:: 5/mar/2024 . 10:57
Quando estou com você
Subi as escadas do Amparo, vi seu rosto e uma expressão que não reconheci.
E eu vi uma moça bonita e uma senhora com altivo semblante.
Dei um meio sorriso a você, não sei se notou.
Enquanto eu amarrava os cadarços, você olhou.
Gosto quando olham e leem o que veem.
São pedaços de realidade.
A moça? Minha irmã.
A senhora? Minha mãe.
E eu percebendo seus sorrisos e olhares de maneira natural, espontânea, retribuindo.
Senti-me visto por dentro, desarmado, despido. E gostei.
Moro num lugar onde há muito de mim, onde há calmaria, horizonte em todas as direções, revoadas de periquitos, beija-flor na janela, brisa sempre fresca e verão permanente.
Sempre há música ou comidas, ou os dois.
E do que mais você gosta?
De todo dia ser diferente.
Penso que amo, às vezes penso que não.
Entretanto, hoje amo no exato instante do pensamento.
Você aprendeu a amar?
Já mudei de cidade, de casa, de amigos, por vezes por obrigação, outras por vontade.
Sempre tive que aprender a amar.
Qual a sentença que carrega consigo?
Uma camiseta de domingo, trechos de livros, capas de revistas, coisas que vou absorvendo devagar.
Minha citação é que, neste momento, vou me levar a passear, almoçar meu prato de comida chinesa preferido, comprar um vinho, um disco, um filme de amor.
Quer ir comigo?
Tenho tido tempo pra pensar.
Tempo no transporte, a caminho dos destinos, tempo pra ler o mundo, tempo pra meditar.
Qual o seu próprio tempo?
O de alguma canção com viola.
O de dançar de cueca sobre a cama.
O tempo dos livros de cabeceira.
Você gosta de sorrir?
Sim. De chorar também.
Sorrio pelo motivo mais banal e pelo mais profundo.
Gente me faz sorrir, piadas nem tanto.
Boas histórias, cenas inesquecíveis, cheiro de tempero, rostos bonitos (sorri muitas vezes olhando o seu).
E choro com cenas de novelas e filmes antigos.
Você se acha bonito?
Por dentro, sim. Por fora, nada de extraordinário.
Cortei o cabelo rente ao queixo, divido ao meio ou de lado, como no curso da vida.
E você? Quais seus grandes prazeres de viver?
Comer, dormir, rezar, sorrir, amar, ler, escrever, sonhar e silenciar, entre outros inconfessáveis.
Você toca instrumentos?
Os mais encantadores.
Toco piano e violão e me divirto com acordeon, pandeiro, triângulo, castanholas, flautas e percussão.
Por que não casou?
Porque não tenho um canteiro de rosas pra firmar minhas raízes.
Então…você é um feiticeiro?
Feiticeiros vivem em linha tênue, eternos aprendizes.
Sempre pasmos com o mundo.
Boquiabertos com as coisas que passam à frente.
Quase perdidos.
No centro, Jerônimo, e ladeando o governador, Lúcia e Waldenor: estrada Pradoso x Bate Pé vai sair
O governador Jerônimo Rodrigues fez questão de levar uma grande comitiva de Vitória da Conquista para assistir ele autorizar a licitação e pavimentação asfáltica da BA 262, estrada que liga Pradoso a Bate Pé.
Uma longa espera que, finalmente, ontem, 04, chegou ao fim, quando o governador fez questão de convidar os vereadores que fazem parte da sua base de apoio na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, composta de Alexandre Xandó, Andresson Ribeiro, Viviane Sampaio, Waldemir Dias, Fernando Jacaré, Ricardo Babão e Luciano Gomes. Portanto, cada um terá o direito de chegar aos moradores e dizer: “aqui tem um pouco da nossa luta, demorou um pouco, eu sei, mas vai sair”.
Prazo de conclusão da obra? Não sei, mas já é um alento, afinal, era muita expectativa por parte da população que sempre sonhou em ver as máquinas trabalhando naquela localidade. :: LEIA MAIS »
A solidão da dor!
Por Edvaldo Paulo de Araújo
Durante a minha vida, passei por muitas e muitas dores alucinantes. Quantas vezes, pelas ruas de minha cidade, noites de neblinas, a chuva no meu rosto fundiu com minhas lágrimas? . Sentia-me absolutamente sozinho, sem amparo, sem palavras de consolo e lutava com o remédio da oração, para acalmar meu coração. Tantas vezes….
Casei, fiz uma família e esses estados minoraram, as dores foram mais aliviadas pelo aconchego dos meus, mas sempre a mesma constatação: a solidão da sua dor.
Ano passado, num pedal fatídico, estava com o meu melhor amigo, Onildo Oliveira Filho, que, no retorno, depois de 17km pedalando, veio a sentir-se mal. Mesmo com os meus cuidados, veio a falecer nos meus braços. Estabeleceu -se, por algum tempo, a esperança de que ele se restabelecesse, mas aconteceu e tinha acontecido no fatídico momento a sua morte. Foi uma dor dilacerante.
É uma grande dor. Durante um bom tempo, o sofrimento da sua perda, a lembrança do momento, a insistência dele naquele dia para pedalar, ficaram impregnados em mim, num sofrimento sem fim.
Refugiei-me em orações, buscando ajuda dos espíritos de luz, guiados pelo amor de Jesus, mas me veio aconstatação de como a dor é solitária, como ela está tão dentro de nós, de como ela fica impregnada no nosso ser, numa solidão sem fim. Por mais que tenhamos amparo, mas há os momentos sozinhos e aí ela aflora e vem a mais ampla e torturante solidão dessa dor.
O que fazer? Diz André Luiz: “Não permita que a dificuldade lhe abra a porta ao desânimo, porque a dificuldade é o meio de que a vida se vale para melhorar-nos em habilidade e resistência”. Não há como fugir, se acalmar, orar e ter a certeza ligada totalmente, a esperança de que vai passar, de que faz parte do viver nesse planeta, que essas alternativas são para aprimorar nossa resistência como diz nosso amado André Luiz.
A fé é o remédio seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente. Não nos pergunteis, portanto, qual o remédio para curar tal úlcera ou tal chaga ou a solidão da sua dor. Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pelo remédio da fé. Não sufoque a sua dor, compartilhe, busque ajuda, mas saiba ela é sua e só você vai sair dela.
Pierre Teilhard de Chardin, Jesuíta, paleontólogo, antropólogo francês, que viveu entre 1881 e 1955, autor do conhecimento do livro O FENÔMENO HUMANO, dividiu os homens em três categorias: :: LEIA MAIS »
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