Foto: Arquivo Pessoal

Dr. Alessandro Tibo, angiologista, está há 12 anos em Vitória da Conquista. O médico é natural de Guanambi, no sudoeste baiano.

BM: Como você encara hoje sua nova cidade evidentemente sem esquecer sua terra mãe?

AT: Estou há praticamente 13 anos em Vitória da Conquista, me sinto um conquistense e estou realizado aqui. Meu plano é permanecer na cidade até o resto dos dias.

BM: Guanambi é uma cidade próspera e já é uma realidade, uma joia fincada no sertão. O que foi que fez com que você viesse para Vitória da Conquista?

AT: Na verdade meu intuito era voltar para minha terra natal, no entanto, quando terminei minha residência médica, Guanambi estava muito precária naquilo do que poderia fazer em termos da medicina. Aqui em Vitória da Conquista tinha uma estrutura melhor e me oferecia as melhores condições de trabalho, optei por vir para cá nesse sentido de poder desempenhar um melhor trabalho naquilo que eu me preparei e idealizei. Era a realização de um sonho conciliando com um trabalho digno.

BM: Você é especialista no tratamento de varizes, gostaria de saber dos novos tratamentos desenvolvidos para este tipo de problema circulatório.

 AT: Com a evolução tecnológica o nosso campo de tratamento ganhou ferramentas preciosas e inovadoras que vieram para somar e ajudar no tratamento das varizes.

BM: Como a tecnologia pode ajudar no diagnóstico das varizes?

AT: O diagnóstico das varizes ele é essencialmente clínico, no entanto, dispomos do doppler que é um ultrassom que mapeia e diagnostica se a veia tem um refluxo (veia incompetente) ou se era uma veia normal. Ele faz um diagnóstico das varizes e nos ajuda no tratamento. Além dessa técnica, temos outra mais recente chamada de fleboscopia, que ajuda a identificar aquelas veias que estão abaixo da pele que não são tão visíveis a olho nu, mas, que também não são profundas. Então, com essa iluminação que faço na pele se projeta nela a imagem da varize. A fleboscopia permite um tratamento mais rápido, pois essa varize já identificada é possível fazer o tratamento com laser ou aplicação.

BM: Dentre essas técnicas você estava falando também do resfriamento da pele. No que consiste?

AT: O método de resfriamento de pele acrescentou muito porque ele nos deu essa possibilidade de tratar as pessoas no consultório. Com o jato de ar frio que resfria a pele, ele cria a sensação de analgesia e conseguimos fazer o tratamento com laser e as aplicações praticamente sem dor alguma.

BM: Outra técnica bastante inovadora é o laser transdérmico. Como funciona esse método?

AT: Ele é o que existe de mais moderno no tratamento das varizes superficiais. Através de uma luz você dispara o vaso e ele acaba sumindo, secando. A cada dia que passa vem se firmando mais esse tipo de tratamento principalmente por ser indolor, sem agulha, feito de forma ambulatorial. Conseguimos atingir tanto aqueles vasinhos que incomodam bastante as mulheres quanto aquelas veias mais grossas que são a raiz, tendo um tratamento mais eficaz.

BM: E a escleroterapia guiada por fleboscopia? 

AT: A fleboscopia nos deu esse grande avanço permitindo fazer esses tipos de aplicações em veias mais profundas que antes não conseguíamos visualizá-las. Um grande avanço e muitos pacientes que necessitavam de fazer cirurgias acabam sendo tratados no ambulatório.

BM: Tem também o endolaser. No que ele ajuda nesse tratamento as varizes?  

AT: O endolaser é uma técnica muito inovadora trata principalmente a safena que antigamente era retirada através de cirurgia. Esse método permitiu que com um furo na pele seja inserido um cateter e ele vai com um laser cauterizando essa veia que continua no local, no entanto, fica esclerosada.  Um tratamento moderno que diminui o tempo de repouso e o paciente sai praticamente caminhando.

BM: Já a radiofrequência, qual o intuito?

AT: A radiofrequência é baseada no endolaser, no entanto, a fibra que se usa ao invés de emanar o laser vai transmitir a frequência e com isso acontece a esclerose também da veia.

BM: E o tratamento com espuma?

AT: É uma técnica muito moderna e que ajudou principalmente aquelas pessoas que tinham trauma de tratamentos cirúrgicos e os idosos, além daqueles pacientes que já tem um quadro avanço de doenças venosas, com úlceras ou feridas na perna. Essas classes eram abandonadas das cirurgias e não tinham como operar, ou se tinha medo, ou era idoso e não era permitido, ou se tinha essas complicações das varizes que não permitiam a cirurgia. A técnica veio ajudar principalmente essas três classes e elas conseguem fazer o tratamento a nível ambulatorial e saem caminhando normalmente sem precisar de repouso. Os casos de úlcera mesmo conseguimos tratar e fechar o ferimento em tempo recorde de uma varize desse tipo.

BM: As varizes aparecem a partir de que idade nas mulheres?

AT: As varizes estão relacionadas principalmente a genética e aos hormônios femininos, então quem tem a predisposição genética associada ao hormônio feminino é quem terá mais chances de desenvolver as varizes. Normalmente começa na menarca (primeira menstruação), principalmente dos 13 aos 15, nessa faixa etária que começam as varizes.

BM: Mesmo tão jovens elas já podem fazer esse tratamento ou prevenção das varizes?

AT: Podem sim, sendo diagnosticada como varize são veias doentes e que prejudicam nossa circulação, elas devem ser tratadas.

