Igreja Adventista presta apoio a venezuelanos em situação de vulnerabilidade em Vitória da Conquista
Recebi, na manhã de hoje, um importante comunicado da Igreja Adventista, que vem prestando um valioso serviço à comunidade — em especial, aos venezuelanos que se encontram em Vitória da Conquista em busca de uma sobrevivência mais digna.
Esses irmãos estrangeiros deixaram para trás sua pátria, suas famílias, suas raízes. Trouxeram apenas a coragem e a esperança, motivados pela necessidade de escapar das graves dificuldades que enfrentam em seu país de origem. Chegaram até nós, trazendo nos olhos rastros de saudade, mas também uma chama viva de fé em dias melhores.
Em Vitória da Conquista, é comum encontrá-los nos semáforos das principais avenidas, onde pais, mães e filhos estendem as mãos — não apenas em gesto de pedido, mas como símbolo de resistência e dignidade. Pedem ajuda, solicitam alimentos, água e, principalmente, oportunidades de trabalho.
Diante dessa realidade tão dura, é com grande alegria que registramos esta iniciativa da Igreja Adventista, que nos conforta e nos inspira. Ela revela que os corações sensíveis da nossa cidade estão atentos, vigilantes e, mais do que isso, comprometidos com a solidariedade.
Essa ação merece ser divulgada, porque ela nos resgata enquanto seres humanos, num tempo em que tantas vezes somos soterrados por notícias duras e nos esquecemos da importância de estender a mão ao próximo.
Deixamos aqui o registro, como forma de agradecimento e reconhecimento, e também como convite aos conquistenses: se, por ventura, o dia a dia endureceu os seus corações, que esse exemplo sirva de reflexão e estímulo. Ainda é tempo de amar, ainda é tempo de ajudar.
Leia o comunicado enviado na íntegra:
“Adventistas desenvolvem projeto humanitário com refugiados venezuelanos em Vitória da Conquista
Desde o final de 2024, a Igreja Adventista do Sétimo Dia em Vitória da Conquista tem conduzido um projeto humanitário contínuo com refugiados venezuelanos da etnia Warao, instalados provisoriamente no distrito de Itapirema. Cerca de 120 pessoas, organizadas em 24 núcleos familiares, vivem atualmente em uma antiga escola agrícola desativada, cedida pela Prefeitura para abrigar emergencialmente as famílias.
A iniciativa é realizada em rede, com a participação de igrejas locais, clubes de Desbravadores e Aventureiros, voluntários da área da saúde e educação, empresários, advogados e membros da sociedade civil. O projeto visa oferecer acolhimento, dignidade, inclusão social e apoio à autonomia das famílias, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes) e a subseção da OAB Vitória da Conquista.
Segundo Tiago Lêra, coordenador dos Desbravadores no município, a mobilização envolve 52 clubes da região:
“A iniciativa partiu dos administradores da Igreja Adventista no sudoeste baiano. Hoje, estamos mobilizando toda a nossa região para oferecer suporte com alimentos, roupas e outros itens necessários. É um esforço conjunto, com cada um contribuindo como pode.”
Saúde, educação e inclusão cultural
As visitas dos voluntários são frequentes e envolvem doações de alimentos, roupas e itens de higiene, mas o foco vai além da assistência emergencial. Voluntárias têm ensinado a língua portuguesa com materiais baseados na Bíblia, facilitando a integração social. Profissionais de saúde — como médicos, dentistas e psicólogos — oferecem atendimento gratuito, com atenção especial a mulheres e crianças.
O pastor Heberson Licar, líder dos Desbravadores e Aventureiros da região, destaca a importância de respeitar a identidade do povo Warao:
“Queremos que eles continuem sendo Warao, sem perder sua identidade. O discipulado verdadeiro ensina as pessoas dentro da sua cultura, sem desrespeitá-las.”
Autonomia por meio do trabalho com a terra
Parte fundamental do projeto está no incentivo à subsistência por meio do cultivo de hortas comunitárias e da criação de galinhas. As próprias famílias capinaram a terra, plantaram, construíram os viveiros e iniciaram a produção de alimentos. Parte do excedente já está sendo comercializada localmente.
“A ideia foi garantir a subsistência dentro da comunidade, com aquilo que eles já sabiam fazer. Hoje, além de alimentar as famílias, o excedente gera renda e fortalece o pertencimento”, explica o empresário e voluntário Jhonatan Moraes.
Projeto pode ser expandido para outras frentes sociais
A experiência em Itapirema integra um plano mais amplo da Igreja Adventista em Vitória da Conquista. Segundo o pastor Heberson Licar, outras frentes já estão em fase de estruturação:
“Começamos com os refugiados venezuelanos, mas já iniciamos ações voltadas a moradores em situação de rua, idosos, órfãos e outros grupos vulneráveis.”
A atuação integrada entre igreja, sociedade civil e poder público tem gerado resultados concretos nas áreas de saúde, educação, geração de renda e integração comunitária. A expectativa é que o modelo seja replicado em outras regiões do município.”