Lembro bem dessa pracinha, ainda nem tinha o seu nome original que a Câmara Municipal lhe dera, Praça Orlando Leite, em homenagem ao ex-prefeito da cidade, que partiu muito jovem, aos 56 anos.

Era um espaço vazio, imenso, de terra, onde parávamos para “jogar bola”, antes de chegar à casa de Seu Capitulino Teles e Dona Edi, para, em seguida, adentrar a nossa querida Escola Normal.

O tempo passou, Vitória da Conquista cresceu, e a nossa praça ganhou calçamento, um canteiro central, uma graminha aqui, outra acolá, apenas para dizer que o verde se fazia presente.

O “Point” da juventude conquistense já foi a “Curvinha do Amor”, ali na atual praça Tancredo Neves, que à época tinha o singelo nome de Jardim das Borboletas.

Os jovens da cidade migraram para a Alameda Ramiro Santos, onde se registrava um verdadeiro desfile de moda, antes de partirem para a famosa “sessão das cinco” no Cine Madrigal.

Como nuvens que mudam de lugar a qualquer momento, os líderes da juventude conquistense, independentemente de classe social, puxavam a fila e ditavam a moda. Assim, voltaram seus olhos para a ainda tímida localidade, mas que já tinha um certo charme, capaz de atrair os “rapazes e moças” para o novo endereço que viria a ser a grande novidade da turma jovem.

Foi dito e certo: todos passaram a curtir o novo “Point” da “Terra do Frio”.

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Ali se instalaram bares, dentre eles o de Sula e o de Sabino, locais agradáveis e com drinks convidativos. Carros e motos, sob o comando de jovens cabeludos, ficavam desfilando ao redor da praça.

Hoje, onde está o prédio Gil Moreira, havia um terreno da Ecosane (Construtora conquistense), que foi cedido para o Massicas instalar a sua sede e realizar os ensaios carnavalescos e apresentações da Quadrilha Junina.

Pronto, a praça Orlando Leite passou a ser denominada carinhosamente de Pracinha do Gil, não por demérito ao ilustre professor e advogado que recebera a honraria dos vereadores de então, inclusive o Dr. Gilberto Gil, pai do filho famoso, o artista Gilberto Gil Moreira.

Mas, de tudo que possa ter acontecido na Pracinha do Gil, nada foi tão simbólico e emblemático quanto as micaretas, que tinham como palco principal esse espaço por onde os blocos desfilavam e os trios se encontravam para uma verdadeira celebração de alegria e paz.

O percurso do nosso carnaval fora de época partia da Praça Barão do Rio Branco, seguia pela Rua 2 de Julho, passava pela Praça Vitor Brito, ganhava a Bartolomeu de Gusmão e terminava ao retornar da rotatória do Hospital Samur.

A festa cresceu, o Brasil voltou os olhos para Conquista, e a mídia televisiva deu visibilidade ao evento a partir do momento que incluímos a Pracinha do Gil no circuito, que veio a ser quilométrico e mais bonito.

A pipoca mais festiva que já vimos, alegre e pacífica, sem nenhum exagero, era marcada pela cordialidade: quando alguém pisava no pé do folião ao lado, logo dizia: “por favor, desculpe”!

Prefeita Sheila, a sua gestão, que concluiu a Avenida Olívia Flores, está por concluir a Avenida Brumado, revitalizou a Lagoa das Bateias e entregou o Orquidário e a Catedral das Flores, tudo isso enaltecendo o verde, cuide da nossa “pracinha”. Use da sua sensibilidade e dê uma nova vida a esse espaço que nos traz tantas memórias afetivas.

O calçamento está ruim, feio, a grama escassa, e há pouca iluminação, apesar da preocupação da Secretaria de Serviços Públicos.

Assuma esse compromisso com a população conquistense, prefeita, e revitalize a Pracinha do Gil.