Incertezas
Autor Edvaldo Paulo de Araújo
Qual a certeza maior de nossas vidas? Muitos dirão: – a morte. Não gosto dessa palavra pois não acredito nela, e, sim, uma viagem de volta para nossas casas. Somos daqui? Não.Viemos para um estagio com aprendizado sublime aqui nesse planeta Terra.
A esmagadora maioria na Terra tem essa incerteza; o pior: vive sua vida como se a chamada “morte” sóacontecesse aos outros. Vidas desregradas, num afã do ter, jamais do ser, sem curtir as belezas inimagináveis com que Deus nos presenteou, principalmente as belezas intimas do conhecimento e do exercício dessas belezas.
Está claro, na imensa obra do Criador, que estamos aqui para crescer em conhecimentos, em compaixão, solidariedade e amor. Como crescer e o que nos move nessa busca eterna de conhecimentos? São nossas incertezas? Possivelmente.
O que guia o nosso progresso? O que nos faz caminhar nesse intento? Comenta Allan Kardec, na questão 781 de O livro dos Espíritos: “Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se–lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más”.
O ser humano tem, em si, o gérmen do aprimoramento, lutando constantemente para encontrar-se em um estado melhor do que oimediatamente anterior. A insatisfação é da nossa natureza e representa importante propulsor da evolução.
Temos, em nós (alguns mais que outros), a extrema busca pelo que nos reserva o amanhã, e a latente incerteza é que nos move ao conhecimento e àbusca incessante de maior conforto, seja na esfera material ou espiritual. A escassez de alguns recursos e a existência de algumas necessidades nos colocam numa posição de tentar supri-las até conseguirmos, para, em seguida, identificarmos outra cujo alcance é razão suficiente paraenvidarmos todos os esforços de crescimento. Nesse contexto, a incerteza, que não se deve confundir com a falta de fé, é um fator catalidor e psicológico da marcha humana.
Por sermos pensantes, buscadores, insatisfeitos, se já tivéssemos nossas necessidades plenamente satisfeitas, muito provavelmente nos entregaríamos à inercia e ao comodismo. Nada teríamos a conquistar; não daríamos valor ao que temos, e a vida careceria de propósito.
Muitas vezes, escuto de pessoas, na sua batalha na vida, que, ao se aposentar, não pretendem fazer mais nada. Brinco que será assim por pouco tempo, pois virão intimamente as cobranças a sugerir a saída dessa inércia. Não nascemos para ficarmos estagnados; quem o faz, sofre os efeitos perversos, como, por exemplo, a entrega ao alcoolismo, adroga e a infelicidade. Entendo eu que o crescimento é como uma necessidade fisiológica; tem que acontecer, faz parte do nosso DNA.
Dr.Viktor E.Frankl, M.D.Ph D.( 26/03/1905- 02/09/1997), foi Professor de Neurologia e Psiquiatria da Universidade Internacional da Califórnia, fundador da Logoterapia, muitas vezes chamada de “terceira escola vienense de psicoterapia” ( as duas primeiras são a da Psicanalise de Freud e a da Psicologia Individual de Adler), lecionou ainda nas universidades de Harvard, Stanford, Dalas e Pitsburgh. No seu livro “Em busca de sentido” (Publicado pela Editora Vozes, 43 edição) – Um psicólogo no campo de concentraçãome mostrou a maneira crua, horripilante, perversa, desumana de um campo de concentração nazista.Nunca imaginei, apesar de minhas leituras nesse tema, algo tão inimaginável. A sua narrativa de uma convivência em Auschwitz, apesar de não contemplar os horrores tão divulgados, mas horrores os mais diversos diários, nos mostra que,durante os 3 (três)anos de sua permanência lá, diariamente tinha que buscar intimamente um sentido para viver. A opção pelo suicídio, eradiariamente a opção dos detentos, que ao não se levantar mais, significaria a morte por espancamentos e a ir para a câmara de gás, que configuraria a total perda do sentido da vida.
Todos dias, ao acordarmos, temos a extrema necessidade de um sentido para a vida, um sentido para viver. O conhecimento da vida, mesmo que recheado de incertezas, nos move para uma existência plena em busca desse conhecimento e o entendimento da obra do Criador. Isso nos dá força para não desistirmos jamais. O entendimento,mesmo que mínimo da obra de Deus, na busca de saneamento das incertezas, nos ilumina e torna nossas vidas cheias de luz e de bênçãos.
O professor, mestre e Doutor, meu amigo Luiz Carlos Souza, diz que somos, no caso eu e ele, naquele momento da conversa, um em dez milhões que temos esse entendimento sobre a vida, sobre o lugar em que estamos como seres humanos inseridos aqui nesse planeta. Meditei e acho que meu amigo tem razão.
A incerteza previne o Espirito do ócio e da inércia, significando a insatisfação pelo já conseguido, incentiva-o a perquirir, de maneira equilibrada e corajosa, o desconhecido e ensina-o a não se inquietar pelo que está fora de seu comando.
Ela é, portanto, um treino para a nossa maturidade espiritual. Diz o escritor espírita, o senhor Sandro D.Brandão, que, “sob o prisma da fé divina, o incerto é um teste para o Espírito. Nas aflições, não sabendo o que esperar, vê-se compelido a transmutar o discurso para a ação, sob o olhar atento de Deus. Verdadeiro duelo entre valores e imperfeições é deflagrado em razão da situação concreta que se apresenta”.
Quando era adolescente, por não ter acesso a livros, que para mim custavam caro, quantas vezes ia àbiblioteca, no jardim das borboletas em Vitória da Conquista Bahia, saciar a minha sede por conhecimento nos livros de lá. As minhas incertezas e a busca por conhecimento fizeram de mim o que sou e as incertezas continuam maiores, mas tenho uma base pronta, para, com calma e paciência, ir em busca desse esclarecimento durante a vida terrena.
A compreensão pela vida do Mestre Jesus me dá essa força e coragem na busca para dirimir minhas incertezas, que, a cada dia, viram uma motivação para viver e buscar a Luz. Entendo que não temos o direito de estagnarmos, pararmos, vegetarmos ou focar em coisas vãs, dentre elas apenas a luta pelo ter. Temos que exercer essa busca, mas com uma finalidade definida de potencial para ajudar nossos irmãos, que não têm as mesmas possibilidades por questões que, por causa da minha pequenez e das minhas incertezas, não posso julgar.
Precisamos ir em busca da vida que é símbolo de ação, viver e não apenas existir, como diz tão bem Oscar Wilde. Que a fé em Deus seja nossa grande propulsora para VIVERMOS COM SABEDORIA.
Ter sabedoria pra viver em armonia o mundo precisa do amor de Deus no coração de todos e aí sim apartir do momento que ser humano deixar o amor de Jesus chegar no seu coração todos os problemas estarão resolvidos e unico caminho para nós humanos poder viver bem
E como nos ensina o Francês e pensador espírita Léon Denis: “Estamos em evolução, na ascensão gradual pela cadeia das existências, em direção à Unidade Divina:
Parabéns Edvaldo pelas suas reflexões!
Sempre atual as reflexões de Edvaldo na visão espírita do ser