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A notícia soou como bomba no jornal da noite na TV Sudoeste. A apresentadora falou mais ou menos com essas palavras: “em Vitória da Conquista, quase 100 mil pessoas vivem na zona de pobreza”.

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Foi o bastante para os conquistenses reagirem com surpresa e ares de revolta. Enquanto eu apresentava o Agito Geral, o meu celular era recheado de mensagens.

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O advogado Leo Mascarenhas escreveu indignado: “A prefeita precisa cobrar a veracidade dessa notícia e a população precisa se indignar”, e em seguida enviou outras manifestações de amigos:

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“Se a população de CONQUISTA era de 341.128 em (2020) então quase 1/3 da população de nossa cidade passa fome!?

😞😞😞😞😞😞😞😞

MENTE QUE TE QUERO BEM!”

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“Chega a ser uma ofensa a comunidade conquistense.”

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“Impossível ter 100 mil na extrema pobreza, porque se não estaríamos com o município a beira da falência, lotados de pedintes nas ruas. A canhota superou no exagero.”

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“Sim. A população deveria se indignar!!! Isso afasta investimentos.”

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“É chamar o povo conquistense de idiotas.”

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Assim que assisti o vídeo, enviei mensagem para a prefeita Sheila Lemos: “Prefeita, boa noite! Eu não sei se você viu essa matéria, apenas para alertar. Eu tenho certeza, inclusive, que a apresentadora fez a leitura errada, isso não tem cabimento. 100 mil pessoas em situação de pobreza em Conquista já era motivo para uma convulsão social, então a TV precisa fazer uma correção. Veja isso com carinho, com cuidado, tá errado, porque isso é ruim pra cidade. A prefeita me respondeu:

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“São as pessoas que estão no programa Auxílio Brasil (ex bolsa família). Estou verificando o número de beneficiários e te passo.”

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Também me dirigi ao Diretor Executivo da Tv Sudoeste, Cauto Freitas: “Cauto, irmão, tenho certeza que foi um erro de leitura, senão já estaríamos numa convulsão social.

100 mil pessoas é muita gente!!! Ou então a fonte é mentirosa. Uma coisa é certa: o jornalismo da Tv Sudoeste é sério e de qualidade.”

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Cauto, como sempre, respondeu de imediato: “Muito bem observado!! Obrigado. Vou ver o que houve.”

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Enquanto Cauto buscava as informações internas, a prefeita Sheila Lemos nos enviou as informações definitivas:

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“Os dados conferem. Segue a nota que passamos para a TV:

Nota à TV Sudoeste sobre a situação de insegurança alimentar em Vitória da Conquista

Segundo dados Vigilância Socioassistencial da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), em 2022, o município possui 39.942 famílias em situação de extrema pobreza, o que corresponde a 98.268 pessoas.  Essas famílias, por sua condição socioeconômica, são mais prováveis de estarem vivenciando insegurança alimentar.

As famílias em situação de extrema pobreza são prioritárias para inserção no Programa Auxílio Brasil.  No município 33.446 famílias neste perfil recebem Auxílio Brasil com valor mínimo de R$ 400,00 por mês. De janeiro a junho de 2022, 14.353 novas famílias passaram a receber o benefício.

Os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), por estarem localizados nas áreas de maior vulnerabilidade do município, têm por um de seus públicos prioritários famílias em situação de extrema pobreza e pobreza, sendo, portanto, porta de entrada de diversas situações de vulnerabilidade social e violação de direitos, incluindo-se famílias e indivíduos em situação de insegurança alimentar. Entre janeiro e maio de 2022 foram identificadas 251 famílias nesta situação. Essas famílias são inseridas e encaminhadas para serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais.

Para atendimento a esta demanda, o município busca frequente articulação com os entes federados para captação de recursos e cestas básicas para atendimento à população que vivencia insegurança alimentar. Neste processo, de janeiro a junho de 2022, 3.455 cestas básicas foram entregues a famílias da zona urbana e rural do município provenientes de articulação com o Governo Federal.

No período das fortes chuvas, que intensificou a vivência de pobreza, foram entregues 4.510 cestas básicas, provenientes de doações, a famílias atingidas pelas fortes chuvas e que estavam em situação de insegurança alimentar.

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Fica claro, portanto, que a situação é preocupante. Não apenas a prefeita deve ficar inquieta, a sociedade deve fazê-lo também, não estou falando de ideologias, falo de ações humanitárias, seja qual for o governo que se instalar no Brasil, ele terá que ser humano, sensível.

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Nesse ínterim, Cauto Freitas, também alarmado com a notícia do BA TV, consultou o jornalismo dirigido pelo competente Eduardo Lins, e veio a resposta:

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“Oi, Cauto. Foram dados da prefeitura mesmo. Questionamos porque achamos muito, mas os números são esses mesmo, semelhante aos números nacionais. Nos assustamos e só demos depois da confirmação.”