BM: Você acredita que tem muitas mulheres que não recorrem aos tratamentos por ignorar ou ainda por medo?

AT: Principalmente por medo, o temor antes da cirurgia, pois, todo mundo tinha pavor nas aplicações, tinham medo das agulhas, então são duas situações que andam ao lado. Usamos essas técnicas hoje para facilitar o acesso dessas pessoas. Historicamente tiveram muitos traumas ligados a cirurgia em geral, mas, com avanço das técnicas todos esses métodos são seguros e as pessoas podem tratar com segurança e assim ter uma qualidade de vida melhor. Ao passo que algumas pessoas acabam por não fazer os tratamentos por não conhecerem esses novos métodos e por fobia. Então é importante se procurar essas novas técnicas e proceder o tratamento.

BM: Qual a reação ao encontrar algum paciente que demonstre ter ficado satisfeito com o tratamento e resolvido um problema que muitas vezes o (a) incomodava (o)? 

AT: É muito emocionante porque exercemos a medicina como profissão, porém, ao mesmo tempo ela nos dá essa gratificação de poder ajudar as pessoas. Eu conheci um senhor que me foi encaminhado através de um pedido de um farmacêutico. Vendo a situação daquele idoso, ele ficou chocado e recorreu a mim para que ajudasse o paciente. Perguntei qual o problema e ele me contou que o idoso já tinha uma ferida com mais de 27 anos e sem vida social. O examinei e vi que ele tinha uma úlcera decorrente de uma varize interna, fizemos esse tratamento da espuma e em três meses ele estava com a ferida cicatrizada. Quando encontrei ele após os três meses, ele me abraçou e chorou falando da emoção e do presente que eu tinha dado a ele, realmente não tem coração que não “amoleça” nessa hora.

BM: Os homens também estão suscetíveis e tem predisposição as varizes, não é doutor?

AT: A relação hoje quanto as varizes é de 5 para 1 (cinco mulheres para cada um homem) sofrem com varizes. O homem só não está inserido na questão da gestação que é um dos motivos de desencadeamento de varizes e o hormônio feminino. Os outros fatores ele se enquadra que é a genética, posições prolongadas, estar acima do peso, trabalhar muito tempo sentado ou em pé e o próprio avançar da idade esses fatores acabam contribuindo para essas varizes.

BM: Quanto a questão genética é um indício de que ele ou ela poderão ter varizes ou se for feito a prevenção pode se evitar esse problema?

AT: A prevenção é para amenizar esse impacto e não nos deixa imune com relação ao surgimento dessas varizes. Vai nos ajudar e intensificar nossas defesas contra aquele mal que a genética determina do enfraquecimento da parede dessas veias. A genética age na parede das veias tornando elas frágeis e com isso elas dilatam e se transformam em varizes. A varize nada mais é que uma veia que dilatou e ficou doente.

BM: A varize deve ser tratada não só do ponto de vista estético, não é verdade?

AT: Com certeza. Tem mulheres que vêm fazer o tratamento por terem aqueles vasos que incomodam do ponto de vista estético e quando se chega ao consultório e é feita uma avaliação profunda realmente se identifica uma microvarize que têm diâmetro de um 1 a 3 milímetros, às vezes varizes que são veias maiores de 3 milímetros. Todas requerem um tratamento com um maior cuidado e não apenas aqueles vasinhos. Para tratar aquele pequeno vasinho tenho que erradicar o que alimenta ele, o que irriga esses pequenos vasos. O ideal é que se trate para uma melhor qualidade e saúde, e a partir daí estarei cuidado também da minha estética.

BM: As varizes se tratando especificamente no caso de algumas mulheres têm uma certa resistência por parte delas que se assemelha muito ao caso dos homens, quando resistem ao não procurar o urologista para o exame de próstata?

AT: Mais ou menos parecido. Mas, até mesmo como tem ocorrido de os homens procurarem o médico e procederem o exame da próstata, isso tem acontecido também no angiologista. Muitos homens procuram o consultório para tratar da saúde e também da estética. Realmente tem tido uma mudança de mentalidade pela população.

BM: Como tem acontecido ultimamente, com muitos homens assumindo papéis muitas vezes exercidos pelas mulheres, o machismo, o preconceito vem ficado de lado e tem se procurado um maior cuidado com a saúde?

AT: É uma nova tendência dos homens em se cuidar, observamos que tem aumentado muito a frequência deles procurando tratamento e melhora. Não só com as varizes e doenças, eles vêm porque querem melhorar, se sentirem melhores e tratarem algo que está incomodando. Principalmente do tratamento de vasos que aparecem no nariz, aqueles vasinhos que ficam vermelhos no nariz e aquelas veias mais verdes abaixo do olho. Então a gente tem conseguido tratar todos esses probleminhas com o laser e fica ótimo.

BM: Que recomendação você faz as mulheres? Até porque vem aí o verão, época de colocar um biquíni, maiô, um short ou uma bermuda.

AT: Sempre cuidados em termos preventivos. Se aquela pessoa tem uma tendência na família e tem pessoas que têm doenças ligadas a parte circulatória, varizes, vasos, então essa pessoa tem que se cuidar. Fazendo uma alimentação adequada e rica em fibras, muito liquido, atividade física principalmente aeróbicas, evitar excesso de peso e se puder, evitar ingerir hormônios. Isso ela vai ter um ganho grande em termos circulatórios. Com relação as pessoas que querem tratar esses vasinhos, o ideal é que se faça isso antes do verão, porque o sol incomoda um pouquinho na época do tratamento principalmente com risco de ter alguma lesão ou mancha na pele.