

Mas, meus amigos, os grandes artistas, eles, que são os propagadores da música de Luiz Gonzaga, de Jackson do Pandeiro, de Dominguinhos, de Sivuca… Nós temos aqui, inclusive, em nossa cidade, artistas que são realmente grandes: Edgar Mão Branca, Rony Barbosa e outros mais, para não me perder citando um por um.

Eu recebi uma mensagem de vários artistas cujos nomes estão comigo — e eu não quero decliná-los, até porque eles poderão ser prejudicados, pois constam de algumas grades. Estou falando de artistas, não apenas da região, mas artistas nacionais, que me pedem para ver se consigo colocá-los nas prefeituras. E eu não trabalho com prefeituras, não é o meu perfil. Nada contra, mas não é.

Eles estão ficando de fora das grades, não são contratados. E alguns têm medo de reclamar pelos colegas, porque, senão, podem sair das grades. Que pena. Eu lamento profundamente.

A composição de Abmael Amaro traduz bem a realidade:

No terreiro de chão batido

Já não soa o baião sagrado

Luiz caminha entristecido

Com seu fole silenciado

Foi-se o tempo de Luiz

De Elba, Marinês, Sivuca

Hoje o povo não condiz

Com a herança que caduca

Na sanfona abandonada

Vejo a alma sufocada

Do nordeste que se reeduca.

É arrocha, é pisadinha,

É pop, funk e axé

Tudo junto na latinha

Com gelo e sem café

Mas cadê Dominguinhos?

Onde foi parar os versos

De Patativa do Assaré?

Faço aqui meu apelo

Ao politico, ao produtor

Ao artista no novelo

De um tempo sem valor

Salvem nossa tradição

Deixem Luiz no salão

Com sua sanfona e tradição.