O professor Matheus Silveira é um renomado cientista político, sempre que convidado esteve presente ao nosso programa Agito Geral falando de forma didática, explicativa, sobre o universo da política no nosso município, no estado e no país, e sempre o fez de forma isenta, levando a informação verdadeira para os ouvintes do nosso programa.

Hoje eu trago o ilustre professor e amigo para falar aos leitores do nosso blog sobre como ele avalia o cenário político local, se em nossa cidade também ocorrerá uma disputa polarizada, se prevalecerá a mesma situação que está em exercício no país, um embate entre lulistas e bolsonaristas, ou se Conquista terá vida própria, se terá um embate diferente, quem sabe apresentando um outro caminho.

Professor, a palavra é vossa:

“As campanhas eleitorais no âmbito municipal ligadas a Bolsonaro e ao PT, respectivamente da atual prefeita Sheila Lemos e de Waldenor Pereira, já apresentaram uma leitura do cenário político desse ano trazendo a análise que sim, haverá polarização entre eles, que não há espaço para um terceiro competidor. Mais que uma análise, tal questão tem uma aparência de desejo secreto, de cenário ideal sobre o qual cada um dos competidores consegue enxergar um pouco adiante, se posicionar, se organizar e ir à luta por votos, colhendo os frutos ao ser eleito.

O habilidoso jogador Garrincha recebeu as orientações do Técnico Vicente Feola de como deveria jogar contra a Seleção da União Soviética na copa de 1962, de driblar todos pela ponta e cruzar para Pelé marcar os gols, com uma pergunta astuciosa:  se o técnico já havia “combinado com os russos”, que eles ficaram inertes sendo driblados, condição sina qua non para a tática dar certo.

Analogamente, o cenário em que a prefeita e o deputado brilham sozinhos na disputa depende, como no jogo citado, que a Vereadora Lúcia Rocha não seja candidata. É preciso, portanto, combinar com os russos, de que ela não seja candidata, pois se entrar em campo pode sair vitoriosa e quebrar a espinha dorsal da polarização no âmbito municipal e passar a reorganizar no próximo quadriênio todo o campo político da terceira maior cidade da Bahia.

Nesse momento não é possível (e nem recomendável) prever os movimentos da Vereadora Lúcia Rocha, mas acredito que a candidatura dela ganhou tal musculatura que está se tornando difícil recuar, muito especialmente porque ela acumula muitos mandatos na câmara de vereadores, o que lhe sugere que dar esse passo rumo a eleição de prefeita seria um desafio interessantes para sua carreira e, principalmente, se sair vitoriosa terá uma desafio ainda maior, o de administrar a cidade. A vontade dela, imagino, é disputar o cargo de prefeita, a conjuntura já lhe foi mais desfavorável que agora, na medida em que uma candidatura que foi acusada de ser um blefe, ganhou popularidade e intenção de votos. O que se pode depreender nas próximas semanas é a leitura de pesquisas internas e a conclusão se a sua candidatura é realmente competitiva ou chuva passageira.

As campanhas de Sheila Lemos e de Waldenor Pereira aguardam ansiosamente o desenrolar da partida, que sugere que ainda poderá trazer muitas emoções e viradas no placar.”